line Pellegrino, mais conhecida como Pelle, quer que mais e mais meninas sonhem com a possibilidade de trabalhar com futebol feminino. E isso passa não só por mais espaço e competições para jogadoras, mas também para treinadoras, jornalistas esportivas e até que gestoras consigam, através da educação, alcançar esses espaços que anteriormente era só ocupados por homens – e claro que isso tem tudo a ver com a nossa galera, né?
”Futebol é muito mais que vestir a amarelinha. Eu tenho certeza que nessa Copa do Mundo todo mundo vai torcer e vai colocar muita energia pra que a gente possa trazer a nossa primeira estrela. E isso já tem acontecido, a gente tem as marcas, mais visibilidade, a gente tem uma copa do mundo pagando uma maior premiação. Também temos o brasileirão, o campeonato paulista, então acredito que a gente tá nesse processo, tá acontecendo. Cada um dentro dessa cadeia tem a sua responsabilidade”, afirmou Pelle à CAPRICHO durante evento que acontece nesse último final de semana em Teresópolis, no Rio de Janeiro.
”É preciso saber que esse futebol das mulheres tá num outro processo de desenvolvimento, um futebol que foi proibido, um futebol que não teve as mesmas oportunidades e é uma responsabilidade de todos equacionar isso”, acrescentou Pelle.
Essa proibição, mencionada por Pelle consiste em um decreto assinado em 1941, durante a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, que proibiu as mulheres de jogarem bola. A revogação desse decreto só aconteceu em 1979.
Um atraso e tanto para nós, mulheres, né?
A história de Pelle
Pelle fez parte da zaga – setor defensivo – da Seleção Brasileira Feminina nos anos de ‘ouro’, entre 2005 e 2011. Nesse período, ela foi capitã e conquistou uma medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007 e duas pratas, uma na Copa do Mundo de 2007 e outra nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004.
Ao lado de Marta, Cristiane e Formiga, Pelle integrou uma das principais gerações do futebol feminino. Depois que se aposentou dos campos, a jogadora continuou fortalecendo e levando adiante a palavra do futebol feminino. Na prática, ela fortaleceu competições e também criou torneios para que uma nova geração de mulheres conseguisse sonhar em viver com a bola no pé.
Entre 2016 e 2020, Pelle foi Diretora de Futebol Feminino da Federação Paulista (FPF), e, depois de ter feito o curso de Gestão de Futebol na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e ter participado do Programa de Liderança em Futebol Feminino da Fifa, assumiu o posto de gerente de competições – de homens e mulheres – na CBF. Além disso, ela atua desde 2018 como consulta da Conmebol.
Ufa! Quanta coisa, né?
Além de falar sobre a importância da modalidade para as mulheres, Pelle narrou para a gente com muito carinho os momentos de concentração no vestiário com as atletas da seleção – momentos que, segundo ela, eram sempre regados a muito funk e axé. ”Eu ficava muito nervosa, e esse momento festivo com elas sempre me acalmava”, disse.
Aline acredita que o que estamos vivendo é algo inédito para a modalidade, que nunca teve tanto investimento das entidades, marcas e até interesse do governo federal, como mostramos nesta matéria aqui. O desenvolvimento do futebol feminino passa, necessariamente, por mais competições.
@capricho♬ Chill Vibes
A Copa do Mundo de Futebol Feminino, que acontecerá entre 20 de julho e 20 de agosto, na Austrália e Nova Zelândia, terá premiação histórica para a modalidade. Segundo informações da Fifa, a premiação aumentou cerca de 300% para a modalidade e passará a ser US$ 150 milhões (ou R$ 792 milhões). Mesmo com avanço, ainda estamos muito distantes da premiação masculina, que na última edição, no Catar, foi de US$ 440 milhões (R$ 2,3 bilhões).
Além de menor premiação, muitos jogos do Brasileirão, por exemplo, foram televisionados apenas na TV fechada. A TV aberta deve exibir apenas a fase de mata-matas.
Como disse Pelle, temos motivos para comemorar, mas também temos que reconhecer que ainda estamos passando por um processo ‘em desenvolvimento’.