Se tem uma coisa que nós amamos é uma história romântica. Principalmente quando nos identificamos com os personagens e quando eles nos prendem do início ao fim. É isso o que acontece em Pessoas Normais, a série que chegou no Brasil pela Starzplay e está fazendo o maior sucesso. Adaptada do romance homônimo de Sally Rooney, ela vai muito além dos clichês de dois jovens apaixonados. Nós te contamos aqui o porquê você deve mergulhar tanto no seriado quando na leitura da obra.
A trama se passa em uma cidade costeira de Sligo, na Irlanda, e segue Marianne, uma jovem de classe média alta, excluída do convívio social adolescente. Ela é sarcástica, curiosa e veste um escudo de intelectual que a faz parecer segura para lidar com seus problemas, com os abusos físicos e mentais do irmão e a indiferença da mãe em relação a ela. Connell é o outro protagonista, um atleta popular que todos gostam, apesar de ser bem na dele. Inteligente, é um dos alunos com menos recursos do colégio. Sua relação com Marianne começa a partir de sua mãe, Lorraine, que é empregada doméstica onde ela mora.
Quando os dois começam a se envolver, eles fingem ser apenas conhecidos diante dos olhos do pessoal da escola e isso é um dos combustíveis da história. A situação não é das melhores, principalmente porque Connell tem que assistir a seus amigos falando mal de Marianne sem fazer nenhuma interferência. Mas a mágica realmente acontece quando estão juntos. Seus sentimentos reprimidos se afloram, eles tiram a capa que vestem socialmente (além das roupas) para serem quem são.
A história não para por aí. Ela se estende para o início da vida adulta dos dois, já na universidade. É aí que vemos o amadurecimento e a evolução dos personagens, chegando até a uma inversão nas características deles que dá todo o toque especial para a trama.
Pessoas Normais é um romance contemporâneo, sensível e intenso. Com a escrita simples de Sally Rooney, possivelmente a primeira da geração millennial a se consolidar na ficção literária, conseguimos nos identificar com os personagens e suas características, afinal, ele retrata algo corriqueiro, as conquistas e o amor de pessoas normais.
O ponto forte da história é que ela mostra justamente o amor como um fator de transformação. Acompanhamos Marianne e Connell amadurecendo juntos nos seus encontros e desencontros. Para além disso, a obra aborda questões como autoimagem, a relação entres os humanos e classe social.
O livro por si só já é uma bom o suficiente, mas ganha um quê a mais na tela, principalmente com a brilhante atuação de Paul Mescal e Daisy Edgar-Jones, que faz a química entre Connell e Marianne ficar ainda mais forte. Em 12 curtos episódios, cujos roteiros são da própria Sally ao lado de Alice Birch, vamos aos poucos decifrando as transformações internas dos dois. Há uma espécie de corte temporal, deixando lacunas que o telespectador deve preencher, quase como um quebra-cabeça. Você pode achar que está faltando algo na história, mas isso faz com que a gente se prenda ainda mais a série.
Outra característica que pode gerar estranheza é a quietude da série. As cenas focam muito nas expressões e ações dos personagens e nos faz perceber que a comunicação entre Connell e Marianne é feita pelo o que eles estão sentindo e não dizendo. Para provar que os elogios à série não são da boca para fora, a produção foi indicada ao Emmy nas categorias de Melhor Ator (Paul Mescal), Melhor Roteiro (episódio 3) e Melhor Direção (Lenny Abrahamson).
E é claro que no meio disso tudo rolam as cenas mais quentes. Um dos pontos diferenciais da série, além dos citados acima, é como a nudez é tratada com normalidade. Não há toda aquela fetichização, que mostra apenas a mulher de uma forma muito sexualizada.
Se você está em busca de um romance real, sensível, mas não tão clichê, essa é a escolha certa. Pessoas Normais nos mostra um amor conturbado e cheio de nuances, por isso não espere algo alegre. A trama não é de tragédia, mas em certos pontos é triste e pode te fazer chorar. Ela nos ensina que o amor tem muitas camadas e principalmente desencontros, e que devemos estar abertos a isso.
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