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Por que muitos jovens querem voltar para a escola, mas não conseguem?

Pesquisa mostra que 73% da galera que está fora da escola têm a intenção de concluir a educação básica – só que encaram muitos desafios para isso

Por Juliana Morales Atualizado em 13 mar 2024, 14h00 - Publicado em 13 mar 2024, 13h58
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uitos dos jovens que abandonaram a escola desejam, sim, retomar os estudos, como mostra a pesquisa inédita “Juventudes fora da escola”, lançada pela Fundação Roberto Marinho e o Itaú Educação e Trabalho nesta terça-feira (12). Segundo o estudo, três em cada quatro jovens fora da escola, ou seja 73% deles, têm a intenção de concluir a educação básica.

Para a maioria deles, terminar o ensino médio é a chance de melhorar a condição profissional e conseguir um emprego melhor. 28% dos entrevistados querem concluir os estudos para dar o próximo passo: a faculdade. “Eles associam a conclusão da educação básica a ser alguém na vida, ter dignidade e não sofrer discriminação ao buscar emprego”, aponta a pesquisa.

O que leva os jovens a abandonarem a escola?

Educação é um direito de todos. Mas, infelizmente, para muitos jovens concluir o Ensino Médio é um privilégio do qual eles não possuem. Mais de 9 milhões de jovens não concluíram a educação básica e não frequentam escolas, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2022, do IBGE. 

Quando falamos sobre evasão escolar, muitas vezes, aparece a falsa ideia de que é pura falta de interesse de quem abandona a escola. É verdade que o Ensino Médio, em especial, precisa de mudanças para atrair o jovens – fato que foi e ainda é tão presente na discussão sobre o Novo Ensino Médio.

O problema da evasão, no entanto, é formado por uma série de fatores, que precisam ser estudados e trabalhados com diferentes políticas de combate. O principal obstáculo que afasta essa galera da escola, segundo pesquisas, é a necessidade de trabalhar e cuidar da família, por exemplo.

Para aqueles que querem voltar à escola isso também é um peso. Dos 27% do entrevistados da pesquisa “Juventudes fora da escola” que responderam que não pretendem concluir a educação básica, os principais motivos mencionados são: precisam trabalhar (32%); precisam cuidar da família (17% – sendo 34% entre as mulheres vs. 8% entre os homens); não veem necessidade no momento, não têm vontade (16%) e  não têm paciência para estudar (16%).

Além disso, 68% dos entrevistados já foram reprovados – dado que evidencia mais dois fatores: a dificuldade de aprendizagem e repetências. Outra prova disso é que mais da metade (51%) dos jovens que não pretendem terminar a educação básica teria medo de voltar a estudar e não conseguir acompanhar as aulas.

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Como reverter esse cenário?

A pesquisa alerta que as ações para resgatar esses jovens fora da escola precisam ser ágeis, uma vez que quanto mais tempo eles passam longe dos estudos, mais desafiador se torna o processo de retomada e conclusão da educação básica.

E, quanto menor a faixa etária, maior é o interesse: 79% dos jovens de 15 a 19 anos manifestaram intenção de completar a educação básica. Dos entrevistados entre 20 e 24 anos essa porcentagem é de 75%, e dos 25 a 29 anos é de 68%.

A pesquisa mostrou que “à medida que os jovens estão mais distantes do término do ciclo básico, o interesse em terminar os estudos é menor”. 36% dos que não completaram o ensino fundamental afirmam não ter a intenção de completar o ensino médio, versus 27% daqueles com fundamental completo e 17% do grupo com ensino médio incompleto.  

Mas e se eles tivessem a chance de repensar o abandono escolar? Os entrevistados disseram que não teriam saída da escola se “soubessem que as oportunidades de trabalho para quem não concluiu o ensino médio são limitadas e precárias” e se “tivessem ajuda para conciliar trabalho e estudo”. Se “o ensino médio preparasse para o ensino superior e para o mercado de trabalho”. A decisão seria outra também se recebessem “apoio psicológico” e “apoio pedagógico para dificuldade de aprendizagem”.

Se houver mais políticas nesse sentido, para apoiar a retomada dos estudos, a pesquisa aponta que cerca de 7 milhões de jovens podem ser beneficiados – devolvendo a eles mais chances de sonhar com um futuro melhor.

 

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