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Elas são jovens e sonham com o ouro no vôlei sentado das Paralimpíadas

Edwarda De Oliveira e Luíza Fiorese, da seleção de vôlei sentado, explicaram à CH como foi a preparação mental para competir em Paris.

Por NAIARA ALBUQUERQUE Atualizado em 4 set 2024, 14h09 - Publicado em 4 set 2024, 14h00
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uíza Fiorese tinha entre 8 e 9 anos quando começou a praticar handebol em Venda Nova do Imigrante, no interior do Espírito Santo. Mesmo apaixonada pelo esporte, ela recebeu um diagnóstico de um osteossarcoma – um tipo de câncer nos ossos – no fêmur esquerdo, que a tirou das quadras (ao menos naquele momento). Seis anos depois, enquanto participava de um programa de TV, foi contactada por uma atleta do vôlei sentado que viu em Luiza potencial para se tornar uma paratleta da modalidade. Desde então, ela não parou mais.

Agora, em Paris, Fiorese sonha com o ouro inédito em Paralimpíadas do vôlei sentado. “Eu acho que mostra muita coisa [as mulheres terem conquistado a primeira medalha olímpica no vôlei sentado]. O esporte no geral sempre foi um meio machista, né? E não é diferente no esporte paralímpico. É claro que a gente vem tendo grandes avanços e a gente espera que isso se expanda cada vez mais”, reconhece Fiorese para a CAPRICHO.

Na modalidade, a seleção brasileira estreou nos Jogos Paralímpicos de Pequim, em 2008. Mas na época apenas a equipe masculina competiu. Foi só quatro anos depois, em 2012, que o Brasil contou com equipes femininas e masculinas disputando uma paralimpíada. Naquele ano, ambas conquistaram o quinto lugar. Ao jogar em casa, no Rio 2016, a equipe feminina ficou com o bronze – a primeira medalha olímpica pelo país na modalidade. Em Tóquio 2020, as nossas meninas levaram mais uma medalha de bronze.

A paratleta Edwarda De Oliveira começou a praticar vôlei justamente para acelerar o processo de adaptação de sua prótese. “Me apaixonei logo de cara, comecei a treinar com o time da minha cidade em 2009, em 2012 fui descoberta em um campeonato paranaense onde me convidaram para conhecer o voleibol sentado que até então não sabia da existência. No final de 2012 já estava na seleção brasileira”, conta para a CH.

Uma verdadeira potência paralímpica, o Brasil ficou em 7º lugar na classificação geral dos Jogos Paralímpicos de Tóquio e a expectativa é que nos jogos paralímpicos de Paris o país fique entre os 10 primeiros colocados. Até esta quarta-feira (4), o país estava em 5º lugar, com 50 medalhas, atrás de França, Estados Unidos, Grã-Bretanha e China, respectivamente.

Mas CAPRICHO, como funciona a modalidade do vôlei sentado? Calma que a gente te explica: no vôlei sentado, homens e mulheres que possuam alguma deficiência física ou relacionada à locomoção, podem competir. Ao todo, são seis jogadores de cada lado que disputam sets de 25 pontos corridos. A equipe que completar três sets vence a partida.

Vôlei sentado
Jogadoras sonham com ouro inédito no vôlei sentado das paralímpiadas de Paris ASICS/Divulgação

Outra regra essencial do esporte é que os jogadores precisam bater na bola com o corpo em contato com a quadra. Além disso, há duas classes, separadas pelo grau de deficiência dos paratletas. Na classe VS1 estão aqueles com deficiências mais severas que têm maior impacto nas funções. Já na classe VS2 estão os atletas com deficiências mais leves.

Mente sã, corpo são

A preparação mental para os atletas é tão importante quanto a física no ciclo olímpico. Assim que uma paralimpíada termina, o trabalho de toda a comissão técnica e dos paratletas se reinicia, daí a importância de cuidar do mental durante todo esse período, que varia entre três e quatro anos. Para os Jogos de Paris, o ciclo de preparação foi mais curto, de apenas três anos. Isso porque a paralimpíada de Tóquio foi disputada em 2021 em razão da pandemia de covid-19. 

“Faço muita terapia e posso garantir que o motivo do meu bom desempenho é graças a todo esse cuidado. Exercitar a mente é tão importante quanto exercitar o corpo, é ter esse equilíbrio é essencial. Afinal, mente sã – corpo são”, afirma Edwarda, que faz terapia. Além do vôlei sentado, a paratleta também pratica o parabadminton.

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Faço muita terapia e posso garantir que o motivo do meu bom desempenho é graças a todo esse cuidado. Exercitar a mente é tão importante quanto exercitar o corpo.

Luíza Fiorese, atleta paralímpica

Luiza, por sua vez, também acredita que a preparação mental pode fazer a diferença em quadra. Ela conta que teve auxílio de um profissional da própria confederação para ter o suporte necessário, além das sessões de terapia. “Eu sou a mais nova do time. Então tive muitos problemas com autoconfiança. Todo esse trabalho me ajudou a me concentrar melhor e me fez entender que eu posso entregar o meu melhor. Quando eu tô com a cabeça boa eu sinto que eu rendo muito mais dentro de quadra”, disse.

O uniforme paralímpico

A parceria entre ASICS e Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) foi a responsável por pensar na concepção do uniforme paralímpico para a nossa delegação. E tudo isso foi um marco, viu? Isso porque, pela primeira vez na história, os uniformes das nossas equipes paralímpicas estão sendo comercializados, uma forma de aproximar o público da potência que o país já mostra em jogos.

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Felipe Pontual, gerente de Sports Marketing da ASICS América Latina, explica que a parceria foi sedimentada em 2023 e feita com testes e conversas com os atletas para o desenvolvimento de peças pensadas na acessibilidade dos uniformes.

“O resultado foi uma coleção que alia a funcionalidade à estética do produto, trazendo detalhes importantes de inclusão, como alças nos puxadores, calças com zíperes na lateral próximo ao tornozelo para facilitar o uso por atletas com prótese, e etiquetas internas em braille que destacam as cores correspondentes para auxiliar na seleção das roupas”, destacou à CH.

A coleção completa dos uniformes inclui jaqueta de pódio, moletom, camiseta oficial, camisa polo, bermuda de compressão e tênis. 

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