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Estes modelos estão levando representatividade indígena às passarelas

Conheça Dandara Queiroz, Emilly Nunes e Noah Alef, destaques do São Paulo Fashion Week e da moda nacional

Por Sofia Duarte 19 nov 2022, 10h00

Dandara Queiroz, Emilly Nunes e Noah Alef, estes são os nomes de três modelos indígenas que estão se destacando na moda brasileira e prometem despontar no cenário internacional. Os jovens, que têm 25, 24 e 22 anos, respectivamente, são agenciados pela WAY Model, se presenças garantidas de desfiles do São Paulo Fashion Week e, nos bastidores do evento, conversam com a CAPRICHO sobre a representatividade e a sensação que envolvem estar nessa passarela.

Dandara Queiroz

Descendente de Tupis, Dandara Queiroz nasceu em Araçatuba (SP) e foi criada em Três Lagoas (MS). Ela atua há dois anos como modelo, é formada em arquitetura e urbanismo, realiza ações em prol da preservação do meio ambiente e é muito ligada à arte no geral – encena, faz pinturas indígenas, poemas e composições. Fora o catwalk impecável, demonstra muita simpatia e orgulho de sua carreira!

Dandara Queiroz no desfile da Sou de Algodão no SPFW N54
Dandara Queiroz no desfile da Sou de Algodão no SPFW N54 Foto: Marcelo Soubhia/@agfotosite/SPFW/Divulgação

Fui uma criança que ninguém acreditava no meu potencial. Diziam que eu não tinha perfil para ser modelo e até me aconselhavam a procurar algo que ‘combinasse’ comigo“, lembra Dandara em entrevista à CH. “Estar no São Paulo Fashion Week é muito especial. É um evento em que a gente se sente modelo, é um momento muito de coração. Você entra na passarela e sente muita energia e sentimentos bons, e isso nunca muda. Por mais que você faça dez, vinte, trinta desfiles, desfilar numa passarela do SPFW é a verdadeira sensação e emoção de ser modelo”, completa.

Para ela, a representatividade de ser uma mulher indígena ocupando esse espaço vai além de sua própria história. “É mais por uma questão de todas as pessoas que eu posso representar aqui. Eu vejo crianças que sonham em ter essa profissão ou homens, mulheres que não veem ninguém parecido com eles no mercado, em uma campanha, em um desfile. Então, é uma responsabilidade grande, mas também uma honra, um prazer, uma gratidão enorme de poder ser essa pessoa.”

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Emilly Nunes

Emilly Nunes, descendente de indígenas da comunidade Aruans de Belém do Pará, também é uma das grandes apostas do mercado brasileiro de modelos e conta que esse sempre foi seu sonho. “Eu sempre sonhei em ser modelo, mas isso era bem distante da minha realidade, porque eu morava em Belém do Pará, e lá a gente não tinha tantas oportunidades. Eu já estava desacreditada que a minha carreira daria certo quando aconteceu um evento na minha cidade em que eu fui apresentada à minha agência atual.”

Emilly Nunes no desfile da Another Place no SPFW N54
Emilly Nunes no desfile da Another Place no SPFW N54 Foto: Marcelo Soubhia/@agfotosite/SPFW/Divulgação

Estar na passarela do SPFW sendo uma mulher indígena representa muito. Eu sinto que trago comigo a força de todas as pessoas que estão lá em casa, na aldeia, e sonham em estar aqui. E dar visibilidade também para que mais portas se abram pra gente“, afirma. Se você se identifica com Emilly, ela tem um conselho valioso. “Não desistir é o mais importante. A carreira de modelo não é nada fácil e pode parecer que não vai dar certo. Acredite em Deus e tenha a sua família por perto. Eu quero abrir portas para as meninas de casa, para que elas estejam aqui também.” Agora, ela continua sonhando e quer fazer uma temporada de moda internacional – e temos certeza de que vai arrasar! <3

Emilly Nunes nos bastidores do SPFW N54, antes do desfile da Another Place
Emilly Nunes nos bastidores do SPFW N54, antes do desfile da Another Place Foto: CAPRICHO/CAPRICHO

Noah Alef

De origem Pataxó e Kariri-Sapuyá e natural de Jequié, no interior da Bahia, Noah Alef recentemente foi para Milão, na Itália, desfilar para as marcas Dsquared2 e Emporio Armani e celebra o extrapolar das fronteiras pela beleza indígena. “Foram trabalhos muito importantes para que as pessoas aprendam a valorizar a beleza e a cultura indígenas, a beleza originária do nosso país“, declara.

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Noah Alef nos bastidores do SPFW N54, antes do desfile da Sou de Algodão
Noah Alef nos bastidores do SPFW N54, antes do desfile da Sou de Algodão Foto: CAPRICHO/CAPRICHO

Noah relata que a conquista de ser um modelo recordista do São Paulo Fashion Week, ainda mais sendo um homem indígena, tem um significado muito relevante. “Eu sempre assisti a muitos desfiles, então o SPFW sempre foi um sonho para mim, e um dos meus sonhos era ser recordista. Vou ficar muito feliz se eu for, porque para nós, povos indígenas, é muito importante ter representatividade em cada área. Então, eu como primeiro homem indígena a ser recordista nesse grande evento, eu fico muito feliz. E que outras pessoas possam se espelhar em mim. Eu não tinha pessoas para me inspirar, então fico muito feliz com isso.”

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Ele não para por aí e conta que ainda quer protagonizar desfiles de grifes de prestígio, como Prada, Versace, Gucci, Louis Vuitton… Com certeza em breve o veremos dominando as passarelas mundo afora!

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