Jane Birkin, uma artista completa e it-girl dos tempos de contracultura
A atriz e cantora britânica morreu neste domingo aos 76 anos e deixa um legado para a moda como ícone dos anos 1960
A atriz e cantora britânica Jane Birkin morreu aos 76 anos neste domingo (16) em Paris. Segundo informações da emissora de televisão francesa BFM, ela foi encontrada morta em sua casa por seu cuidador; a causa da morte não foi revelada. Recentemente, havia cancelado vários shows devido a problemas de saúde. Em vida, foi considerada uma artista completa e a verdadeira definição de ‘it-girl’ com seu estilo ora despretensioso, ora cheio de glamour, ora ousado e com elementos da contracultura.
Filha da atriz Judy Campbell e do comandante da Marinha Real britânica David Birkin, Jane Mallory Birkin nasceu em Londres em 1946. Aos 17 anos, fez sua estreia nos palcos com o musical Passion Flower Hotel, do maestro e compositor John Barry, com quem se casou em 1965 e teve uma filha, Kate Barry. O casal, no entanto, se divorciou em 1968.
Jane Birkin ganhou notoriedade durante a Swinging London, na segunda metade da década de 1960, movimento de efervescência cultural na capital britânica que, inclusive, teve influência na moda da época. Nesse período, ela apareceu nua no filme Blow-Up – Depois Daquele Beijo (1966), do diretor italiano Michelangelo Antonioni, e depois participou de Wonderwall – O Mundo das Maravilhas (1968). Em 1969, no set de gravações de Slogan, conheceu o artista francês Serge Gainsbourg, com quem teve um casamento memorável e uma filha, Charlotte Gainsbourg.
Naquele mesmo ano, o casal lançou a música Je T’Aime… Moi Non Plus, que foi considerada sexualmente explícita e um ‘atentado aos costumes’ da época e, por isso, chegou a ser proibida no Brasil e Portugal, que viviam ditaduras militares, e alguns outros países. Jane e Serge se separaram nos anos 1980, e a atriz conheceu o diretor de cinema Jacques Doillon, com quem teve uma filha, Lou Doillon, em 1982.
Se você gosta de moda, já sabe que Birkin dá nome à bolsa mais icônica da Hermès. E isso aconteceu por conta de uma situação inusitada, viu? A britânica teria conhecido Jean-Louis Damas, então diretor da grife, em 1984, durante um voo em que ela teria derrubado seus pertences da bolsa e dito que a peça era muito pequena para suas coisas. Foi aí que o executivo a ouviu e criou uma bolsa maior, a icônica Birkin, que, hoje, é uma das mais caras do mundo e imortaliza o nome da artista na moda.
Tá, mas, além disso, qual foi a relação de Jane Birkin com a moda? A figura da cantora teve um boom nos anos 1960 e a projetou como referência de comportamento ‘liberal’, o que acabava refletindo nas suas escolhas fashion. E seu estilo casual também remetia ao das ruas parisienses, e não a looks de uma grande celebridade da época, reconhecido ainda hoje com o ‘chic sem esforço‘ que a gente tanto ama.
O vestido de crochê que usou ao contrário (com as costas para a frente) com um broche no Artists Union Gala em 1969, em Paris, foi um acontecimento. “Eu costumava usar jeans e uma jaqueta masculina e era isso. Eu inventava coisas com as minhas roupas; isso era divertido naquela época”, afirmou Jane em texto escrito para o blog Repeller em 2020. “Nós tínhamos a arrogância da juventude, achando que estávamos fazendo tudo melhor“, disse em outro trecho.
Na première do filme Slogan, apostou em um vestido de crochê que deixou seus seios à mostra, meio o que chamamos hoje de ‘naked dress’, que, na época, nem foi proposital, porque ela não tinha percebido o quão transparente a peça era. Nos anos 1970, o estilista Paco Rabanne e Jane tiveram uma relação superpróxima, e ele foi responsável por criar vários visuais para ela. Ah, e nem precisamos falar da franjinha da atriz, né? Icônica!
Jane Birkin, a artista e it-girl atemporal que marcou gerações e nunca será esquecida <3