Explicamos a verdadeira história da criação do Dia Internacional da Mulher
Conheça a origem dessa data de luta, que é lembrada em todo o mundo no dia 8 de março.
o Dia 8 de março, algumas mulheres recebem flores, outras chocolate, outras textões nas redes sociais. Poucas passam ilesas às homenagens do Dia Internacional da Mulher.
Mas sabia que até esses gestos simbólicos têm um significado? Ou que nem sempre a data foi comemorada nesse dia específico? Muitas coisas mudaram ao longo dos anos, mas uma permanece igual desde que um projeto de Dia da Mulher surgiu, lá em 1909: a luta feminina por direitos e oportunidades iguais.
Podemos dizer que tudo começou no dia 28 de fevereiro de 1909, nos Estados Unidos, quando mulheres saíram às ruas para marchar por seus direitos. Na época, havia muitas denúncias de más condições de trabalho em fábricas formadas essencialmente por mulheres.
Os únicos que tinham melhores condições, aparentemente, eram os homens, que estavam sempre na chefia. A notícia de uma grande manifestação chegou aos ouvidos de mulheres de outros países. No mês seguinte, as francesas também organizaram uma passeata em Paris e uniam o movimento socialista, que buscava direitos igualitários na economia, ao sufragista, que reivindicava o direito ao voto.
Em 1911, algumas mulheres que faziam parte do movimento feminista americano decidiram que, naquele ano, as manifestações relembrariam um fato ocorrido no dia 25 de março do mesmo ano, quando um incêndio na fábrica têxtil Triangle Shirtwaist matou 123 trabalhadoras que vivam em condições precárias.
A empresa ocupava os três últimos andares do prédio Asch, em Nova York. O edifício tinha dez andares no total e a maioria das tecelãs, que operavam máquinas de costuras, ficava no 9º andar. Os equipamentos não tinham o mínimo de segurança, assim como o prédio, e as mulheres, imigrantes em sua maioria, trabalhavam 14h por dia e não tinham direito à licença-maternidade, por exemplo. A tragédia serviu como um terrível alerta para que outras trabalhadoras abrissem os olhos e não fossem mais submissas.
Muita gente defende que essa homenagem que aconteceu às vítimas do incêndio tenha sido a primeira homenagem oficial do Dia da Mulher. Outras pessoas consideram que a passeata que aconteceu dois anos antes, como citado acima no texto, tenha sido o estopim da tradição.
Fato é que esses dois eventos próximos inspiraram outras reivindicações femininas ao redor do mundo. Nem sempre o motivo das reuniões em massa era bom (na maioria das vezes, era ruim), mas a união das mulheres foi se tornando cada vez mais importante e significativa.
Ok, mas então, qual é a versão mais próxima da realidade?
A verdade, mesmo, é que o Dia Internacional da Mulher celebrado em 8 de março, como conhecemos hoje, começou na Rússia, em 1917, com uma greve de operárias têxteis de São Petersburgo. O evento foi o estopim para a Revolução Russa que ocorreu na sequência. Não só melhores condições de trabalho estavam em jogo.
Na época, o país sofria com a Primeira Guerra Mundial. Nas ruas, mulheres gritavam “pão para os nossos filhos!” e “o retorno de nossos maridos das trincheiras!”. Estima-se que, entre homens e mulheres, mais de 90 mil pessoas tenham ido às ruas. Inclusive, muitos soldados do czarismo se uniram à marcha, indo contra o próprio Governo.
O costume de dar flores surgiu na Tchecoslováquia, também por volta de 1920. Inicialmente, a data era bastante comercial e servia para o governo comunista convencer as mulheres de que elas eram lembradas e que os homens no poder levariam em conta suas lutas. Em homenagem, as mulheres recebiam, todo dia 8 de março, uma flor de seus chefes e maridos.
É por isso que tantas mulheres não gostam de receber flores nesse dia. Afinal, esse gesto era apenas uma artimanha do patriarcado para continuar no poder e ludibriar as mulheres.
Não pense que as manifestações femininas tiveram início apenas após 1900. Desde os primórdios, algumas mulheres já enfrentavam o patriarcado e batalhavam por seus direitos não só como mulher, mas como ser humano. Já houve uma época em que mulheres eram tratadas como mercadoria, moeda de troca, animal reprodutor.
Em muitos lugares, atualmente, essa ainda é a realidade de meninas que, muitas vezes, encontram no movimento feminista um respiro para irem além, lutarem contra a cultura machista estagnada por anos e anos, e se tornarem “a neta das bruxas que vocês não conseguiram queimar”.