O conflito entre Israel e Palestina é motivado por uma disputa de território e não religiosa, explica o professor de Geografia e Geopolítica do Curso Anglo Vagner Augusto da Silva. E remontar os fatos históricos, entre o final do século 19 e ao longo do século 20, é de suma importância para entender os desdobramentos até os dias atuais.
“Vejo muitos jovens querendo entender o que está acontecendo, mas o mais importante nessa história é entender os interesses dos grupos envolvidos. Quem são os aliados desses grupos? E mais do que defender um lado é importante compreender o contexto histórico como um todo”, pontua o especialista.
Para o presidente da consultoria Eurasia, especializada em análise de riscos, os ataques dos últimos dias do Hammas representam o ’11 de setembro’ de Israel. Há outros especialistas no tema que também ainda tentam analisar o impacto do que aconteceu. Estima-se que mais de 1,5 mil pessoas morreram nos últimos dias.
Diante da complexidade dos eventos na região, a CAPRICHO remontou os principais eventos históricos dessa questão. Vem com a gente:
Movimento sionista e a criação do Estado de Israel
O movimento sionista começou a ganhar força ao longo do século 19. Esse foi um movimento político que levou um número grande de judeus voltarem para o Oriente Médio. Esse movimento foi calcado nas ideias do autor Theodor Herzl que, em 1896, publicou o livro ‘O Estado Judeu’, em que defendia que os judeus precisavam ter seu próprio país no território palestino.
Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs dividir a Palestina em dois Estados: uma parte seria destinada aos árabes (Gaza e Cisjordânia) e outra aos judeus (Israel). Os árabes não aceitaram essa divisão. O Estado de Israel, por sua vez, é criado.
Há autores, porém, como o historiador israelense Ilan Pappe fez no livro ‘Dez Mitos sobre Israel’*, que detalha como o povo palestino não foi ouvido sobre essa divisão de território e que essa foi uma decisão arbitrária que mudou pra sempre o destino dos palestinos.
A mensagem dada aos palestinos foi: vocês não podem compartilhar sua vida neste território com os colonos, sua única esperança será preservar metade dele e abrir mão da outra metade
Ilan Pappé em 'Dez Mitos sobre Israel'
Um ano após a criação do Estado de Israel, começou a Primeira Guerra Árabe-Israelense. Com o conflito, parte dos palestinos acabaram migrando para países vizinhos, enquanto que Israel consegue expandir sua influência e alcançar outros territórios.
Guerra Yom Kippur
Em 1967, Israel vence os exércitos do Egito, Jordânia e Síria – evento que ficou conhecido como a Guerra de 6 dias. Conflito ficou marcado pela expansão de Israel, que ocupou os territórios da Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Em 1973, Egito e Síria se unir para atacar Israel naquilo que ficaria conhecido como a Guerra de Yom Kippur.
Questão Palestina
Em meados de 1964, os palestinos criam a Organização para libertação da palestina (OLP). O líder Yasser Arafat, que viveu entre 1929 e 2004, se tornou um porta-voz das questões palestinas.
Em 1994, Arafat recebeu o Prêmio Nobel da Paz ao lado de Shimon Peres e Itzhak Rabin pelos esforços em favor da paz no Oriente.
Até hoje, os palestinos não possuem um Estado próprio. Muitos deles vivem em regiões espalhadas pelo Oriente Médio, principalmente a Faixa de Gaza – esse é um dos locais com maior densidade populacional em todo mundo. Israel detém o controle da região – taxada como uma ‘prisão ao céu aberto’ por especialistas no tema.
Há outras entidades que taxaram nos últimos anos a política utilizada por Israel contra palestinos de “apartheid”*.
A Human Rights Watch, por exemplo, divulgou um relatório em 2021 em que apontava que as autoridades israelitas “privilegiam metodicamente os israelitas judeus e discriminam os palestinianos”.
*Apartheid significa separação e foi utilizada pela primeira vez para designar o regime político na África do Sul.
Até hoje, a Palestina busca reconhecimento como Estado independente. Em 2012, a ONU reconheceu apenas como ‘Estado observador’ o território palestino. Israel e EUA, na época, criticaram a decisão.
Após os ataques dos últimos dias, Israel chegou a cortar água, comida e eletricidade da Faixa de Gaza. A ONU disse que a medida é contrária ao direito humanitário internacional.
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