Você já deve ter ouvido falar da Lela Brandão, ilustradora muito talentosa que faz sucesso nas redes sociais. Mas você sabia que ela tem uma marca de roupas? Lela decidiu investir na carreira de empreendedora do ramo da moda em 2020, e com um propósito grandioso: fazer peças confortáveis que respeitassem os diversos corpos das mulheres. Tu-do o que precisamos, né? E essa ideia possui uma ligação bem próxima com o que ela mesma viveu na adolescência.
Em entrevista à CAPRICHO, Lela Brandão contou que, há 10 anos, venceu seus distúrbios alimentares. “Tive anorexia, bulimia e dismorfia corporal. E, naquela época, eu tinha um vício de comprar roupas menores do que eu e me dedicar para que elas servissem em mim. Se uma roupa em algum momento servia em mim e, depois, deixava de servir, eu usava isso para achar que eu era a pior pessoa do mundo.”
“Eu consegui vencer isso muito com a ajuda das minhas roupas”, completou. “Como elas eram uma forma que eu usava para competir comigo mesma, teve um momento em que olhei para o meu armário e falei: ‘Vou me desfazer das roupas que comprei para quando eu emagrecesse e vou começar a comprar roupas que foram feitas para se adaptar ao meu corpo‘. Ao longo dos anos, fui montando esse armário e permitia apenas a entrada de roupas que respeitassem o meu corpo.”
Diante desse pensamento, surgiu o slogan da Lela Brandão Co., “Uma mulher confortável em si é uma revolução“. O conceito de roupas adaptáveis, desenvolvido pela ilustradora, propõe roupas que se adaptem ao corpo de cada pessoa. “A gente não precisa submeter o nosso corpo a nenhuma dor, a nenhum incômodo para que a gente se sinta bonita. Quando entendemos que a roupa precisa respeitar o nosso corpo, é muito mais fácil entender o valor do nosso corpo. É ele que tem que ser respeitado, e não você que tem que caber na peça.“
A etiqueta, então, surgiu com itens que combinam com o dia a dia em casa, mas também montam um look estiloso para ir à rua. Tops de malha canelada e de veludo, short ciclista, calças pantalona e camisetas com frases divertidas já viraram ícones da etiqueta. Agora, com a chegada da temporada de primavera-verão, o desafio era confeccionar uma coleção de biquínis, e, para isso, Lela e sua equipe elaboraram uma pesquisa para ouvir suas clientes.
“Estava conversando com algumas mulheres sobre como o nosso corpo mudou durante a pandemia e como é delicado, neste momento do avanço da vacinação, a gente se sentir mais à vontade de expor o corpo na praia e na piscina”, afirma Lela. “Percebemos que seria um momento muito delicado de a gente propor um biquíni, porque a nossa relação com o nosso corpo está bem esquisita nesse período. E, aí, pensamos em fazer uma pesquisa sobre o impacto da pandemia na nossa autoestima, perguntando como as pessoas se sentem em relação ao próprio corpo, em relação aos biquínis e como seria um biquíni ideal para elas.”
Mais de 2 mil clientes participaram do questionário, e o resultado teve um impacto direto na criação das peças de moda praia. 95% das entrevistadas relataram que já se sentiram mal ao vestir um biquíni, e 75% delas culpam o próprio corpo por isso. No entanto, muitas também relacionaram o caimento e a modelagem do biquíni com esse desconforto.
Após esse trabalho colaborativo com as clientes, a marca criou quatro modelos de biquínis (duas partes de cima e duas partes de baixo) em oito cores, levando em consideração as variações dos corpos. “Biquíni é uma coisa que não adianta você só aumentar a grade, você precisa adaptar a modelagem de acordo com o corpo. Quem tem peito maior, por exemplo, precisa de uma costura a mais do que quem usa PP”, explica Lela.
Assim, nasceu a coleção Espelhos, que nos convida a olharmos para nós mesmas. “De um lado, temos marcas falando ‘Corra atrás do seu corpo de verão’. De outro, algumas muito bem intencionadas dizendo ‘Se ame, seu corpo é lindo’. E a gente sabe que se amar, depois de muitos anos ouvindo que éramos inadequadas, ouvindo que precisávamos mudar o nosso corpo por algum motivo, é difícil. E, neste período em especial, após quase dois anos isoladas, com as mudanças no corpo, é muito delicado falarmos ‘Se ame’. Acaba soando mais como uma pressão e você pensa ‘Nossa, não estou conseguindo me amar’. E, aí, nesta coleção, propomos que as pessoas se olhem. Propor uma reflexão em torno de realmente se olhar e se conhecer e reconhecer nos próprios corpos e nos corpos umas das outras. Se amar não é tão simples quanto fazem a gente acreditar, sobretudo nesse momento que estamos enfrentando, mas é uma jornada que, como qualquer outra, começa com um primeiro passo.“
O lançamento, portanto, convida as mulheres a olharem seus corpos e seus detalhes como cicatrizes, manchas, cores, formas, relevos e texturas que ajudam a contar suas histórias. Demais, né? Estendemos aqui esse convite a você, leitora. Estamos juntas nessa jornada da autoestima – e bora aproveitar esse verão do jeito que a gente merece! <3
Neste mês, a marca ainda inaugura sua loja física, que ficará na cidade de São Paulo, no bairro da Vila Madalena. Sucesso, Lela! <3