Expansão do Brics pode gerar muita relevância para a economia global
Brics anunciou a entrada de Irã, Arábia Saudita, Egito, Argentina, Etiópia e Emirados Árabes, mas ainda há dúvidas sobre comprometimento ético do grupo
A Cúpula do Brics anunciou nesta quinta-feira (24), a entrada do Irã, Arábia Saudita, Egito, Argentina, Etiópia e Emirados Árabes no grupo. A entrada valeria a partir de janeiro de 2024, mas ainda está sendo estudada pelos países que foram convidados e também por especialistas no tema.
É importante lembrar que o Brics é um grupo de países de economias emergentes, atualmente composto por: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A união veio à tona em 2009, enquanto a África do Sul começou a participar do grupo em 2011.
Apesar de economicamente ser interessante trazer o Irã, que possui relevância no mercado de gás natural, e a Arábia Saudita, importante compradora e produtora de petróleo no mundo, ainda há algumas dúvidas sobre os modelos de governos desses países, que se distanciam bastante da de outros países do Brics.
A entrada da Argentina, que vive uma crise econômica séria no país, também apareceu não por um acaso, mas para atender certos interesses políticos, explicou a professora de Ciências Sociais da USP Denilde Holzhacker, para o jornal O Globo: “A entrada da Argentina envolve, de um lado, o interesse brasileiro de fortalecer o país vizinho (…) Os chineses também tem interesse econômicos (…) Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes ampliam a posição dos países no Oriente Médio”, disse.
A Arábia Saudita possui uma monarquia absolutista em seu modelo de governo, enquanto que o Irã mistura um modelo teocrático com republicano. Por isso, alguns especialistas colocaram em xeque o comprometimento do grupo com os direitos humanos, por exemplo.
Em um post no Twitter, o presidente brasileiro Lula disse que “a responsabilidade que temos hoje é não colocar a questão ideológica acima das relações geopolíticas”. Essa afirmação mostra um pouco dos interesses geopolíticos que têm movimento os dirigentes do grupo.
Para mim não importa quem ganha as eleições em qualquer países do Brics. O Brasil vai negociar com o novo presidente da Argentina. A responsabilidade que temos hoje é não colocar a questão ideológica acima das relações geopolíticas. É isso que importa para nós. E ninguém pode…
— Lula (@LulaOficial) August 24, 2023
Mas afinal, para que serve o Brics?
O Brics nasceu com o intuito de facilitar o comércio e e cooperação entre os países-membros. Há relatórios que indicam, por exemplo, que os 5 países que compõem o grupo representam uma parcela mais significativa do PIB Mundial do que o G7 – composto por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá. Além disso, os países que compõem o Brics correspondem, juntos, a quase 41% da população mundial.
Deu pra entender a importância do grupo, né?
“Eles [países do Brics] querem ser uma nova força motriz global, na tentativa de mudar rumos em termos de política mundial, passar um pouco da influência do norte global ocidental para esses países emergentes e, principalmente, na economia”, afirmou a professora Priscila Caneparo, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), para a CNN.
Além disso, Lula disse que pretende criar uma moeda única para transação dos países entre os blocos. Ou, a princípio, utilizar uma moeda mais internacionalizada (e de mais fácil adesão entre os países). Complexo, né?
“O que é importante é que a gente não pode depender de um único país que tem o dólar, e nós somos obrigados a ficar vivendo da flutuação desta moeda. Não é correto”, disse o presidente, na cúpula.
E vocês, o que acharam desse anúncio? E da adesão dos países?