Em decisão histórica, três torcedores do time de futebol Valencia, na Espanha, foram condenados a 8 meses de prisão após terem feito insultos racistas contra o brasileiro Vini Jr. O caso foi noticiado por nós na ocasião. A gente noticiou tudo a respeito o caso aqui.
Nesta segunda-feira (10), após ter ficado sabendo da decisão histórica do tribunal espanhol, Junior usou as redes sociais para escrever uma declaração: “Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas “jogar futebol”. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos. Que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras”, escreveu o jogador.
“Caso contrário, estarei aqui para cobrar. Obrigado a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação histórica. Vem mais por aí”, finalizou o brasileiro.
Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas "jogar futebol".
Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por… https://t.co/NdezpJBjF2
— Vini Jr. (@vinijr) June 10, 2024
De acordo com o comunicado do Real Madrid, time que Vini Jr joga, além da prisão de 8 meses, os torcedores estão proibidos de adentrar um estádio de futebol por dois anos.
Os três acusados aceitaram a responsabilidade penal e publicaram uma carta de desculpas dirigida ao nosso jogador Vinicius Junior, do Real Madrid, e ao resto das pessoas que se sentiram denegridas e ofendidas com seu comportamento.
Relembre o racismo sofrido por Vini Jr
O caso sofrido por Vini Jr aconteceu no dia 21 de maio de 2023. Na ocasião, ele estava driblando quando foi atingido por uma outra bola em campo. Enquanto seus companheiros reclamavam da situação, parte da torcida do time adversário, o Valencia, começou a gritar chamando o jogador brasileiro de “macaco”. A partida foi interrompida e Vini, revoltado com a situação, mostrou para o árbitro e para os outros jogadores de onde vieram os gritos racistas – e as ofensas continuaram.
Na época, nós da CH também explicamos como o caso sofrido por Vini não representava um caso isolado e qual o papel da nossa galera na luta contra o racismo. Você pode ler tudo sobre isso aqui.
“Não basta só tratar um grito racista, senão a gente trata o sintoma e não a estrutura racista que existe. Existem casos de racismo em todo mundo e não apenas no futebol espanhol ou brasileiro. Prender o agressor ou fechar parte do estádio é considerar uma solução única, mas não acaba com o problema”, disse Júlia Belas, que pesquisa as relações de raça, gênero e sexualidade no futebol na University de Bristol, na Inglaterra, para a nossa reportagem na ocasião.