Você já se perguntou de onde vem as suas roupas? Quem as produzem e quais são os processos envolvidos na produção da matéria-prima? Essas dúvidas costumam passar pela nossa cabeça quando estamos começando a entender e praticar hábitos conscientes de consumo e são legítimas e importantes de serem respondidas.
Por isso, fiquei tão feliz quando o fui conhecer os bastidores da produção de algodão na Fazenda Pamplona, localizada em Cristalina – GO. O convite chegou do Movimento Sou de Algodão, uma iniciativa da Abrapa (Associação Brasileira de Produtores de Algodão), que busca unir todos os agentes da produção dessa fibra natural, desde as fazendas e os fornecedores de insumo até os estilistas e consumidores finais, com o objetivo de valorizar a moda consciente através de uma origem responsável.
Nesse passeio, aprendi que toda a pluma que sai da Fazenda Pamplona é certificada pelo Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), ou seja, trata-se de uma cadeia produtiva socialmente justa, economicamente viável e que visa a preservação da natureza. E não é simples de conseguir essa certificação não, viu? Existem 183 critérios, sendo 51 indispensáveis, que a fazenda deve cumprir para obtê-la. Entre eles, estão princípios básicos, como a proibição do trabalho análogo à escravidão, do trabalho infantil e de discriminação dos trabalhadores, a garantia de segurança e saúde no ambiente de trabalho, a manutenção da saúde do solo, o uso controlado da água, a correta destinação de resíduos… E, a cada ano, exige-se uma melhora das unidades certificadas – se houver regressão, elas perdem o selo ABR. Não basta dizer que é sustentável, tem que provar na prática! 😉
Acompanhei de perto a colheita mecanizada na lavoura, que enche rolos de cerca de duas toneladas cada – essa técnica, inclusive, evita o desperdício, pois todo o algodão fica armazenado atrás da máquina. Também entendi que 92% do algodão no Brasil é produzido sem irrigação em sequeira, o que significa que as condições de chuva natural são aproveitadas, e a água não é retirada de reservatórios. Legal, né? Essa característica é mais uma prova de que o nosso país está na vanguarda da produção dessa fibra natural – somos o maior fornecedor de algodão responsável e certificado do mundo!
Depois da colheita, o algodão vai para a usina de beneficiamento, onde ocorre a separação da pluma e do caroço. E tudo é reaproveitado, viu? O caroço, por exemplo, faz o famoso óleo de algodão e até serve para fazer ração de animais herbívoros. A pluma, então, segue para a etapa da limpeza, e, ao final, formam-se fardos de algodão que podem ser armazenados nas indústrias têxteis. Sim, é mesmo uma cadeia longa, com centenas de regras e profissionais envolvidos, que vai muito além do que aquilo que vemos nas vitrines das lojas.
Se você ainda está se perguntando qual é a relação disso com a sua forma de consumir, saiba que é toda! Uma dica legal é ficar de olho na etiqueta da peça na hora de comprá-la. Ela foi feita no Brasil? Ponto positivo! É 100% algodão ou quase? Ponto positivo! Afinal, essa fibra tem longa durabilidade, proporciona conforto e é altamente reciclável. Quanto mais puro o tecido, mais chances de a roupa ser reaproveitada e, portanto, de seu ciclo de vida ser prolongado. Podemos também cobrar das marcas transparência dos processos de produção e exigir que elas usem matérias-primas certificadas. A iniciativa SouABR, do Movimento Sou de Algodão, por exemplo, propõe a rastreabilidade da cadeia produtiva das roupas por meio de um QR Code nas etiquetas, deixando mais fácil saber a origem do algodão com certificado ABR. Alô, marcas! Bora entrar nessa?
Fora a beleza da paisagem da plantação de algodão na Fazenda Pamplona, que, sim, me rendeu várias fotos lindas (hahaha!), essa experiência ampliou os meus horizontes na moda e aprimorou a minha capacidade de enxergar além de uma blusinha estilosa. Com certeza quero fazer isso mais vezes!
E você? Gostou de acompanhar essa aventura? Ficou motivada a tentar incluir hábitos de consumo consciente no seu dia a dia?
O próximo texto da coluna O Mundo de Sofia* sai no dia 27 de julho. Beijos e até lá! <3
*A coluna é escrita por Sofia Duarte, repórter de moda e beleza da CAPRICHO.