O que rolou na estreia da 6ª temporada de Mad Men
Qual será o destino de Don Draper? O começo do primeiro episódio desta sexta temporada de Mad Men – que estreou nos EUA no domingo – é idílico. É tão idílico que se torna pouco crível. Don e Megan em uma praia paradisíaca, tomando sol, indo a festas tropicais, se embebedando… Claro que fica no ar […]
Qual será o destino de Don Draper?
O começo do primeiro episódio desta sexta temporada de Mad Men – que estreou nos EUA no domingo – é idílico. É tão idílico que se torna pouco crível. Don e Megan em uma praia paradisíaca, tomando sol, indo a festas tropicais, se embebedando… Claro que fica no ar a sensação iminente de que all hell will break loose, sendo Don quem é. E, de fato, em algum momento, o castelo de areia do personagem desmonta. Eram muitas as pequenas dicas ao longo do episódio, a mais evidente sendo a leitura de férias do bonitón: Inferno (uma das partes de A Divina Comédia), de Dante Alighieri. Boa, né?
Até aí, tudo normal no universo de Mad Men: Don Draper é um cara atormentado, cheio de questionamentos existenciais desde o primeiro instante em que pisa na Sterling Cooper com seu charme e visual impecáveis. E essas contradições é que fazem o personagem interessante e até amável — apesar de ser sexualmente agressivo (e, às vezes, abusivo), feroz como publicitário e falso na identidade. Don é encantador, carente, dependente em muitos aspectos e, mesmo quando transpira autoestima, é inseguro. Ele deposita nas mulheres ao seu redor uma confiança que não vem de arroubos feministas, mas de sentir nelas uma força que vem da transparência. É assim com Peggy, é assim com Joan. Daí a decepção dele quando ela topa o acordo com o diabo – aka dormir com o cliente – para ser sócia da agência.
É perante a última mulher da sua vida que Don parece mais impotente, já que Megan é o oposto de Betty, a perfeita dona-de-casa. Ela tem aspirações próprias, encontra um novo papel e maior, sempre tentando fazer com que ele experimente a vida da mesma forma que ela. Mas Don se afasta mesmo que seja nas suas divagações; como se fosse puxado pelo mar que ele encara, meio perdido, durante as férias. É como uma realidade alternativa, uma vida após a morte (o paraíso ou o inferno?), um lugar onde o tempo não passa. Tanto é que o relógio dele para.
Enquanto alguns encaram novas vidas – Peggy se dando bem na agência e Betty surtada decidindo ficar morena – o link com a morte permanece. É quase uma assombração que aparece em flashes ao longo de todo o episódio: a mãe de Roger morre e o porteiro de Don tem uma experiência de quase-morte. Don Draper, no entanto, vacila em sua antiga vida: ele bebe e vomita durante o funeral e perde seu mais novo-único-amigo, o vizinho Rosen. Causa mortis? Dormiu com a mulher do cara.
Não à toa, no fim das contas Don demonstra uma curiosidade quase mórbida pela experiência do porteiro: como é morrer? O que você vê do outro lado? Acho que Mad Men já encara sua própria finitude na sétima temporada, se prepara para ela e talvez para nos fazer despedir de maneira ainda mais definitiva de seu heroi sem caráter. Seria a imagem de uma das aberturas mais icônicas (que eu amo!) apenas um vislumbre do futuro? Gosto da tensão proposta neste começo, mas não tinha a menor necessidade de 2h para mostrar isso. Foi um episódio lento, arrastado, apesar de bem produzido. Como sempre.
Update rápido: A 6ª temporada da série estreia por aqui no dia 22 de abril, na HBO.
E vocês, meninas? O que acharam da estreia de Mad Men? Quero ouvir suas opiniões nos comentários!
Beijo 😉