amos combinar: 2022 não foi um ano fácil para ninguém. Se você não discutiu com alguém sobre política, com certeza sentiu o climão na mesa de jantar durante as festas de fim de ano com o fim das eleições. E por mais que o período eleitoral tenha passado, a verdade é que esse assunto é de nós e a juventude precisa participar dessa conversa – inclusive em casa.
Aísha Moraes tem 17 anos – ela é parte da Galera CAPRICHO de 2022 – e conversou com a gente sobre como falar com pessoas mais velhas – como os nossos pais – sobre um assunto tão complexo como política. “Eu e meus pais temos muitas opiniões em comum quando se trata de política. Vejo essa relação como um privilégio, porque acompanhei amigos meus que tiveram muitos problemas ao falarem sobre aquilo que eles acreditavam em suas casas.”
A boa notícia é que, para ela, esses bate-papos sempre foram tranquilos, mas a gente bem sabe que nem sempre é assim, né?!
Dificuldade de iniciar e terminar um bate-papo? Temos!
Taí uma coisa que nós ouvimos o tempo todo: a dificuldade dos jovens em conversar com adultos sobre assuntos sérios como política. O que a Aísha não viu dentro de casa, ela percebeu em outros ambientes: dificuldade em ser ouvida. “Para alguns adultos, por eu ser mais jovem, não tenho experiência suficiente para falar sobre”, explica. “Esse tipo de fala deve ser repensada, já que nós, jovens, somos o futuro e um dia iremos assumir posições importantes.”
Esse, aliás, é um ponto super importante. Segundo um estudo desenvolvido em 2012 pela Organização das Nações Unidas, o Youth Political Participation, pessoas abaixo dos 35 anos são raramente encontradas em posições de liderança política. A elegibilidade para cargos políticos começa aos 25 anos para um terço dos países – e, muitas vezes, os políticos são chamados de “jovens” quando têm entre 35 e 40 anos.
Ou seja: a juventude não é representada de forma precisa na política em nenhum lugar do mundo e, quando alguém consegue furar essa bolha e alcançar algum nível de representatividade política, recebe títulos que diminuem a sua importância e representação política. Quer um exemplo super atual? Greta Thunberg.
A ativista sueca, hoje com 20 anos, foi criticada por homens com o triplo da sua idade pelo seu posicionamento político e suas ações relacionadas à iminente catástrofe ambiental. “A política faz parte da nossa sociedade e tem impacto direto na vida de todos, com a criação desses canais de conversa, as pessoas passarão a criar consciência sobre o assunto e assim exercer sua cidadania”, continua Aísha.
Mas e aí, CAPRICHO? Como faz para conversar com adultos?
Tá, então conversar com adultos sobre política é importante. O que nós podemos fazer para facilitar esse bate-papo? Aísha dá a dica. “Pergunte de maneira sutil sobre determinado assunto relacionado à política, sem o intuito de causar conflitos, dessa maneira você poderá introduzir um diálogo mais tranquilo e desenvolvê-lo ao longo do tempo.”
E tem mais: se você quer mesmo fazer o seu papel político na sociedade, pode usar muitas ferramentas para desenvolver o seu pensamento político e o seu senso crítico, além da empatia. Afinal, sem empatia conversa nenhuma vai ser produtiva, né?!
Se liga em algumas coisas que você pode fazer para ajudar com isso:
- Leitura: existe uma infinidade de livros que ensinam sobre as diferentes visões políticas, que exploram a nossa história e nos contam como chegamos até aqui. Eduque-se! Essa é a melhor maneira para se preparar para uma conversa com embasamento.
- Escuta ativa: antes de falar, ouça. Todo mundo quer ter a sua opinião valorizada, e antes de querer colocar a sua na roda escute o que as pessoas estão falando. Ah, e fica a dica: ouvir uma opinião contrária à sua não significa que você precisa obrigatoriamente mudar de ideia, ok?
- Redes sociais: quem você segue online pode ajudar você a desenvolver esse olhar empático e embasado para ter conversas mais produtivas. Só fique atenta: vá atrás de especialistas e instituições para conseguir informações de qualidade.
“Para evitar o atrito, comece a conversa de maneira mais sutil, não tente impor sua opinião”, aconselha Aísha. “Pergunte sobre um assunto recente dentro da política e inicie conversa por aí, sempre respeitando os argumentos da outra pessoa (a não ser que seja algo desrespeitoso, qualquer tipo de preconceito deve ser recriminado), dessa forma você irá desenvolver um diálogo mais tranquilo e leve para ambas as partes.”
Mas e os adultos, hein?
Calma, não é só você que tem que se ajustar para uma conversa. O outro lado também, afinal, as conversas são sempre entre duas ou mais pessoas, certo? Então, essa é aquela parte do texto que você printa na tela do celular e manda para os seus pais no grupo da família no WhatsApp.
“É interessante que os pais estejam dispostos a ouvir e compreender as opiniões de seus filhos, por mais que elas sejam diferentes, pois essas divergências vão surgir em todos os ambientes, e é necessário saber lidar com elas”, diz Aísha.
Ou seja, do lado dos adultos, o trabalho é, principalmente, ouvir: o fato dos filhos serem jovens não significa que eles não podem trazer visões diferentes, novas e mais atualizadas sobre um assunto. Se a juventude é o futuro, vale a pena ouvir o que o futuro está falando agora, certo?