Olá, galera! Tudo bem? Aqui é a Amanda Furniel e hoje eu vim falar sobre a falta de representatividade plus size e como isso afetou o desenvolvimento da minha autoestima. Sempre fui gordinha, cresci ouvindo comentários e piadinhas sem graça sobre meu peso e meu corpo, e sem conseguir achar muitas pessoas com a aparência parecida com a minha na mídia, isso acabou criando em mim diversos pensamentos e crenças erronias sobre o fato de eu ser gorda.
Acho que devemos começar com o impacto da palavra “gorda”, que é usada muitas vezes de forma pejorativa e que foi usada inúmeras vezes para me humilhar. Essa palavra carrega uma problemática gigantesca! Passei grande parte da minha vida ouvindo ela ser associada a algo repugnante: “Nossa, como você está gorda!” ou “Não tem vergonha de ser tão gorda assim?” ou ainda “Você está engordando muito, precisa emagrecer logo”; sem contar que, na grande maioria de filmes/novela/série/livros, o “gorda” era (e ainda é) empregado em discussões para diminuir alguém. Todos esses comentários levaram a minha mente a criar um medo dessa palavra, eu evitava usá-la no meu dia e dia e sempre que eu a escutava, achava que estavam fazendo algum comentário sobre mim. Está me custando muito me desfazer do trauma que criei…
Citando mais uma vez o mundo cinematográfico, onde estão as protagonistas plus size? Eu sempre amei os filmes da Disney, os musicais principalmente, e foi em um deles que eu conheci uma das minhas maiores ídolas, a Demi Lovato, que desenvolveu diversos distúrbios alimentares por conta do controle de peso da indústria. Sempre quando eu olhava para a tela da televisão e via todas aquelas meninas incrivelmente magras realizando todos os sonhos que eu sonhava realizar, eu jurava que era isso que me faltava para atingir esses objetivos: ser magra. A minha cabecinha de criança achava que, assim que eu emagrecesse, tudo iria magicamente se resolver na minha vida. Ah, a inocência de uma criança!
Mas enquanto eu era nova, eu vivia na ingenuidade de que, quando eu crescesse, iria ser magra como todas as outras meninas. Aí eu cresci, e não emagreci. Pelo contrário! Acabei ganhando mais peso (e tudo bem, viu, meninas?). Junto com isso, vieram as redes sociais. O meu peso foi realmente começar a me incomodar quando os coleguinhas de classe começaram a fazer piadinhas sobre ele e quando as pessoas me transformaram no meu peso e nada mais. Quanto mais velha eu fui ficando, mais maldosos eram os comentários e, quando eu abria o Instagram, todos esses comentários faziam sentido, já que ninguém ali se parecia comigo. Eu desenvolvi diversas inseguranças: odiava usar regata em público por causa do meu braço, passei a usar casaco amarrado na cintura para disfarçar a barriga, se eu colocava uma roupa mais apertadinha, sempre me cobria com um casaco, e eu quase nunca postava fotos por não gostar do que eu estava vendo e por não me parecer com as pessoas que eu seguia. Eu passei a ter muita vergonha do meu corpo, já cheguei a não me reconhecer no espelho.
A falta de representatividade, a falta de uma pessoa gorda que passasse essa mensagem de que está tudo bem ser diferente, está tudo bem ser gorda, moldou muito a minha autoestima. Eu fico muito feliz de ver que agora tem muito mais gente por aí inspirando diversas meninas a terem orgulho de seus corpos e isso é lindo demais! É graças a essas pessoas que hoje eu estou aqui, falando abertamente sobre um assunto que sempre foi muito doloroso para mim. Graças a elas, enfim estou me identificando com o MEU corpo, MINHA beleza. A autoaceitação é um processo lento, muitas vezes doloroso, e eu ainda tenho um caminho muito longo para percorrer… Mas deixa eu te contar um segredo? A caminhada é linda e a liberdade é maravilhosa!