Se você ainda não ouviu o nome de Nicola Yoon, guarde-o. A escritora que nasceu na Jamaica, mas ainda criança foi com a família tentar a vida nos Estados Unidos, vai conquistar seu coração. Seu primeiro livro, Tudo e Todas as Coisas, foi adaptado para o cinema com Amandla Stenberg no papel da protagonista Maddie, uma garota que tem uma síndrome rara e, por isso, não pode sair nunca de seu quarto. O longa chega aos cinemas em 15 de junho.
Como se não bastasse estar prontíssima para dominar as telonas, neste mês Nicola lançou no Brasil seu segundo livro, O Sol Também É Uma Estrela. A obra conta a história emocionante de Natasha, uma garota jamaicana cuja família está prestes a ser deportada dos Estados Unidos. Poucas horas antes de dizer adeus ao país onde cresceu, ela encontra Daniel, um garoto coreano que pode mudar sua vida.
Em entrevista à CAPRICHO, Nicola falou sobre seus novos trabalhos e a importância de retratar a diversidade em livros infanto-juvenis. Afinal, representatividade é uma das melhores formas de transformar o mundo para melhor, né?
CH: Seu primeiro livro, Tudo e Todas as Coisas, vai virar filme! Como se sentiu ao saber que sua história seria vista por milhões de pessoas na telona?
NICOLA YOON: É surreal e maravilhoso! Às vezes ainda me belisco para ter certeza de que tudo é real. (risos) A MGM (estúdio que está fazendo o filme) tem sido muito legal e me deixou fazer anotações no roteiro. Mas o filme é realmente um trabalho de amor da diretora Stella Meghie. Ela é brilhante e tive muita sorte de tê-la no comando desse filme.
CH: Como são Amandla Stenberg e Nick Robinson como Maddie e Olly? Você deu alguma dica sobre os personagens para eles?
NICOLA: Eles são incríveis e capturaram o espírito dos personagens de forma linda. Não precisei dar nenhum conselho a eles. Eles são atores brilhantes e fizeram um trabalho lindo.
CH: Tudo e Todas as Coisas foi baseado em sua primeira experiência como mãe. O que te inspirou a escrever seu novo livro, O Sol Também É Uma Estrela?
NICOLA: Eu queria muito contar uma história de duas pessoas que mudam as vidas uma da outra em um curto período de tempo. Acho que é possível encontrar pessoas que realmente influenciam a direção da sua vida. Eu também queria falar sobre o papel do acaso e da coincidência na vida diária.
CH: O Sol Também É Uma Estrela é sobre uma garota jamaicana e um menino coreano que se apaixonam. Essa história parece bastante com a sua própria, já que você nasceu na Jamaica, seu marido é coreano e vocês dois vivem nos Estados Unidos. Tem algum momento do livro que é inspirado em algo que aconteceu com vocês?
NICOLA: O livro é inspirado no espírito do meu relacionamento com meu marido, mas com certeza não é uma autobiografia. Nós dois somos bem filosóficos e gostamos de falar sobre ideias grandes — o significado da vida, a existência ou não de Deus… Neste livro, Natasha e Daniel meio que entram nessas mesmas discussões, embora eles abordem vertentes opostas. Eu também usei um pouco das nossas origens culturais no livro. Algumas das minhas comidas coreanas preferidas são citadas nele. (risos)
CH: A família da Natasha pode ser deportada dos Estados Unidos. Como você acha que seu livro pode influenciar as pessoas a conheceram a realidade dos imigrantes?
NICOLA: Quando falamos sobre imigração, a conversa normalmente fica focada na política. Às vezes esquecemos que estamos falando sobre pessoas de verdade. Imigrantes são pessoas com os mesmos sonhos e esperanças que você. Imigrar para um país novo é um ato incrível de esperança e coragem. Espero que esse livro possa ajudar a humanizar essas discussões políticas.
CH: Suas personagens femininas são sempre poderosas e brilhantes. A Natasha, por exemplo, é uma garota inteligente que ama física e química. Por que você acha tão importante ter personagens como ela em suas histórias?
NICOLA: É importante ter gente como a Natasha porque não vemos personagens ou pessoas como ela na mídia convencional. Garotas inteligentes que amam ciência existem de verdade e eu adoraria poder vê-las com mais frequência.
CH: Você faz parte da campanha We Need Diverse Books, que incentiva a criação de livros com mais diversidade de personagens. Como acabou se envolvendo?
NICOLA: Quando eu era jovem, não encontrava garotas que se pareciam comigo nos livros. Eu queria que minha filha pudesse se ver num livro quando estivesse crescendo, então descrevi a personagem Maddy, de Tudo e Todas as Coisas, igualzinha a ela. A missão do We Need Diverse Books é muito importante. Todos merecem poder se ver como os heróis de uma história.