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Romero Ferro abraça as raízes do frevo em seu novo disco, Frevália

O cantor pernambucano nos contou os detalhes por trás do projeto e do novo momento de sua carreira

Por Arthur Ferreira Atualizado em 10 jun 2024, 13h34 - Publicado em 9 jun 2024, 19h00

“Estamos pegando nossas origens, trazendo elementos e ritmos regionais, que por muito tempo foram vistos com preconceito, como se fossem menores. Isso não faz sentido. Até em muitas premiações, temos categorias separadas para ‘artista regional’, quando todo artista é regional de algum lugar. Isso precisa ser discutido”, compartilhou Romero Ferro sobre a influência de ritmos regionais na música pop brasileira.

“O público precisa valorizar isso. Existem muitas nuances e possibilidades ainda não exploradas. O frevo, por exemplo, não foi explorado como poderia ser. É legal ver que muitos artistas LGBTQIA+ estão fazendo esse movimento, buscando sonoridades originais.”

Conhecido por sua habilidade em mesclar o moderno com o tradicional, o cantor lançou a segunda parte do disco Frevália, disponibilizando-o por completo em todas as plataformas digitais. Em entrevista exclusiva para a CAPRICHO, Ferro contou detalhes sobre o processo criativo, sua visão sobre a música pop atual e a sensação de colaborar com grandes nomes como Fafá de Belém, Gaby Amarantos, Lia de Itamaracá, Mart’nália e Daniela Mercury.

“Esses momentos me fazem perceber e entender por que estou nesse caminho artístico, que é muito instável e mutável”, refletiu Romero sobre as colaborações musicais que tem realizado. “No meio artístico, é preciso estar dentro de um ‘hype’ para ser respeitado da forma que se deveria. Vemos muitas coisas fazendo sucesso e nos perguntamos por que certas obras têm tanta visibilidade enquanto outras não”.

Natural de Garanhuns, Pernambuco, ele cresceu imerso em uma rica diversidade cultural, algo que ele busca refletir em sua música ao unir ritmos tradicionais com o pop contemporâneo. Romero começou o projeto Frevália em 2016, inicialmente como um movimento cultural que buscava revitalizar o frevo e preservar um ritmo tradicionalmente brasileiro.

“O trabalho veio da vontade de colocar o dedo nessa ferida”, revelou Romero que, assim que compartilhou com os amigos sua ideia para um disco de frevo, foi questionado sobre ser um cantor pop trocando de gênero musical.  “O frevo é a música pop de Pernambuco. É uma música regional pernambucana, mas esse regional não deixa de ser nacional. Porque tudo que é nacional e mainstream foi regional de algum lugar”.

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O frevo é um ritmo maravilhoso que é patrimônio imaterial e é muito respeitado, mas dentro do cenário que a gente vive hoje no mercado, não tem uma prateleira.

Romero Ferro sobre o Frevo no mercado musical

O projeto teve início como um show de rua, onde Romero e seus convidados apresentavam frevos de novos compositores. O objetivo sempre foi oxigenar o gênero, trazendo uma nova vida e novas audiências para o frevo, que muitas vezes é lembrado apenas durante o carnaval.

“Eu sempre achei que o frevo é um ritmo extremamente potente, mas que não tocava o ano inteiro. É engraçado porque até em Pernambuco, onde ele foi criado, ele está muito mais atrelado ao carnaval do que qualquer outra coisa,” comenta Romero.

A primeira parte do Frevália foi lançada em fevereiro com colaborações poderosas e agora, com a segunda parte, Romero traz outros nomes de peso para o projeto. A presença de Fafá de Belém na faixa Frevinho é um destaque especial para o cantor. “Eu gravei com a Fafá no dia do meu aniversário. Foi o maior presente de todos” contou Romero.

A música, que narra a alegria das festas carnavalescas, combina as tradições musicais de Pernambuco com as batidas eletrônicas do technomelody, um gênero muito popular no Pará, estado de Fafá. Romero define a canção como um “tecnofrevo”.

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Além de reviver clássicos do frevo, o álbum busca atrair um público jovem, introduzindo-os a um ritmo tradicional de uma forma moderna e acessível. Das dez faixas do álbum, quatro são releituras de clássicos do frevo. Romero observou que muitas pessoas não estavam familiarizadas com essas músicas, que fizeram muito sucesso no passado.

“Eu vejo que a possibilidade desse projeto de reler clássicos com uma pegada diferente faz com que um público novo se conecte diretamente”, comenta Ferro.

A produção musical do Frevália envolveu um estudo profundo dos elementos que compõem a música pop contemporânea, adaptando esses elementos ao frevo. “Nós estudamos todos os elementos, entendendo quais eram os beats da música pop que estavam em alta e como poderíamos trazer isso para o frevo. Acima de qualquer coisa, queremos que ele atinja tanto as pessoas que já conhecem frevo, das gerações passadas, quanto as novas gerações,” diz Romero.

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Uma das faixas lançadas na primeira parte do disco, Em Plena Lua de Mel, em colaboração com Gaby Amarantos, está concorrendo ao prêmio de Melhor Canção Popular no Prêmio da Música Brasileira 2024. Romero não esconde a felicidade com a nomeação e reflete sobre as conquistas de sua carreira que, segundo ele “precisa ser construída passo a passo, especialmente para um artista independente”.

Sou um artista LGBTQ+, nordestino, pernambucano, do interior de Pernambuco, de uma cidade chamada Garanhuns. Estar no Prêmio da Música Brasileira com todos esses recortes é resistir e entender que o trabalho que estamos fazendo é importante.

Romero Ferro sobre a indicação ao Prêmio da Música Brasileira

A música Frevo da Saudade marca a primeira vez que Lia de Itamaracá canta frevo, adicionando um toque especial e histórico ao álbum de Romero. Lia é amplamente reconhecida como um ícone cultural, especialmente pela sua contribuição à Ciranda, uma dança tradicional pernambucana.

Para Romero, tê-la no álbum foi uma grande honra. ” Ver e ouvir Lia cantando foi emocionante demais, eu chorei muito. Em Pernambuco, todos sabemos da força e potência que Lia tem, especialmente como uma mulher preta que veio de Itamaracá, uma ilha que enfrenta muitos desafios culturais e de recursos”, comenta Romero.

“Para mim, ela é um exemplo de resistência. Como artista do interior do Nordeste, às vezes fico em dúvida sobre o meu caminho, mas ver Dona Lia, com 80 anos, cantando com toda a graça, mantendo viva a tradição da Ciranda lá na Ilha de Itamaracá, me inspira demais”, continuou.

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Agora, o Frevália está prestes a se transformar em um grande festival de música tropical, aprovado pela Lei Rouanet, que passará por seis capitais brasileiras. Com um lineup impressionante, o festival contará com a participação de artistas como Pabllo Vittar, Alceu Valença, Elba Ramalho, Gloria Groove, Gaby Amarantos, Liniker e Daniela Mercury, além de intervenções artísticas, documentários e debates.

“O público pode esperar um dia inteiro de atividades e shows, não apenas um show do Frevália. Teremos participações especiais incríveis, tanto do álbum quanto outras inéditas e surpreendentes. Queremos criar um grande movimento musical que misture o frevo com a música pop tropical brasileira e a cultura popular local de cada cidade que visitarmos”, compartilhou Ferro.

Por fim, Romero revela alguns detalhes sobre seu próximo álbum: “Meu próximo álbum se chamará Ouro e será o meu terceiro álbum de estúdio. Ele vai ser lançado no final do ano, começando em setembro com o lançamento de singles e depois o álbum completo.”

Leia a entrevista completa:

CAPRICHO: Romero, você poderia nos contar um pouco sobre o processo de criação e produção da segunda parte do álbum “Frevália”?

O frevo é um ritmo maravilhoso que é patrimônio imaterial e é muito respeitado, mas dentro do cenário que a gente vive hoje no mercado, não tem uma prateleira. Eu comecei esse projeto em 2016 e ele nasceu na rua como um show onde a gente ia receber convidados e mistura-los um frevo de novos compositores. A ideia era realmente dar uma oxigenada.

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Eu sempre achei que o frevo é um ritmo extremamente potente, mas que não tocava o ano inteiro. É engraçado porque até em Pernambuco, onde ele foi criado, ele é um ritmo que está muito mais atrelado ao carnaval do que qualquer outra coisa. Existem, obviamente, artistas que fazem frevo em Pernambuco e que tentam tocar o frevo o ano inteiro, mas é um número muito pequeno. O mercado não investe o suficiente para que isso vire uma cadeia cíclica onde as pessoas escutem e consumam o frevo regularmente.

Então, o trabalho veio da vontade de colocar o dedo nessa ferida, mas não no sentido de criticar. É para dizer que temos algo muito potente e forte.Quando eu disse para vários amigo que estava pensando em fazer um álbum de frevo, eu escutei de muita gente: “Mas Romero, você é cantor pop, vai tocar frevo?” E eu falava: “Gente, mas o frevo é pop”. O frevo é a música pop de Pernambuco. É uma música regional pernambucana, mas esse regional não deixa de ser nacional. Porque tudo que é nacional e mainstream foi regional de algum lugar.

Para todos os artistas que eu convidei para gravar o disco, 90% deles me disseram sim imediatamente, o que foi uma surpresa maravilhosa para mim. A partir do momento que Daniela, Fafá, Rodrigo Chart, Orquestra, entre outros, entram na canção, eles levam o frevo para lugares que eu provavelmente não conseguiria. 

O álbum “Frevália” busca mesclar o moderno com o tradicional. Como você vê a importância de preservar e revitalizar ritmos brasileiros como o frevo para as novas gerações?

Das dez faixas do álbum, quatro são releituras, são regravações de clássicos. Quando eu lancei o álbum, muitas pessoas me mandaram mensagens dizendo: “Caramba, eu não conhecia essa música!” E todas essas canções fizeram muito sucesso no passado. Eu vejo que a possibilidade desse projeto de reler clássicos com uma pegada diferente faz com que um público novo se conecte diretamente. 

Todo o processo de fazer o álbum foi um estudo para mim e para o Lucas Maia, que é o produtor musical do projeto. Nós estudamos todos os elementos, entendendo quais eram os beats da música pop que estavam em alta e como poderíamos trazer isso para o frevo. Acima de qualquer coisa, queremos que ele atinja tanto as pessoas que já conhecem frevo, das gerações passadas, quanto as novas gerações. 

Eu sei que muitas pessoas, por exemplo, não conhecem frevo. Para muitos, era apenas um ritmo de carnaval, uma marchinha. Estamos trabalhando para apresentar e difundir o frevo dessa forma. Vejo o projeto com uma função importantíssima. E eu não estou sozinho nisso, nem quero estar. Quero que mais pessoas pensem em projetos bonitos, porque acredito que um movimento só se fortalece quando há uma cena de pessoas acreditando nele e fazendo isso juntos.

CAPRICHO: Cada vez mais artistas LGBTQ+ tem trazido suas raízes regionais para as músicas. O que você tem achado disso e como isso te influencia?

Eu acho muito importante. Isso só cria mais identidade para a gente, né? O Brasil é gigante e precisa olhar para si mesmo. Por muito tempo, nossas referências pop vinham de fora, do que estava sendo feito na gringa. A gente tentava trazer e adaptar isso aqui, mas não tinha uma cena pop própria como temos hoje. Atualmente, existe um entendimento de que o pop brasileiro é específico e rico, tudo dentro do guarda-chuva do que eu chamo de pop tropical. 

Estamos pegando nossas origens, trazendo elementos e ritmos regionais, que por muito tempo foram vistos com preconceito, como se fossem menores. Isso não faz sentido. Até em muitas premiações, temos categorias separadas para “artista regional,” quando todo artista é regional de algum lugar. Isso precisa ser discutido.

Esse movimento de incorporar elementos regionais ao pop começou, na minha opinião, com a Banda Uó e a Gang do Eletro. Eles inovaram e prepararam um terreno que, quando a Pabllo chegou, ela desbancou tudo. O trabalho dela sempre foi disruptivo para mim. Lembro da primeira vez que ouvi um álbum dela, aquela mistura de reggae com forró me surpreendeu. Isso abriu espaço para muitos outros artistas com seus trabalhos. 

O público precisa valorizar isso. Existem muitas nuances e possibilidades ainda não exploradas. O frevo, por exemplo, não foi explorado como poderia ser. É legal ver que muitos artistas LGBTQIA+ estão fazendo esse movimento, buscando sonoridades originais. 

Sua faixa “Em Plena Lua de Mel” está concorrendo como melhor canção popular no Prêmio da Música Brasileira 2024. Como você se sente sobre essa indicação e qual é a importância desse reconhecimento para você?

Eu fiquei muito feliz e chorei muito. Esses espaços são, sem dúvida, espaços de resistência para mim. Sou um artista LGBTQ+, nordestino, pernambucano, do interior de Pernambuco, de uma cidade chamada Garanhuns, que é a cidade de Dominguinhos, um sanfoneiro incrível que influenciou muito a música popular brasileira. Estar no Prêmio da Música Brasileira com todos esses recortes é resistir e entender que o trabalho que estamos fazendo é importante.

Ter essa indicação junto com a Gaby Amarantos, que eu considero uma irmã, é maravilhoso. Ela abraçou “Em Plena Lua de Mel” desde o primeiro momento. Essa foi a primeira canção pronta, e foi dela que partiu a vontade de continuar experimentando até chegar no “Frevália”. Quando a canção ficou pronta, pensei imediatamente em mandar para a Gaby. Ela topou na hora e mergulhou de cabeça.

Nós fizemos uma mudança na letra, que originalmente foi composta por Reginaldo Rossi, para trazer um olhar mais feminista. A letra original falava sobre traição e acusava a mulher de traidora. Entrei em contato com a família do Reginaldo, falei com o filho dele, Roberto Rossi, e ele foi super receptivo à ideia. A Gaby amou a proposta, e ajustamos a letra juntos no estúdio.

Quando veio a indicação, foi um reconhecimento enorme do esforço e do trabalho bonito que fizemos. Chorei muito quando soube, porque sei que existem muitas barreiras para que o frevo chegue às pessoas. Estar numa premiação nacional, concorrendo ao lado de artistas incríveis é uma honra. 

Você mencionou que gravar com Fafá de Belém foi um sonho realizado. Pode nos falar mais sobre essa parceria e como foi trabalhar com uma das grandes vozes da MPB?

Nossa, para mim foi emocionante! Eu gravei com a Fafá no dia do meu aniversário. Foi o maior presente de todos. Ela tem uma agenda muito cheia, e a gente começou a conversar sobre essa parceria alguns meses antes. Ela sempre dizia: “Marinho, estou dentro! Quero fazer coisa nova, me chama!”.

Gravamos no meu aniversário e foi incrível. Passamos a tarde inteira no estúdio. Ela chegou maravilhosa, gravou tudo com uma dedicação impressionante. Depois que ela terminou de gravar, comecei a ter algumas ideias na hora e propus que fizéssemos uma mistura de frevo com tecnomelody, um gênero muito popular no Pará, para unir as tradições musicais de Pernambuco e Pará. Seria um tecnofrevo.

A voz dela tem uma densidade e profundidade impressionantes, é potente, com um drive que só ela tem. Ela cantou com tanta emoção e intensidade, foi perfeito. Eu estava lá, ouvindo, aplaudindo e aprendendo. Quando chegou a minha vez de gravar, fiquei nervoso, pensando: “Meu Deus do céu, vou cantar com a Fafá!” Mas foi uma experiência maravilhosa, e o resultado ficou incrível.

A música “Frevo da Saudade” marca a primeira vez que Lia de Itamaracá canta frevo. Como surgiu essa colaboração e qual foi a reação dela ao explorar esse novo estilo?

A Lia de Itamaracá é um ícone da nossa cultura e um patrimônio imaterial. Ela tem 80 anos e nunca tinha gravado um frevo. Ver e ouvir Lia cantando foi emocionante demais, eu chorei muito. Em Pernambuco, todos sabemos da força e potência que Lia tem, especialmente como uma mulher preta que veio de Itamaracá, uma ilha que enfrenta muitos desafios culturais e de recursos. Dona Lia batalhou muito para ser reconhecida, para ter um cachê digno e para poder tocar. Hoje, graças a Deus, as pessoas estão começando a dar o reconhecimento que ela merece, mas ainda acho que ela deveria ser muito mais conhecida do que é.

Para mim, ela é um exemplo de resistência. Como artista do interior do Nordeste, às vezes fico em dúvida sobre o meu caminho, mas ver Dona Lia, com 80 anos, cantando com toda a graça, mantendo viva a tradição da Ciranda lá na Ilha de Itamaracá, me inspira demais. Ela está fora desse fluxo de mercado mainstream, mas continua firme, fazendo o que acredita. Isso foi muito potente para mim. 

Como você se sente tendo conquistado tanta coisa e várias colaborações com ícones da música brasileira em pouco tempo de carreira?

Olha, eu fico muito feliz e emocionado. Esses momentos me fazem perceber e entender por que estou nesse caminho artístico, que é muito instável e mutável. Um dia é uma coisa, no outro é outra. No meio artístico, é preciso estar dentro de um “hype” para ser respeitado da forma que se deveria. Vemos muitas coisas fazendo sucesso e nos perguntamos por que certas obras têm tanta visibilidade enquanto outras não. O sistema capitalista em que vivemos contribui para essa dinâmica.

Quando era mais novo, achava que ia lançar uma música e bombar imediatamente, mas a realidade é diferente. A carreira precisa ser construída passo a passo, especialmente para um artista independente como eu. Cada passo envolve trazer pessoas, criar reconhecimento e credibilidade.

Ter nomes gigantes da música, como Daniela Mercury, Lia de Itamaracá e Fafá de Belém ao meu lado, é um sonho. Eu chorei quando ouvi as colaborações porque elas remetem a memórias do meu passado. Cresci ouvindo Daniela, e de repente, estou fazendo uma música com ela. Isso me dá certeza de que estou no caminho certo.

Vejo minha carreira sendo construída de forma sólida e atemporal. Quero que minhas canções sejam tocadas agora e também daqui a 10, 20 anos. A maturidade e os desafios que enfrentei me ajudaram a entender que as coisas não acontecem de uma hora para outra. Estou preparado para altos e baixos, entendendo que construir um legado é muito mais importante do que o sucesso imediato.

No segundo semestre, o “Frevália” se transformará em um festival de música tropical, passando por seis capitais brasileiras. O que o público pode esperar desse festival e quais são suas expectativas para essa nova fase do projeto?

Estou muito animado com essa nova fase do “Frevália”. Já fizemos algumas edições em formatos menores para testar e ajustar a proposta, e agora estamos prontos para levar o festival a seis capitais do Brasil: Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília.

O público pode esperar um dia inteiro de atividades e shows, não apenas um show do “Frevália”. Teremos participações especiais incríveis, tanto do álbum quanto outras inéditas e surpreendentes. Queremos criar um grande movimento musical que misture o frevo com a música pop tropical brasileira e a cultura popular local de cada cidade que visitarmos.

Além dos shows, teremos documentários sobre o frevo e outras expressões culturais populares dos lugares que visitarmos. Queremos promover discussões e debates sobre a cultura brasileira e suas diversas manifestações.

Eu também me apresentarei em duas “skins”: uma como Romero, com o projeto “Frevália”, e outra lançando meu novo álbum. Serão shows diferentes, representando momentos e processos distintos da minha carreira. Tudo que faço está dentro do guarda-chuva do tropical brasileiro, então uma coisa acaba fortalecendo a outra.

Quais spoilers você pode nos dar sobre seu próximo álbum?

Meu próximo álbum se chamará “Ouro” e será o meu terceiro álbum de estúdio. Ele vai ser lançado no final do ano, começando em setembro com o lançamento de singles e depois o álbum completo.

Este álbum fecha uma trilogia estética e sonora que comecei com meus álbuns anteriores, “Arsênico” em 2016 e “Ferro” em 2019. Cada álbum tem um nome de elemento da Tabela Periódica, o que não foi coincidência. “Ouro” é o arremate dessa trajetória e reflete o momento atual tanto no Brasil quanto internacionalmente.

As músicas do álbum são todas inéditas e foram compostas especificamente para este projeto. Será diferente do “Frevália”, mas ao mesmo tempo haverá uma conexão entre eles. Este álbum é muito brasileiro, mas também tem uma abordagem única.

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