O dia em que Bolsonaristas criminosos depredaram Congresso, Planalto e STF
Golpistas furaram bloqueio de policiais, agrediram repórteres e depredaram prédios públicos
Nós sobrevivemos a uma das eleições mais intensas desde a redemocratização, mas o clima tenso continua. Hoje, nas redes sociais, não há outro assunto e nós da CAPRICHO estamos atentas: Bolsonaristas golpistas invadiram o Congresso Nacional, Palácio do Planalto e STF (Supremo Tribunal Federal) em Brasília (DF) na tarde deste domingo (8).
Eles quebraram vidraças e depredaram dependências dos locais. Estes grupos realizavam protesto na capital federal, mas romperam bloqueio policial – que tentou conter os criminosos com bombas de efeito moral, mas sem sucesso.
Estes manifestantes, que protagonizam atos terroristas, não aceitam a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), questionam o resultado das urnas nas eleições 2022, pedem intervenção militar e um golpe de estado. Lula, neste fim de semana, está seguindo agenda de visitas presidenciais, e, por isso, está em Araraquara (SP). A cidade sofreu perdas com as grandes chuvas neste início de janeiro.
Ataque previsto e orquestrado
Desde o início deste mês, bolsonaristas estavam marcando manifestações antidemocráticas em Brasília e cerca de 100 ônibus com grupos de todo o país chegaram a Brasília neste fim de semana. Após os ataques, o governo federal optou por não recorrer à GDO (Garantia da Lei e da Ordem). Ela une todas as forças de segurança para reestabelecer justamente ela, a ordem.
Há foco em decretar a intervenção federal apenas na Segurança Pública do Distrito Federal e que essa será uma ação mais complexa, envolvendo até a exoneração – ou seja, a saída do governador do estado – e envolve aprovação do Congresso Nacional. Esta ação está prevista no artigo 34 da Constituição para manter a integridade nacional. Neste caso, o novo Secretário seria indicado pelo presidente da República.
Vídeos nas redes sociais mostram os grupos agredindo policiais e depredando os locais dentro do Congresso, Planalto e STF:
🇧🇷 Golpistas derrubam policial militar da cavalaria. pic.twitter.com/V7ekc99E3V
— Eixo Político (@eixopolitico) January 8, 2023
Imagens dos atos antidemocráticos e criminosos em Brasília. pic.twitter.com/f1DHlr3gBK
— Metrópoles (@Metropoles) January 8, 2023
Bolsonaristas invadem o Palácio do Planalto em manifestação antidemocrática. pic.twitter.com/720OElndbK
— Metrópoles (@Metropoles) January 8, 2023
Um dos questionamentos que está sendo feito é: porque demorou tanto tempo para as autoridades agirem – ou até tivessem de preparado junto às forças de segurança para este episódio?
Autoridades afirmaram que houve omissão por parte do governo do DF para que invasões ocorressem. A polícia do estado acompanhou movimentação dos golpistas pela manhã até a Esplanada e não barrou ataque, o que foi chamado de “apagão da segurança pública” na capital federal.
É possível que Anderson Torres, Secretario da Segurança Pública do Distrito Federal, e o governador do estado, Ibaneis Rocha, tenham relação com a inação das forças de segurança no estado. Torres foi ministro da Justiça do governo Bolsonaro e está na Flórida, nos Estados Unidos. Ibaneis Rocha foi afastado do cargo e Celina Leão, sua vice, assumiu o cargo.
Você deve lembrar que, há dois anos, houve a invasão do Capitólio, o equivalente ao nosso Congresso Nacional nos Estados Unidos após a derrota de Donald Trump nas urnas. Este movimento bolsonarista de hoje é analisado como um espelhamento do que aconteceu no país norte-americano.
Mas existe uma diferença importante entre a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2020 e a invasão da sede dos 3 poderes hoje em Brasília.
A gente explica: nos EUA, o presidente Joe Biden ainda não tinha tomado posse quando os atos ocorreram. Já aqui no Brasil, Lula é a autoridade máxima do país e está sendo cobrado por medidas federais urgentes.
Além disso, a invasão do capitólio foi feita para impedir a diplomação e legitimação de Joe Biden como presidente. Aqui no Brasil, esse período já passou e Lula é o presidente já em exercício. Então, a intenção dos criminosos neste domingo era não só invadir e depredar os locais, mas ocupá-los de forma permanente em um ataque à democracia.
Entre as autoridades que já se manifestaram estão Flávio Dino, ministro da Justiça, Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal, Augusto Aras, Procurador Geral da República (PGR) e chefe do Ministério Público Federal (MPF), Artur Lira, presidente da Câmara dos Deputados; Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal não falou publicamente, mas demitiu do cargo Anderson Torres, ex-ministro do governo Bolsonaro e atual Secretário de Segurança Pública do DF.
Essa absurda tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer. O Governo do Distrito Federal afirma que haverá reforços. E as forças de que dispomos estão agindo. Estou na sede do Ministério da Justiça.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) January 8, 2023
Conversei há pouco, por telefone, com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, com quem venho mantendo contato permanente. O governador me informou que está concentrando os esforços de todo o aparato policial no sentido de controlar a situação.
— Rodrigo Pacheco (@rodrigopacheco) January 8, 2023
Em discurso após assinar o decreto que determinou a intervenção, Lula afirmou que deseja “garantir de uma vez por todas que isso não se repetirá no Brasil. E é preciso que essas pessoas precisam ser punidas. E que essas pessoas nunca mais façam isso portando um símbolo nacional como a bandeira ou camisa da seleção brasileira.”
“Aproveitaram o silêncio do domingo, quando ainda estamos montando o governo, para fazer o que fizeram. E vocês sabem que existem vários discursos do ex-presidente estimulando isso. E isso também é responsabilidade dele e dos partidos que sustentaram ele”, afirmou o mandatário.
Na manhã desta segunda (9), os presidentes de todos os poderes emitiram uma nota. Nela, afirmam que “o país precisa de normalidade, respeito e trabalho para o progresso e justiça social da nação”. Cerca de 1.200 bolsonaristas foram presos até o momento e levados à sede da Polícia Federal.