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Objetificação feminina: a maior vilã de todas as edições do BBB

Não é a primeira vez que vemos cenas como a de Cezar, Cristian e Gustavo, que são reforçadas por falas como a de Key Alves sobre Larissa

Por Isabella Otto Atualizado em 8 ago 2024, 12h21 - Publicado em 8 fev 2023, 11h11

Desde 2002, acompanhamos a vida alheia no Big Brother Brasil. Neste meio tempo, já tivemos três apresentadores comandando o programa, dinâmicas de grupo diferentes, participantes diversos (e outros nem tanto), provas, plantas e uma chuva de homens provenientes do Arcrebiverso. Mas a maior vilão do BBB está longe de ser a Tina ou a Karol Conká. A maior vilão da história do reality é mesmo a objetificação feminina.

Presente em todas as edições, ela escancara o comportamento de toda uma sociedade que ainda hoje é pautada pelo machismo – por mais que já tenhamos evoluído em muitas questões. O BBB é uma espécie de Jogo da Vida e o que acontece dentro da ~casa mais vigiada do Brasil~ é um reflexo do que ocorre aqui fora, na vida real, nas festas, na rua, no ponto de ônibus, na escola e na faculdade.

 

Na última segunda-feira (06), viralizou nas redes sociais a cena em que Cezar, Cristian e Gustavo estão reunidos no Quarto do Líder, analisando as mulheres da casa pela câmera. Só faltou eles darem notinha e fazerem um ranking das mais gatas, uma coisa bem 5ª série.

“Eu acho a Bruna mais bonita”, “A Larissa é montadona” e “Tadinha… A Amandinha não dá, né?” foram alguns dos comentários feitos pelo trio. Cezar, mostrando que ainda não superou a falta da lace, julgou o cabelo de Amanda: “Penteado de Yorkshire. Já deu esse cabelo”, disse.

A cena é bastante representativa. Algumas pessoas questionaram o fato de as mulheres fazerem o mesmo, e analisarem e comentarem sobre os homens e seus corpos. Mas, fazendo um recorte social, que é impossível ser deixado de lado, a balança pesa mais para um lado.

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De acordo com um estudo realizado em 2013 por Caroline Heldman, Doutora em Ciências Públicas, 96% das imagens que trazem objetificação sexual nos Estados Unidos são de mulheres, como em comerciais de bebidas alcoólicas e de perfumes. O corpo da mulher torna-se um objeto que impulsiona as vendas.

Para exemplificar, dá só uma olhada nessa campanha publicitária feita em 2007 para divulgar a primeira fragrância para homens da Tom Ford:

A cultura da objetificação feminina é antiga e o corpo da mulher desde os primórdios é visto como objeto de prazer ou de reprodução. Ao objetificar o corpo de uma mulher, nós trazemos à tona todo um passado – em algumas situações, nem tão passado assim – de submissão. Assistir a imagens como essa do Cezar, do Cristian e do Gustavo pode ativar gatilhos inenarráveis: “A exposição a imagens de mulheres sexualmente objetificadas faz com que os telespectadores masculinos sejam mais tolerantes com o assédio sexual e o estupro. Acrescente a isso as incontáveis horas que a maioria das meninas/mulheres gastam se arrumando e competindo umas com as outras para conseguir atenção masculina”, alerta a Dra. Heldman.

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A objetificação também compactua com a comparação feminina, que estimula que comportamentos e falas machistas sejam reproduzidas pelas próprias mulheres. O que, por sua vez, acaba validando falas e atitudes misóginas vindas de homens. Nesta semana, por exemplo, Key Alves usou adjetivos como “cachorra” e “piranha” para classificar Larissa.

No quarto, chegaram à conclusão que a participante só está se relacionando com o Fred Desimpedidos por interesse – outra maneira de objetificar uma mulher.

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Se a mulher não atende a um padrão de beleza socialmente imposto, ela é “esforçada, tadinha”. Se ela atende a esse padrão, mas passou por intervenções cirúrgicas para alcançá-lo, “ela é toda montada”. A mulher tem que ser “natural”, mas este natural tem que se encaixar dentro de padrões, caso contrário, também não é aceito. É doentio, para não falar outra coisa.

E o perfil dos homens que têm esse tipo de comportamento é semelhante, como mostra essa cena resgatada diretamente do BBB19, da “macholândia” toda reunida:

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Ah, mas o Gustavo não falou nada… Realmente, ele foi o menos problemático de toda a situação e abaixou a cabeça em diversos momentos, mas é aquela coisa, né? “Diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és”.

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