Ufa! Finalmente terminei a 2ª temporada de 13 Reasons Why. A primeira temporada tinha mexido bastante comigo, como falei aqui logo depois que assisti de uma só vez. Uma das coisas que mais falam comigo nessa série é como os personagens passam por sentimentos e situações bem reais da vida.
Eu lido com crises de ansiedade e depressão desde a adolescência. Demorou para que eu conseguisse assumir isso para mim mesma e buscar ajuda profissional para conseguir lidar com essa questão de saúde. Acredito que ver algumas séries tocarem nesse assunto me ajuda a lembrar que não sou a única lidando com essas questões, que é mais comum do que se imagina.
Segundo estudo da OMS, o Brasil é o país com maior porcentagem de pessoas que sofrem de transtorno de ansiedade (9,3%) e o quinto, em casos de depressão (5,8%). Segundo a Organização, são 322 milhões de pessoas com depressão em todo o mundo. Por que ainda é tão difícil falar abertamente sobre esse problema de saúde?
Algumas séries conseguem ser bem realistas quando retratam alguns sentimentos de ansiedade e depressão. O gênero de drama adolescente mudou e aos poucos o mundo perfeito e ideal de The O.C. e Gossip Girl foi dando espaço para séries mais profundas como 13 Reasons Why e The End of Fucking World. Claro, falar sobre temas como primeiro beijo, primeira experiência sexual, primeiro coração partido também é importante (e bem legal de acompanhar), mas essa geração está tendo contato com outros temas que eu quase não via retratado na TV na minha época (ou se tinha, era bem mais superficial).
Não devemos nos afastar das conversar difíceis só porque elas são, bem, difíceis. Até mesmo quando algumas cenas são difíceis de assistir, elas precisam existir. Aqui estão algumas séries que mexeram comigo e que me fizeram sentir mais representada nessa questão:
1) 13 Reasons Why
A Hannah não foi a única. E nem estou falando do que aconteceu com o Bryce, mas acredito que quase todos os 13 envolvidos sofrem de ansiedade e depressão. Claro, alguns tem outros problemas adicionais como alcoolismo e automutilação. O que mais me intriga na Hannah é que ela não conseguia ver que sim, tinha gente que se importava com ela e que aquele não era o único caminho. Muito do que a Hannah sentiu é bem verdadeiro para quem sofre de depressão, por isso a série é tão importante.
2) This is Us
O personagem de Sterling K. Brown parece ter tudo perfeito, mas o Randall sofre de ansiedade. Aquele tipo de crise que paralisa. O ataque de pânico que foi mostrado, desencadeado por várias situações de ansiedade, fez com que ele sentasse em um canto e não conseguisse se mexer. Esse tipo é cruel, parece que você está enlouquecendo ou que está prestes a morrer. Na próxima temporada, eles vão abordar a depressão do Toby e veremos como um personagem todo cheio de energia e bom humor, também pode ter oscilações e sofrer de depressão.
3) BoJack Horseman
A animação virou uma espécie de porta-voz da depressão, por isso é tão difícil assistir a algumas cenas. Uma ex-celebridade dos anos 1990 que lida com vícios fazendo sátiras do universo do entretenimento. Não é nada lindo ou dramático. Muitas pessoas sentem que é muito próximo da realidade e isso pode ativar alguns sentimentos ao assistir.
4) You’re the Worst
A temporada que abordou a depressão da Gretchen foi simplesmente fenomenal! Eu amei que ela virou para o Jimmy e disse que precisava que ele entendesse somente que ela não tinha como ser “consertada”. O que eu amei foi que a série mostrou que a depressão clínica não é um defeito, mas uma situação biológica, que precisa ser tratada com remédios e acompanhamento psicológico (mesmo que ela tire sarro dessa necessidade). Ela tinha vários altos e baixos, que não são fáceis de controlar, mas mesmo assim não significa que precisam de conserto. Uma das melhores séries atuais!
5) The End of the F- World
Que série! Eles conseguiram abordar tantos assuntos com uma leveza cômica mas tão necessária. Eu amei a forma como eles mostram esses personagens longe da realidade e que estão claramente enfrentando problemas pessoais bem sérios, como doença mental, violência doméstica, abuso sexual, suicídio e até assassinato! Mal posso esperar por uma segunda temporada, se tiver.
6) Crazy Ex-Girlfriend
Tomar remédios sempre foi um tabu enorme na minha vida. E se tem algo que eu poderia ter feito melhor seria ter procurado ajuda médica antes e ter sido diagnosticada antes. Minha vida não teria sido mais fácil, mas com certeza, alguns dos meus episódios teriam sido mais suportáveis com a ajuda dos remédios. Rebecca tem um diagnóstico complexo e o episódios que eles mostraram a tentativa de suicídio da Rebecca foi no ponto. Eu amo que eles mostram que as pessoas não podem ser definidas pela sua doença (nenhuma que seja), mas que é necessário aprender a existir com ela. “Não é algo que eu tenho, é algo que eu sou”, ela disse.
7) Mr. Robot
Doença mental sempre foi um dos pontos da série. Mas depois dessa temporada, ficou claro como o Elliot luta com sua depressão e circula na questão do suicídio de forma clara, difícil e bem sensível. Não é fácil acompanhar a história do Elliot, mas é importante abordar essas questões psicológicas.
8) Unreal
Rachel tem problemas reais, com anos sendo abusada psicologicamente pelos pais e em um trabalho que precisa manipular as pessoas pelo psicológico, quando ironicamente, ela mesma não está bem. Ela constantemente está tentando provar que é capaz e competente para a Quinn, mas isso não significa que ela não tenha suas dificuldades e falhas pessoais.
9) Fleabag
Essa série é uma daquelas pérolas da TV. Pouca gente assistiu, mas deveriam dar uma chance porque a protagonista é simplesmente genial! Com um humor ácido e interagindo com quem está assistindo, a série mostra o que acontece muito: pessoas depressivas que conseguem disfarçar para o mundo a sua dor através do humor. Do lado de fora, Fleabag está ótima, mas internamente, ela está lidando com questões muito complicadas e que seria incrível se ela tivesse mais suporte da família.
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