Tocar muito cedo em um festival como o Lollapalooza Brasil é sempre uma missão ingrata para os artistas, mas Rincon Sapiência tirou o melhor da situação na tarde desta sexta-feira (23/3), colocando todo mundo pra dançar a partir das 14h30.
O Manicongo, como é conhecido, tocou com banda completona e levou os hits de seu elogiado álbum Galanga Livre pro palco principal do Lolla 2018. “Isso aqui é um decreto. Se a coisa tá é porque ela tá boa, certo?”, falou o rapper antes de mandar A Coisa tá Preta. “Uma grande honra estar dividindo essa energia com vocês, ok?”
Antes de Crime Bárbaro, Rincon fez questão de lembrar Marielle Franco (“Marielle, presente!”) e avisou: “Estou aqui pra contar a história do escravo Galanga. Ele era um escravo e queria ser um rei.”
O que mais impressiona em Rincon Sapiência é como ele consegue colocar todo mundo pra dançar ao mesmo tempo em que põe o dedo na ferida de questões sociais como o racismo e a pobreza. O exemplo perfeito disso veio em Ostentação à Pobreza, com um batidão alto, daqueles que você sente vibrar na caixa torácica, ao mesmo tempo em que o rapper avisa que a “pobreza, ela não morreu”.
“Moramos em um país com um alto índice de mortes de pretos e pretas também”, lembrou, em sua citação a Marielle.
A surpresa da tarde veio quando IZA entrou no palco pra cantar com Rincon, fazendo muita gente sair correndo pro palco ao som de Pesadão e Ginga.
Pra fechar o baile black, Rincon Sapiência colocou todo mundo pra pular e dançar ao som de Afro Rep, no “passinho do Manicongo”, Meu Bloco e Ponta de Lança, grande hit do álbum Galanga Livre. “Se alguém falar que rap não tem nada a ver com Lollapalooza, eu só falo assim: ‘ahn?'”
“Marielle, presente!”, encerrou Rincon, lembrando a luta da vereadora, assassinada no dia 14 de março.