5 explicações para situações que parecem inexplicáveis nas Eleições 2022
Ficou sem entender o que rolou nas eleições? A gente também.
Uma coisa é certa: as eleições gerais deste ano geraram opiniões muito controversas. Por um lado, comemoramos um Congresso Nacional com duas mulheres trans, com lideranças indígenas e representantes de minorias que levam um sopro de modernidade para um ambiente que parece parado no tempo.
Por outro lado, vimos o ser fortalecido com a eleição de candidatos que, aparentemente, deveriam se manter bem longe do Congresso Nacional ou de qualquer cargo político. Por isso, separamos, hoje, algumas explicações para o porquê dessas situações aparentemente inexplicáveis terem acontecido.
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A questão religiosa
A eleição de personagens como Damares Alves (Republicanos) ao Senado, pega carona em uma população, muitas vezes, esquecida pelos principais candidatos à Presidência da República: a evangélica. Pastora, Damares tem uma conexão forte com esse público – e muitos dos valores que ela defende abertamente desde a época no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, são também defendidos por parte dessa população. A questão é de identificação e alinhamento com um jeito de pensar.
2. “Não voto em ladrão…”
A visão do Partido dos Trabalhadores (PT) pela oposição não é das melhores: ainda tem muita gente que acredita e navega na narrativa de que o partido é corrupto, e que seus candidatos são “ladrões”. Um dos principais argumentos a esse respeito é, justamente, a prisão do candidato e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018.
Na época, ele foi preso – e se manteve assim por 19 meses – como parte da Operação Lava Jato. Ah, e quem expediu o mandado de prisão? Ele próprio, o juiz Sérgio Moro, que também foi eleito para o Senado, representando o Paraná, no último domingo, 2 de outubro.
Lula acabou sendo solto depois de 580 dias na prisão, mas ele não foi inocentado, exatamente. Acontece que a prisão do ex-presidente quebrou algumas regras tradicionais defendidas pela Justiça brasileira – a começar pelo posicionamento de Moro, que foi considerado como parcial no julgamento e acabou perdendo o magistrado.
3. Defensores da justiça
Pegando o gancho do caso Lula, já temos mais uma explicação do porquê alguns candidatos tão conectados ao atual presidente Jair Bolsonaro ganharam as eleições para o Congresso Nacional: eles foram pintados pelo bolsonarismo como defensores da justiça, da moral e dos costumes brasileiros.
Moral e costumes, diga-se de passagem, que atendem apenas a uma minoria muito privilegiada, em um desejo de manter o seu status de privilégio. O próprio Moro surfou nessa onda, e se tornou muito popular entre o público conservador por ser considerado “um herói” da Lava-Jato.
4. O tal “voto envergonhado”
Sejamos sinceros, nem sempre a gente se sente confortável para falar a verdade sobre o que pensa. Nas eleições deste ano, esse cenário ficou muito claro: o quanto as pessoas, muitas vezes, falam uma coisa, mas fazem outra quando estão diante da urna eletrônica.
Uma hipótese muito levantada foi a de que eleitores de Bolsonaro, na verdade, falaram que votariam para Lula nas pesquisas de intenção de voto. Outra foi que as pessoas se abstiveram de comentar o assunto por medo do que os outros falariam, mas já estavam com os seus candidatos escolhidos.
5. Polarização, sim
“É o bem contra o mal”. O que o discurso de extrema-direita tem defendido é uma visão dual da nossa política: nós contra eles, a luz versus a escuridão, o bem contra o mal. Ao observarmos o discurso desses políticos, muitas vezes representados pelo próprio Bolsonaro, é fácil percebermos como ele leva essa ideia para o público de um jeito simples de entender.
E, nisso, as mais de 700 mil mortes por Covid-19, o desmatamento recorde da Amazônia, os orçamentos secretos e compras de imóveis em dinheiro vivo, até mesmo acusações de estupro e tortura são deixadas de lado em nome de um suposto herói frente a um suposto vilão.