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O seu próximo prefeito tem o dever de tornar a sua cidade mais segura

Mas não da maneira como você imagina.

Por Maki de Mingo, especial para a CAPRICHO 1 set 2024, 06h00
V

ocê está voltando da escola ou da faculdade à noite e, no caminho, se depara com uma rua escura e aparentemente vazia. O que você faz? É bem provável que você mude a rota para não passar por ali sozinho.

O crime e a violência são daqueles assuntos que alugam um triplex permanente na nossa cabeça e mudam dificilmente de endereço. Em época de eleição, então, parece que o assunto toma uma proporção ainda maior, afinal, todo mundo quer no governo políticos que, de fato, vão resolver a questão da criminalidade no país, certo? Mas, vem cá, você sabe como o seu prefeito pode ajudar nessa missão? 

Vamos de dados? Para entender melhor o quanto esse tema é importante, existe um relatório desenvolvido pelo Ipsos – e liberado mensalmente – chamado What Worries The World. Ele mapeia os assuntos que mais preocupam as populações de diferentes países, criando um panorama do que tira o nosso sono. 

Pois bem, o relatório de julho deste ano comprovou o que, talvez, todo mundo já saiba: dentre os temas abordados na pesquisa, o crime e a violência ocupam o primeiro lugar no ranking da preocupação para os brasileiros, com 39% dos votos. 

E não é por menos. O Brasil ainda é considerado um país bastante violento. Apesar da queda de pouco mais de 3% no número de mortes violentas registrados no país em 2023, ainda somamos 46.328 mortes intencionais, em uma relação de 22,8 mortes violentas para cada 100 mil habitantes, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pela Agência Brasil

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Para se ter uma ideia, a Islândia é considerada o país mais seguro do mundo, e a relação de mortes violentas, por lá, é de 1,8 a cada 100 mil habitantes. Que diferença, não?

Quais são as principais causas da violência no Brasil?

É fácil a gente categorizar a violência no nosso país como algo que simplesmente acontece. “Ah, é assim mesmo.” Mas a violência tem um ponto de origem, muito relacionado com a administração do país. 

Algumas das principais causas da criminalidade no Brasil são: 

Ou seja, o crime e a violência são resultados de uma série de questões estruturais e sistêmicas e tem muito mais relação com a administração pública do que com a quantidade de policiais nas ruas. A lista acima tem só algumas razões por trás dessa questão, mas a gente garante que ela é bem mais complexa do que isso. 

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Consequências de criminalidade te afetam, sim

A gente entende que parece bobagem colocar uma pergunta dessas nesse texto, mas antes de falar sobre o papel das eleições municipais no combate à violência, a gente precisa entender o que ela gera para atacar a causa do problema – e não maquiar uma solução temporária. 

A violência é um dos motivadores da ansiedade, por exemplo, e o Brasil é considerado pela Organização Mundial da Saúde como um dos países com a população mais ansiosa do mundo. Já de cara, esse é um baque e tanto na nossa qualidade de vida. 

Em termos práticos, donos de imóveis e comerciantes, principalmente os de rua, podem sofrer muito com a violência indiretamente, já que bairros violentos são desvalorizados perante o mercado e o roubo e furto de mercadorias pode prejudicar os negócios a longo prazo. É um baque e tanto na nossa economia. 

Fora isso, os cofres públicos também sofrem. Afinal, quanto maior o índice de criminalidade e violência, maiores os gastos com segurança (entenda-se com policiais nas ruas, manutenção de presídios, etc.) e com saúde – alguém precisa cuidar das vítimas dessa violência toda, certo? 

Qual o papel do governo municipal?

Agora, a parte que nos cabe. Estamos em ano de eleições municipais e se você quer viver uma cidade mais segura e com maior qualidade de vida, escolher um bom prefeito e bons vereadores é fundamental. 

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Um parêntese. Para essa escolha ser feita conscientemente vale lembrar de dois pontos bem importantes nessa história: 

  1. Ao Governo Federal, cabe a segurança das rodovias e fronteiras. A Polícia Rodoviária e a patrulha das nossas fronteiras são da responsabilidade do Executivo máximo, assim como o combate ao tráfico internacional de drogas. 
  2. Ao Governo Estadual cabe a segurança (você adivinhou!) dos Estados. É o governador do estado que “comanda” as polícias Militar e Civil – ou seja, as forças que geram a nossa percepção de segurança. A maioria das pessoas se sente mais segura ao ver uma rua policiada. 

Fecha parêntese. Isso significa que os prefeitos e vereadores não têm poder sobre as forças policiais, nem podem aumentar ou diminuir o número de viaturas nas ruas. 

Então, qual o papel desses políticos na nossa segurança? Prefeitos e vereadores atuam na prevenção da criminalidade nas cidades. 

O trabalho desses profissionais é muito mais de oferecer qualidade de vida o suficiente para que o crime não seja uma opção. Por exemplo, a prefeitura atua na prevenção da violência oferecendo: 

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A prefeitura também pode montar a chamada Guarda Municipal, uma força de segurança cuja principal função é proteger o patrimônio público da cidade (como monumentos, grandes avenidas, áreas históricas, etc.). Essa guarda pode tanto fazer o patrulhamento de áreas comerciais de grande circulação (pense na Rua 25 de Março, no centro de São Paulo), como rondas em escolas municipais e reforçar o trabalho da Polícia Civil ou Militar. 

Deu para entender, né? Muito mais do que ver mais policiais na rua, temos que buscar políticos preocupados em tratar a base da violência com propostas que, de fato, vão beneficiar a população a longo prazo. 

Apenas colocar mais viaturas nas cidades é como cobrir um ferimento de bala com o curativo que você usaria num corte de papel no dedo. Não funciona e, a longo prazo, não diminui a criminalidade de verdade. É por isso que votar conscientemente em políticos que buscam melhorar a qualidade de vida nas cidades é a melhor solução para tornar as nossas cidades mais seguras. 

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