Moxie: 7 coisas que o filme nos ensina quando o assunto é sexismo
A nova produção da Netflix aborda assunto importante ao mostrar um grupo de meninas se mobilizando na escola contra as opressões de gênero
As pequenas opressões do dia-a-dia que toda mulher enfrenta, muitas vezes passam despercebidas Elas estão tão intrínsecas em nossa sociedade, que podem ser tidas como “normais”, seja em casa, na rua ou na escola. ~Virar a chave~ e ter consciência de que as desigualdades de gênero e o sexismo precisam acabar, é o primeiro passo para a aproximação com o feminismo. E é isso o que o novo filme da Netflix, Moxie: quando as garotas vão à luta, aborda ao acompanhar a revolta de um grupo de meninas em uma escola que “passa pano” para o machismo.
No mês da mulher, essa discussão fica ainda mais latente, e nada melhor do que a maior plataforma de streaming lançar um filme como este para um público jovem.
Moxie acompanha uma adolescente tímida, Vivian (Hadley Robinson) de 16 anos, que sempre segue as regras e prefere nunca chamar a atenção. Até que, inspirada por uma nova aluna e pelo passado de sua mãe, Lisa (Amy Poehler – também produtora e diretora do filme), ela decide publicar um zine – uma obra de pequena circulação, com textos e imagens, geralmente produzidos em uma copiadora – em anônimo, denunciando o sexismo na escola. O que ela não imaginava é que a publicação causaria uma grande mobilização entre as garotas.
A desconstrução das personagens ocorre em meio a todos os dramas e pressões comuns na adolescência. Por isso, algumas atitudes das meninas podem ser tidas como precipitadas, o que é compreensível já que o filme é ambientado no ensino médio e elas ainda estão entrando em contato com o movimento. A própria mãe de Vivian diz que no começo de sua jornada com o feminismo ela e suas amigas erraram muito.
E sabemos que com os erros vêm os aprendizados, não é mesmo? (ou esperamos que sim). Sendo assim, a CH trouxe 7 ~ensinamentos~ que o filme traz sobre o sexismo e como enfrentá-lo.
Atenção! Esta matéria pode conter spoilers. Se você preferir, assista ao filme primeiro e volte aqui em seguida.
1) Isso não é piada!
Quantas vezes alguém falou ou fez algo com você apenas pelo fato de ser mulher? É difícil enxergar certas atitudes de maneia séria, pois elas acabam se tornando corriqueiras, como por exemplo mexer no seu corpo sem a sua autorização. São atitudes sérias e que devem ser levadas a cabo. Não é você quem tem que “aceitar” que é uma brincadeira, a pessoa deve entender que certos assuntos não são piadas. O que nos leva ao segundo ponto.
2) Tenha coragem e mantenha a cabeça erguida
Enquanto Vivian pedia para que Lucy (Alycia Pascual) abaixasse a cabeça para as assédios de Mitchell Wilson (Patrick Schwarzenegger), a nova garota da escola disse que faria exatamente o contrário: manteria a cabeça levantada, bem alta. Esse foi um dos primeiros estímulos que fez com que Vivian criasse o Moxie. É preciso ter coragem contra o sexismo e as opressões de gênero, e denunciar, pois muitas vezes você será desacreditada – pelos outros e por si mesma.
3) Para todas as garotas
Moxie nos mostra como é importante a mobilização conjunta e a união das mulheres. Em filmes adolescentes, principalmente aqueles passados no ensino médio, a rivalidade feminina sempre é um assunto que vem à tona. Mas nesta produção, isso é totalmente deixado de lado e vemos um grupo de garotas, cada uma com sua singularidade, aprendendo e trabalhando juntas.
Aqui vale destacar a diversidade do elenco. Temos mulheres negras, asiáticas, com deficiência e mulher trans, a CJ, interpretada por Josie Totah. Cada uma com seus próprios empasses, como é o caso de CJ, que tenta conseguir o papel principal na peça da escola. Apesar disso, com todas as limitações de um filme, as complexidades e interseccionalidades do feminismos não são tratadas com profundidade.
4) Cada uma tem o seu modo de lutar
Com toda a pluralidade que citamos acima, Moxie nos apresenta também diferentes formas de se mobilizar. Um exemplo disso é a Claudia, melhor amiga da Vivian, que no início parecia indiferente em relação aos protestos das garotas, mas a verdade é que ela tinha o seu próprio jeito de demonstrar apoio, sem ter que mudar de roupa ou ter que enfrentar a sua mãe. Ela teve que levar em conta toda a história de sua família asiática, e o esforço que fizeram para ela chegar onde está, por isso, Claudia decidiu atuar de forma mais lógica e operacional.
5) Os feitos dos homens não são mais importantes do que os das mulheres
Vivemos em uma sociedade patriarcal, em que o homem está no topo da pirâmide e detém todo o poder. Isso faz com que os feitos das mulheres passem despercebidos, não é à toa que na história sempre vemos grandes pensadores masculinos, e nunca femininos. Na ciência, as mulheres ainda têm pouca presença e no futebol elas não têm o seu devido valor. Tudo isso faz com que questionemos os nossos feitos, como Kiera Pascal (Sydney Park), uma jogadora muito melhor do que Mitchell, mas que seu time de futebol feminino não recebe apoio da escola, mesmo sendo vencendo mais do que o dos meninos.
6) É um problema de todos
Em uma das cenas do filme vemos claramente o professor de inglês tirar a culpa de si sobre um problema que ronda a escola e a sociedade, após uma aluna ser mandada para casa por vestir uma blusa regata: o sexismo. Nossas roupas não são responsáveis pelo comportamento dos meninos, não devemos ser “menos respeitadas” pelo o que vestimos. Infelizmente, o caso do filme se repete com frequência na vida real, como mostramos aqui nesta semana.
Todos nós o devemos enfrentá-lo, pois ele não diz respeito apenas às mulheres. Como bell hooks diz no livro O feminismo é para todo mundo: “O pensamento feminista ensina a todos nós como amar a justiça e a liberdade de maneira a nutrir e afirmar a vida”.
7) Solte a sua voz
Uma das primeiras cenas do filme é com Vivian fugindo de algo na floresta, quando ela tenta gritar e não consegue. Isso é muito simbólico, pois a partir daí vemos toda a trajetória da jovem em busca de sua própria voz. Ela a encontra e grita por e com todas as garotas.
Muitas vezes somos levadas a acreditar que nossa voz não tem valor, que devemos nos calar. Moxie nos mostra o contrário, que é importante defender nossas causas e nos erguer por elas.
Amamos um clichê adolescente? Claro que sim! Moxie não deixa de abordar as preocupações da adolescência, como entrar na faculdade ou ter relações sexuais pela primeira vez. Mas, para além disso, o filme faz reflexões sérias que precisam acontecer em todos os ambientes em que mulheres frequentam, a começar pelas escolas. E tudo isso de forma leve e didática.