As marcas Neriage, Weider Silvério, Az Marias, Santa Resitência, LED, Ateliê Mão de Mãe e Isaac Silva encerraram mais uma edição da SPFW N53 com seus desfiles presenciais neste último sábado (4). Ainda em modelo híbrido – e diferente de anos anteriores em que o evento acontecia em sua maioria no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera -, desta vez, o evento dividiu-se entre as localidades Salão Cultura da FAAP (Fundação Armando Alveres Penteado), Senac Lapa Faustolo e o recém-inaugurado Komplexo Tempo, na Mooca e Rosewood, todos em São Paulo.
Um dos grandes momentos do evento foi a emocionante estreia de Giovanna Heliodoro (@transpreta) nas passarelas da semana de moda da LED, etiqueta mineira liderada pelo diretor-criativo Célio Dias que apresentou uma coleção cheia de sentimento íntimos.
Intitulada como “Sinto Tanto”, a coleção, que retrata a alma nua e crua de Célio Dias, mostrou-se nas passarelas sob um olhar sensível, colocando um ponto final em algo que há muito tempo atravessa o estilista mineiro.
“Estou construindo essa coleção há oito meses, mas eu acho que preparei o meu emocional para poder contar essa história há três anos e oito meses, porque foi justamente a que veio a partir de um relacionamento abusivo que eu vivi e contamos essa história na passarela hoje“, revela Célio em entrevista à CAPRICHO.
Ver essa foto no Instagram
“Eu me senti à vontade agora. Eu precisava ter um recomeço e, por isso, queria pessoas reais, porque assim como os modelos, pessoas reais têm histórias reais. Mas, enfim, a gente conseguiu um casting muito cabuloso de pessoas incríveis e que têm história, que contam histórias e que são amigos”, vibra o criador emocionado.
Além de Giovanna Heliodoro, nomes como Alexandra Gurgel, Gil do Vigor, Thais Braz, Mari Gonzalez, Esse Menino, Mateus Carrilho, Paige, Nath Rodrigues, Pedro Luis e Luciano Ferreira também marcaram presença no casting do desfile.
Emoções ao estrear na SPFW para LED
Ser convidada e desfilar pela primeira vez na São Paulo Fashion Week foi muito marcante para a historiadora e comunicadora Giovanna Heliodoro. “Eu tô até um pouco emocionada de falar, mas é porque senti que fui um pontinho numa história muito grande, que eu fui descobrindo durante o processo e descobri que era sobre as histórias que estavam ali juntas em prol de uma história muito maior. Todas as memórias que foram construídas ao longo do desfile, tanto as memórias pessoais quanto as memórias coletivas, foram muito marcantes”, conta ela em entrevista à CAPRICHO.
“O que eu sinto saindo daqui hoje é um gostinho de quero mais. Tive a sensação do que nunca tinha vivido e que hoje eu sinto que é uma possibilidade, sabe? Quando falo isso também é muito louco perceber que eu não sou a única e acho que isso é o mais incrível, saber que eu não estou aqui cumprindo ou preenchendo uma cota de representação. Não é sobre isso. É sobre proporção. É sobre ter outros corpos, assim como o meu, ocupando esse mesmo espaço e criando visibilidade, protagonismo e troca“, analisa Giovanna.
Cada pedaço, a história de um fim
Você reparou que a peça desfilada por Giovanna Heliodoro remete a um monte de colagens e dizeres? Pois bem, Célio Dias e Luciano Ferreiro criaram juntos um lindo recomeço.
“Essa peça veio através de um diário, em que eu descobri todas as traições que eu vivia. O Lu construiu uma colagem comigo a partir desse diário e a gente desenvolveu a estampa. Então, a peça da Gi traz todos esses signos que estão dentro dessa história”, conta o estilista.
Ver essa foto no Instagram
A historiadora ainda comentou a respeito das emoções trazidas pela peça que ela desfilou. “É engraçado porque, de alguma forma, eu me emocionei muito pela minha história pessoal, mas, ao mesmo tempo, também senti uma melancolia, eu não sei, ou uma tristeza”, relata.
“Não senti uma sensação plena de felicidade, claro, pelo momento, mas uma melancolia, uma tristeza de trazer um marco de algo que é muito trágico, doloroso e, ao mesmo tempo, algo que me faz entender que, às vezes, a gente precisa de se resolver com as nossas histórias. E, aí, hoje eu acho que é como se fosse um encerramento de um ciclo para um recomeço”, afirma Giovanna sobre desfilar com um dos pontos-chaves da coleção.
Ver essa foto no Instagram
“Tem um provérbio africano que diz que ‘Exú matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje’, então, assim, eu sinto que é esse o movimento que a gente fez e essa foi a sensação que eu tive, de fazer parte de uma história e de incorporá-la para mim. Foi muito massa. Foi incrível”, complementa.
Processo criativo e desenvolvimento da coleção
A coleção estava incrível mesmo e não é fácil compartilhar com tantas pessoas uma experiência tão pessoal e dolorosa, mas que, hoje, reverbera muito amor e recomeços.
“[O meu processo] é muito da minha cabeça. Ainda bem que eu tenho uma equipe que me entende, porque, às vezes, tem coisas que eu não desenvolvo nenhum croqui. Vou falando ‘é assim, assim e assim’ e [esse processo] vai acontecendo”, detalha Célio Dias.
Ver essa foto no Instagram
“O meu processo vem de coisas que eu vivi. Eu acho que nunca conseguiria, para LED e para mim, fazer algo que eu não tenha vivido. Por isso, as minhas inspirações são coisas que eu vivi e a comunidade em que vivo”, finaliza o estilista responsável por criar um lindo e emocionante desfile no último dia da SPFW.
Demais, né? A CH acompanhou de perto a estreia de Giovanna Heliodora na SPFW e preparou um vídeo especial com os momentos marcantes da noite! Confira:
Ver essa foto no Instagram
E aí, o que você achou? Preparada para acompanhar os próximos passos da Giovanna Heliodoro e de Célio Dias também? Por aqui, seguimos com o coração quentinho e feliz demais de viver tudo isso de pertinho. Desejamos todo o sucesso do mundo para eles! <3