m comício político que virou cena de crime. Poderia ser o Brasil em 2018, mas o cenário era os Estados Unidos. Naquele dia, como você provavelmente já sabe, o então pré-candidato à presidência de um dos países mais poderosos do mundo, Donald Trump, foi atingido por um tiro que pegou sua orelha direita de raspão.
O momento foi histórico. Trump está longe de ser o primeiro e talvez não será o último político norte-americano a sofrer um atentado à sua vida – e, talvez, esse seja um dos custos de querer ocupar o cargo. Porém, a pergunta que precisamos nos fazer aqui é: o que esse evento significa para as Eleições Municipais brasileiras?
Ok, você deve estar pensando: ‘Nossa, Capricho, mas como assim? O que um atentato nos Estados Unidos têm a ver com as eleições no Brasil?’. E a gente responde: TUDO. Vale lembrar que os EUA ainda são uma potência mundial, com um poder de influência gigantesco sobre os demais países do mundo.
Porém, usando especificamente o atentado do último domingo como referência, há seis anos o então candidato à presidência do Brasil, Jair Bolsonaro, passava por uma situação semelhante. Durante um comício em Minas Gerais, em setembro de 2018, Bolsonaro levou uma facada, fico internado devido ao ferimento e ganhou ares de mártir na corrida eleitoral daquele ano – e, se você lembra bem, ele ganhou as eleições.
Muito tem se falado sobre os efeitos que o ataque a Trump vão ter nas eleições dos EUA, porém, a gente percebe os reflexos que pode ter nas próximas eleições brasileiras, que acontecem em outubro deste ano.
Nomes da nossa política atual, como Flávio Bolsonaro (e os demais filhos do ex-Presidente) e Alexandre Ramagem (PL, candidato a prefeito do Rio de Janeiro), se manifestaram nas redes sociais explorando as semelhanças entre os dois eventos, o que aconteceu nos Estados Unidos e no Brasil.
Além disso, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) também se manifestaram online sobre o ocorrido, assim como outros políticos que ocupam cadeiras no nosso Congresso. Eles reforçam um movimento de reação contra a oposição de Trump nos Estados Unidos e, em decorrência, a favor da direita no Brasil.
A gente entende que parece meio louco, mas a busca por vilões em ano de eleição é sempre uma narrativa bastante explorada por todos os lados na busca por um vencedor. Mesmo o ex-presidente Bolsonaro sendo investigado pela formação de uma ‘Abin clandestina’ durante o seu governo, e respondendo pela posse e desvio de joias vindas da Arábia Saudita, o tiroteio no comício de Trump é um ponto a favor da sua oratória e dos candidatos que Bolsonaro apoia no Brasil. O motivo? “A esquerda é violenta e vai tentar silenciar os candidatos que querem o bem da população”. Pelo menos, é isso que eles defendem.
Para todos os lados, guinadas à direita
Essa conversa é relevante porque temos visto, dentre grandes economias globais e também em países em desenvolvimento, um crescimento de governos de direita, que defendem vieses conservadores e se aproximam de retóricas totalitaristas.
Recentemente, a Holanda viu um partido de extrema-direita, o Partido pela Liberdade (PVV) ganhar as eleições locais – uma surpresa não só para o próprio eleitorado, como também para toda a Europa.
E, falando da Europa, o parlamento da União Europeia, que toma decisões em nome dos 27 países do bloco, viu um avanço sem precedentes no número de políticos de extrema-direita que ocupam suas cadeiras: de 118 para 131 parlamentares, nas eleições que aconteceram este ano.
Na América Latina, Javier Milei surpreendeu ao vencer as eleições na Argentina e se tornar o novo presidente do país. Aliás, ele não nega as suas alianças, afinal, deixou recentemente de participar da cúpula do Mercosul, que contava com a presença do atual presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para se encontrar com Jair Bolsonaro em um evento local.
Tem muitos motivos para explicar porque os partidos e políticos de direita estão ganhando força no mundo inteiro. De questões econômicas às insatisfações com promessas de campanhas não cumpridas, não é novidade que o mundo está em crise de muitas maneiras.
Porém, é importante lembrar que os políticos são responsáveis por atender às necessidades do povo não só no âmbito particular (ou seja, aquilo que você precisa), mas coletivo. Os seus privilégios não são os privilégios de todos, e a gente precisa considerar essas desigualdades e necessidades coletivas na hora de escolher o próximo prefeito, deputado federal ou presidente.
Quando a gente fala das eleições brasileiras, a gente já sabe que a direita tem ganhado força, e resta saber o que vai acontecer nas próximas eleições municipais, na prática. Afinal, se a pesquisa ‘A Cara da Democracia’, liberada pelo jornal ‘O Globo’ esta semana, é qualquer referência, o apoio de Lula e Bolsonaro aos candidatos municipais têm gerado mais rejeição do que apoio entre os eleitores.
De qualquer maneira, vale o aviso: antes de escolher um prefeito ou vereador para votar, lembre de fazer a lição de casa. Estude as propostas dos principais candidatos, entenda como elas se relacionam com o que você acredita e quer ver acontecer na sua cidade e acompanhe as ações desses políticos após eleitos. Combinado?