Estes foram os 6 pontos que marcaram o 2º debate entre os presidenciáveis
De "vira onça" e "vara curta" viralizando nas redes sociais até perguntas sobre aborto e corrupção, debate foi morno e propostas concretas ficaram de fora.
Ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e embates do presidente Jair Bolsonaro (PL) com Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil): foi este o tom geral do debate entre os candidatos à Presidência da República realizado neste sábado (24).
A oito dias do primeiro turno, realizado no próximo dia 2 de outubro, a CAPRICHO, com o projeto CH na Eleição, esteve presencialmente no estúdio do SBT e te conta os destaques da noite. De “vira onça”, “vara curta” viralizando nas redes sociais até questionamentos sobre “aborto e defesa da vida”, o tom foi morno entre os candidatos e apresentações de propostas concretas (inclusive para a juventude, viu?) ficaram de fora.
O evento foi transmitido dos estúdios do SBT, em São Paulo, e foi realizado em conjunto pelo maior pool de veículos de comunicação deste pleito eleitoral, incluindo VEJA, SBT, CNN, Terra, NovaBrasil e Eldorado/Estadão. Abaixo, a gente te conta em 6 pontos quais foram os destaques do debate.
E, ok, a gente sabe que assistir à esse tipo de programa não é tão legal quanto maratonar a nova temporada da sua série preferida, mas diante de uma eleição tão importante quanto a deste ano, é essencial que a gente acompanhe, ok? A CAPRICHO fez uma cobertura em tempo real no Twitter e te mostrou um pouquinho dos que rolou nos bastidores.
🗳 Começou o debate! A 1ª pergunta foi feita pela candidata à Presidência Simone Tebet (MDB) ao atual presidente e candidato Jair Bolsonaro (PL). Agora, o candidato Jair Bolsonaro, pergunta para Padre Kelmon (PTB). Entenda a dinâmica do debate de hoje: https://t.co/izMwjlbCzT
— CAPRICHO (@CAPRICHO) September 24, 2022
1. Lula esteve presente, mesmo ausente
Caso você tenha assistido ao debate, deve ter notado que o púlpito reservado ao ex-presidente e atual candidato Lula (PT) ficou vazio. De última hora, o petista disse que não poderia comparecer ao evento porque já tinha compromissos agendados previamente e não houve tempo para se preparar. Ele deve participar do debate realizado pela TV Globo na quinta-feira (29).
Em nota à produção do SBT, ele afirmou, por meio de nota:
“Eu adoraria participar porque eu tenho um profundo prazer de participar de debate. É bom participar de debate. Lamentavelmente o debate do SBT demorou um pouco… minha coordenação mandou uma carta falando que era para fazer um pool. Demorou, quando veio a resposta do debate eu já tinha agenda no Rio de Janeiro e em São Paulo.”
Porém, a organização do evento afirmou que a formação do pool deu-se antes mesmo da sugestão feita por sua campanha, com a parceria firmada originalmente entre SBT, VEJA, Nova Brasil e Estadão/Eldorado, ainda em março deste ano. Em seguida, Terra e CNN Brasil se juntaram aos veículos.
2. Soraya viralizou ao falar em “virar onça” e “vara curta”
A frase da candidata Soraya Thronicke (União Brasil) “não cutuque a onça com a sua vara curta”, direcionada a Bolsonaro, foi a que mais gerou engajamento nas redes sociais durante o debate, viu?
Soraya usou o espaço de direito de resposta concedido pelo comitê de advogados e jornalistas da organização do debate, por conta de fala do presidente Jair Bolsonaro (PL), que a acusou de fazer uso de recursos do chamado “Orçamento Secreto”.
Soraya? pic.twitter.com/ZfFqAZXQiw
— Everaldo (@Everald53851521) September 24, 2022
No contexto de sua fala, em uma espécie de “revanche sexista”, a candidata ainda citou a compra de viagra e de medicamento para tratamento da disfunção erétil por parte do Exército brasileiro no último ano.
Em outro momento, ao formular uma pergunta ao presidenciável pelo Novo Felipe D’Ávila, Soraya afirmou, fazendo referência a Bolsonaro, que iria fazer uma brincadeira. E afirmou:
“O que é que não reajusta merenda escolar, mas gasta milhões com leite condensado, tira remédio da farmácia popular, mas mantém compra de viagra, não compra vacina, mas distribui prótese peniana para seus amigos?”
3. Simone Tebet foi avaliada com o melhor desempenho
O monitoramento da Quaest, com foco na análise das reações nas redes sociais durante o debate, apontou que Simone Tebet (MDB) foi a candidata com maior porcentagem de referências positivas nas redes sociais: 65%. Um número bem alto.
Em seguida, aparecem candidatos como Ciro Gomes (PDT), com 58% de menções positivas. Depois, Soraya com 50%; Bolsonaro, 49%; e Lula, 46%. Felipe D’Ávila (Novo) apareceu com 39% de referências positivas, e Padre Kelmon (PTB) obteve 32% de menções positivas.
4. Bolsonaro fez dobradinha com “padre que não é padre”
O presidente e também candidato Jair Bolsonaro (PL) aproveitou a estreia do presidenciável do PTB, Kelmon Souza, que se identifica como padre e católico ortodoxo, para fazer uma… dobradinha ideológica.
Em uma de suas perguntas direcionadas ao candidato, Bolsonaro citou uma suposta ameaça aos cristãos brasileiros, espelhada na situação da Nicarágua, onde há conflitos entre a ditadura de Daniel Ortega e a Igreja Católica.
🗳Bolsonaro escolheu o padre Kelmon (PTB), trouxe a a perseguição religiosa na Nicarágua, citou prisão de padres e fechamento de igrejas. O candidato afirmou que “precisamos ficar atentos porque a esquerda brasileira” tem a mesma intenção. #CHnaEleição
— CAPRICHO (@CAPRICHO) September 24, 2022
Ao responder Bolsonaro, Kelmon disse que os brasileiros “correm os mesmos riscos” que o povo da Nicarágua, que “persegue” os cristãos. Para ele, o Brasil corre esse risco “porque o ditador da Nicarágua é amigo da esquerda brasileira”. Bolsonaro parabenizou o candidato “por sua posição”, e afirmou que a “perseguição” a religiosos não deve ser tolerada.
5. Candidato falou em aborto para gerar polêmica
Kelmon Souza é candidato pelo PTB no lugar de Roberto Jefferson, que teve a candidatura impugnada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) e pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por estar inelegível até dezembro de 2023 devido à condenação no julgamento do mensalão.
Durante o debate, Souza trouxe o tema do aborto e religião duas vezes. Primeiro, ao candidato Ciro Gomes (PDT). “Nosso poder como presidente é não se comprometer com esse assunto”, citando que a questão do aborto é uma responsabilidade do Congresso Nacional e que apoia a legislação como está.
O aborto é criminalizado no Brasil, mas a legislação autoriza o procedimento em três casos: violência sexual, risco de morte materna e em caso de anencefalia. “É uma questão complexa”, disse Ciro Gomes em resposta ao Padre Kelmon, que disse ser importante “defender a vida”.
Em oportunidade seguinte, ele questionou Simone Tebet (MDB) sobre sua posição abertamente feminista e a defesa da interrupção da gravidez. “A senhora apoiará o assassinato de bebês dentro da barriga das mães?”
Em resposta, Tebet afirmou que é católica e “eu sou contra aborto, porque sou católica e sou cristã. E isso não me faz menos feminista”, disse a candidata. Ela aproveitou a questão para falar sobre pautas que cita de forma recorrente, como a diferença salarial entre homens e mulheres.
6. Bolsonaro adotou tom mais “ameno”
O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, é conhecido por seu temperamento agressivo e, no último debate, atacou diretamente a jornalista Vera Magalhães por fazer uma pergunta à ele.
Neste novo momento, a mudança de atitude ficou nítida. Mesmo quando questionado por uma jornalista mulher, ele controlou e não a atacou de forma agressiva. A jornalista Clarissa Oliveira, de VEJA, citou a violência política presente no cenário eleitoral e perguntou se o presidente se arrepende de ter dito no passado que iria “fuzilar a petralhada”.
O presidente se esquivou da resposta, afirmou que é Palmeirense e que diz à torcida que “não é para brigar”. Ele ainda criticou a jornalista em tom ameno e citou casos de violência sem conexão direta com o cenário político atual.
Porque é tão importante acompanhar ao debate?
É simples: durante a corrida eleitoral, os candidatos tem poucas chances de falar diretamente com toda a população brasileira. Os debates, assim como entrevistas individuais, são uma oportunidade de cada um deles apresentarem suas propostas para o país conversando diretamente com os eleitores – e quando colocados frente a frente com seus adversários.
E ó, uma dica: mais do que votar para presidente, governador e deputados esse ano, o que vale a pena é a gente começar a entender quais pautas que cada um deles apresentam que estão alinhadas com os seus interesses e podem interferir diretamente no nosso dia a dia.
Se você ainda está na escola (ou já está na faculdade) e teve que começar a trabalhar durante a pandemia para ajudar com as contas de casa, é provável que seja por um desses dois motivos. Mesmo que você não entenda muito sobre economia ou como as políticas públicas funcionam, deve ter percebido que a situação não está fácil para ninguém.
Então, já sabe, né?! Você não precisa ser expert no assunto, nem entrar em brigas com a sua família ou com os seus amigos por causa disso. Mas prestar atenção no que os candidatos têm a dizer e que pode tornar o seu dia a dia melhor vale a pena – e ajuda até mesmo outros adolescentes como você!
Aqui na CAPRICHO a gente também já te explicou que estamos vivendo um ano atípico, com um cenário mais antidemocrático e violento do que o normal. E isso tem influenciado bastante quem vai votar pela 1ª vez (a ansiedade dá aquele alô, né?).
A Bruna Nunes te explica no 12º vídeo do programa CH na Eleição porque é importante, sim, assistir aos debates e em quais pontos você precisa ficar de olho na hora de analisar os candidatos (as).
Vem com a gente: