Você já ouviu falar em sneakerhead? O termo que une as palavras sneaker (‘tênis’ em inglês) e head (cabeça) se refere a adeptos da cultura urbana sneaker e tem sua origem ligada aos anos 1970 e ao hip hop. Na década de 1980, com a febre do lançamento do Air Jordan 1, da Nike, esse movimento ganhou ainda mais força, e os aficionados por basquete, breaking dance e grafite transforaram os tênis em itens essenciais. “As marcas entenderam que novos modelos, cada vez mais fashionistas e exclusivos, eram combustível para essa nova geração dos jovens das grandes cidades“, analisa Ale Tcholla, sócio da Blood, empresa parceira da Sneaker Con EUA e realizadora da Sneaker Con São Paulo. Hoje, ele se propaga muito em torno do marketing digital, das revendas e da busca por itens raros. Quer entender melhor como funciona essa cultura de colecionadores e amantes de tênis? Vem com a gente!
A jogadora de CS:GO Gabriela Freindorfer começou a fazer uma coleção de itens mais acessíveis e se sentiu realizada ao conseguir comprar seu primeiro tênis de marca. “Foi uma realização muito grande pra mim. Assim, foi surgindo esse desejo de colecionar e ter vários, de uma forma natural, mas com muita paixão e apego por eles”, conta em entrevista à CAPRICHO.
Para ela, ser sneakerhead significa consumir tênis mais diferentes e estilosos e sempre estar atento aos próximos lançamentos. “Não é somente gostar de usar tênis, mas querer entender um pouco das informações do modelo, da história, do ano e a inspiração por trás”, afirma, revelando que seu modelo mais caro foi o Nike SB Dunk Low Travis Scott, lançado em fevereiro de 2020, que ela conseguiu adquirir apenas no final de 2022.
Quem se considera sneakerhead também costuma usar roupas esportivas e está sempre de olho nos tênis raros, que, por serem muito procurados, vivem o chamado fenômeno ‘hype’ e têm um valor de compra bem alto. Você se lembra do tênis assinado por Kanye West que foi vendido por US$ 1,8 milhão, o equivalente a cerca de R$ 9,7 milhões?
“O sneakerhead, além de ter paixão pelos tênis e entendê-lo como parte fundamental da moda, gosta do estilo urbano de se vestir e de aproveitar a vida. Junto com os sneakers vemos também os bonés, camisetas, calças e jaquetas como parte integrante da expressão individual de um sneakerhead”, declara Ale Tcholla. Ah, e tem até diferentes categorias de sneakerhead, tá? Olha só:
- Hypebeast: busca as tendências do momento;
- High End: gosta de colecionar grifes de luxo;
- Sneakernerd: sabem todos os detalhes de cada modelo, inclusive informações técnicas, que vão das inspirações até ano de lançamento e materiais utilizados;
- Fashionista: preocupado com a moda no geral e a composição do look, não necessariamente com a história da peça;
- OG: ao contrário da categoria anterior, é aquele consumidor que prefere tênis clássicos e tradicionais, normalmente mais básicos e não tão extravagantes;
- Despreocupado: não está muito preocupado em manter o sapato em perfeito estado e provavelmente não liga tanto para modelos raros;
- Colecionador: compra modelos únicos, exclusivos, que tiveram poucas tiragens ou são de edição limitada.
O mercado brasileiro, segundo o empreendedor, é um dos maiores consumidores de cultura urbana do mundo; no entanto, com os altos preços de produtos importados, há uma falta de acessibilidade que acaba contendo essa febre no país. “O mercado é imenso, porém muito aquém do seu potencial. Comparado com outros países, o mercado de sneaker no Brasil pode facilmente triplicar de tamanho em poucos anos.”
Por outro lado, a cultura dos sneakerheads pode gerar, sim, um debate sobre consumo exacerbado, ainda mais com a estratégia de ‘marketing de escassez’ das marcas, que pressupõe o despertar do senso de urgência do público para adquirir um produto com medo de que ele acabe logo, somado à sensação de exclusividade, que surge com o desejo de comprar um item que poucas pessoas têm. Ale Tcholla, porém, acredita que o aumento da valorização de uma moda responsável acaba influenciando esse modo de consumo. “Vemos nos últimos anos uma moda mais responsável, buscando produtos que agridam menos o meio ambiente ou mesmo sendo reutilizados, diminuindo, assim, o consumismo. Creio que a cultura sneaker siga essa tendência. Vemos muito hoje a customização dos sneakers, deixando-os ainda mais exclusivos e colecionáveis, fazendo com que sejam utilizados por mais tempo. Vários modelos já são lançados buscando ser ecologicamente responsáveis.”
“Sneakerhead é uma forma de se expressar, de se informar, de ser autêntico. Não é apenas o consumo“, completa a jogadora de CS:GO Gabriela Freindorfer.
E aí, gostou de entender melhor a origem da cultura sneaker e o mercado atual brasileiro? Conta pra gente se você também se interessa por esse assunto!