Você, leitora de CAPRICHO, acompanhou em 2022 a nossa viagem para a COP27, o maior evento sobre meio-ambiente de todo o mundo. Mas agora, Girl Up Brasil e CH vão começar uma cobertura tão importante quanto. Isso porque hoje, segunda (6), começa a 67ª sessão da Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW), o maior encontro anual da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre igualdade de gênero e estaremos lá para te mostrar os bastidores e informações exclusivas.
Eu, Helena Branco – 20 anos, estudante de relações internacionais – vou escrever direto de Nova York para a CAPRICHO até o dia 17. A CSW é “só” o evento mundial mais relevante sobre o tema, viu? As decisões tomadas ali podem impactar o nosso futuro em um mundo que ainda precisa ser muito melhor para nós.
Mas vamos lá: você sabe o que é a CSW?
A Comissão da ONU sobre a Situação da Mulheres (CSW67) é “só” o evento mais importante sobre direitos das meninas e mulheres e promoção da igualdade de gênero – tem gente até que chama ele de “COP de gênero”, pois é – e acontece anualmente na sede da ONU em Nova York. E isso rola desde 1946, um ano após a criação da própria entidade. A cada edição, duas temáticas principais são discutidas, sendo uma delas prioritária e outra secundária, que analisa se acordos de uma edição anterior específica estão em andamento.
Mas então, quem participa?
Imagina só: a CSW é formada por 45 países do mundo inteiro que negociam até chegar a um em consenso do que é preciso fazer a nível mundial para garantir a autonomia de meninas e mulheres. Após as discussões, é gerado um documento apelidado de “conclusões acordadas”, que irá nortear o avanço das ações globais nesse sentido.
Mas ué, CAPRICHO, só 45 membros? A ONU não tem 192 países membros? Sim, é isso mesmo e essa dúvida faz muito sentido. A gente explica: essas 45 vagas para membros são divididas por região e cada uma delas elege seus representantes, que tem participação garantida de quatro em quatro anos.
Além dos governos desses países, também estão presentes agências da ONU e algumas (muito seletas) organizações da sociedade civil que compõem o Conselho Econômico e Social da ONU (hoje, apenas quatro organizações brasileiras compõem o grupo). Algumas organizações da sociedade civil organizam um evento paralelo chamado de “CSW das ONGs” e é aberto ao público, fora do prédio oficial da ONU.
Ei tiktokers e gamers, a ONU tá de olho em vocês esse ano!
Calma, não é nada do que você está pensando, viu? Na verdade, a ideia da ONU é fazer com que a internet seja um lugar cada vez mais seguro para meninas e mulheres. Sabe aquele relacionamento tóxico em que a pessoa controla suas redes sociais? Aquela pessoa inconveniente que enche seu DM do Instagram com conteúdo explícito? Aquelas ameaças em páginas de mulheres na política? Ou ainda o vazamento de fotos íntimas? Pois bem, tudo isso é considerado violência de gênero digital.
Enquanto o mundo se digitaliza cada vez mais e entende-se que a geração Z é a primeira nativa na linguagem da internet e as ações internacionais tentam acompanhar esse processo. Assim, o tema prioritário da conferência esse ano é “Inovação e mudança tecnológica e educação na era digital para alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas”. O tema da revisão é “Desafios e oportunidades para alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas rurais”.
Mas e o Brasil nisso tudo?
Faz cinco edições da CSW que o Brasil é eleito consecutivamente para o mandato de 4 anos, ou seja, já são 20 anos em que o Brasil é eleito consecutivamente. Apesar dessa edição não contar com nenhum evento oficial do Brasil, haverá a presença de Carmen Foro, Secretária de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política do Ministério das Mulheres, além de representantes do Ministério das Relações Exteriores e organizações da sociedade civil.
E no que isso te impacta?
A CSW também impacta as soluções que são pensadas no setor privado, ou seja, muitas discussões em torno da conferência geram recomendações para grandes empresas como o TikTok e Instagram e suas políticas de segurança. É a primeira vez que o tema da tecnologia e direitos digitais são a pauta prioritária, então pode vir muita novidade por aí.
Além disso, essa conferência também pode impactar a criação de políticas públicas no Brasil. Você sabia que esse ano foi criada uma repartição na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República pelo combate à fake News? Pois bem, existe um movimento crescente de legislar cada vez mais sobre o mundo virtual e isso, em última instância, vai impactar todos (nós) usuários desses espaços virtuais.