Brasil registrou o maior número de casos de estupro e estupro de vulnerável na história do país, com um total alarmante de 74.930 vítimas. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, que analisa os dados consolidados do ano anterior e expõe uma realidade dura que atinge boa parte da nossa galera – e este é um papo sério que precisamos ter com você, leitor e leitora de CAPRICHO.
É importante que você saiba que 8 em cada 10 vítimas de violência sexual no país têm menos de 18 anos, com 10,4% do total sendo bebês e crianças com idade entre 0 e 4 anos; 17,7% entre 5 e 9 anos; e 33,2% entre 10 e 13 anos. Ou seja, toda a infância e adolescência de uma parcela da população é atravessada pela violência, pelo sofrimento e o silêncio diante dele.
O relatório confirma o que outras pesquisas sobre o tema também revelam – e não é uma informação nova: a residência é o local mais perigoso para meninas e meninos, com 72,2% dos casos de violência sexual ocorrendo em ambiente doméstico. Em 71,5% das vezes, o autor é um familiar ou conhecido da vítima.
O relatório ainda aponta que 52% da população presenciou alguma situação envolvendo meninas e mulheres sendo agredidas por parentes ou parceiro íntimo, bem como homens brigando ou abordando mulheres de forma desrespeitosa.
Nesse contexto, muitas vezes, a escola é o único lugar em que crianças e adolescentes se sentem seguros para contar que estão sendo vítimas de violência – e você deve poder fazer isso, especialmente com professores e outros profissionais que você confia.
A conversa com amigos, professores e diretores acaba se transformando em pedido de socorro, e os adultos que trabalham naquele ambiente precisam estar prontos para ajudar quem pede ajuda. Superar a vergonha e quebrar o silêncio não é fácil.
Só nos primeiros meses de 2023, o canal de denúncias da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (o famoso Disque 100) registrou um aumento de 68% nas violações sexuais contra crianças e adolescentes, em sua maioria, no ambiente doméstico.
Mas o que pode ser feito, CAPRICHO?
A solução para uma questão como esta, segundo especialistas, está na promoção da educação sexual nas próprias escolas. Isso tanto porque, por meio dela, é possível ensinar a identificar a violência e compreender quando um limite foi ultrapassado; além de possibilitar uma conversa qualificada com a galera sobre o problema e tirá-lo do espectro do silêncio, que não ajuda a combatê-lo.
A UNICEF, o Canal Futura e a Childhood Brasil lançaram o projeto “Crescer sem Violência” que, anualmente, faz campanhas voltadas para a conscientização e educação para a prevenção da violência.
Neste ano, a campanha criou uma série de materiais para as redes sociais para abordar os tipos de violências mais praticados contra crianças e adolescentes (física, psicológica, sexual, trabalho infantil e negligência) como identificá-las e buscar ajuda. O mote de 2024 é #EmCasaSemViolência.
Outras ações digitais estão previstas: assim como divulgação com influenciadores, uma nova cartilha de autoproteção para ensinar os jovens a como identificar sinais de violência e o lançamento do clipe “Corra”, em parceria com a banda paulistana Palavra Cantada.
Assista ao clipe abaixo:
Como agir em casos de violência sexual?
- Se você SUSPEITAR que uma criança ou um amigo, ou amiga está sendo vítima de violências, denuncie. Os canais são: Disque 100 / Ligue 180 / APP Direitos Humanos BR /Delegacia On-Line;
- Se você PRESENCIAR ou TESTEMUNHAR uma situação de violência, chame a polícia militar (ligue 190).
- Se você IDENTIFICAR um caso de violência online, denuncie. Os canais são: Safernet / APP Direitos Humanos BR / Delegacia On-Line.
- Todas as formas de denúncia são anônimas.