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Lollapalooza responde de novo a denúncia de trabalho análogo à escravidão

Homens trabalhavam além do expediente, sem receber por isso, e ainda dormiam em condições precárias. Denúncia acontece às vésperas do festival

Por Juliana Morales 23 mar 2023, 19h23

A expectativa boa para o Lollapalooza 2023 foi interrompida por uma denúncia muito grave nesta quinta-feira (23). Nas vésperas do festival, trabalhadores em condições análogas à escravidão foram resgatados da organização do evento. (É importante lembrarmos que não é a primeira vez que o festival é acusado assim, viu? Em 2019, também noticiamos o caso)

Segundo a investigação da Repórter Brasil, cinco homens, com idade entre 22 e 29 anos, trabalhavam como carregadores de bebidas em jornadas de 12 horas diárias, sem receber o valor correto por isso. Vale lembrar que a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) determina que a jornada de trabalho no Brasil é de 8 horas, com possibilidade de extensão por mais 2 horas extras, período em que a remuneração é 50% superior à hora normal.

Os trabalhadores resgatados relataram que o combinado com a empresa Yellow Stripe, uma terceirizada contratada pela Time 4 Fun, dona do Lollapalooza no Brasil, era que eles seriam acomodados em um local próprio para hospedagem, após trabalharem. Mas isso não aconteceu.

Eles relataram que eram “obrigados pela chefia a ficar na tenda de depósito, dormindo em cima de papelão e dos paletes, para vigiar a carga”. E caso tentassem deixar o local após o expediente, eram ameaçados com a perda do emprego.

É importante destacar que o festival também ficou conhecido recentemente por cobrar valores altos pelos ingressos: um dia de evento gira em torno de R$ 1.000, enquanto que os pacotes de 3 dias com acomodações VIP podem chegar a R$ 5.000.

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O que já foi feito

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em São Paulo informou que deu início à investigação do caso. Nesta quinta, inclusive, já começaram as audiências para ouvir os depoimentos e colher mais provas sobre com as partes envolvidas.

Em comunicado enviado à imprensa, a organização do festival informou que foi encerrada a relação jurídica estabelecida com a Yellow Stripe e que todos os direitos dos cinco trabalhadores envolvidos foram garantidos de acordo com as diretrizes dos auditores do Ministério do Trabalho. “A T4F considera este um fato isolado, o repudia veementemente e seguirá com uma postura forte diante de qualquer descumprimento de regras pelas empresas terceirizadas”, dizia a nota.

Não é a primeira vez que isso acontece no Lolla

Em 2019, empresas responsáveis pelo carregamento e a montagem da estrutura do Lolla foram denunciadas por convocarem moradores de rua para ajudarem no processo. Estes teriam recebido 50 reais por dia por jornadas de trabalho de 12 horas, sendo que, de acordo com a CLT, com pagamento de horas extras, por até 12 horas, o salário ficaria em torno de R$ 68.

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O Sated-SP (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo) resolveu então denunciar a organização do Lollapalooza ao Ministério Público do Trabalho por empregar pessoas em situações de vulnerabilidade, fora da lei e em um ambiente de trabalho sem banheiros. Mas o caso foi arquivado, após a procuradora argumentar que o tema deveria ser remetido a um órgão fiscalizador, como o então extinto Ministério do Trabalho.

 

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