Em 2017, o Mapa da Violência, feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, que fez parte de uma campanha da ONU, apontou que um preto morre no Brasil a cada 23 minutos. E o Atlas da Violência, feito no mesmo ano, mostrou que 75,5% das pessoas assassinadas no país são pretas ou pardas. Além disso, Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2019, também revelou que a chance de um jovem preto ser vítima de homicídio por aqui é 2,5 maior que a de um branco.
Já em 2018, o IBGE levantou que, enquanto a renda domiciliar per capita de pretos e pardos era de R$ 934, a de brancos era mais que o dobro e chegava a R$ 1846. Todos números e dados que você analisar sobre o que representa ser negro no Brasil, um país racista, assustam.
E, diante desse cenário brasileiro triste e caótico, as vitórias de Thelma Assis e Jojo Todynho trazem uma pontinha de esperança para nós. Nos dois dos maiores programa com audiência do país, o pódio para a médica, no BBB20, e para a cantora, em A Fazenda 12, são carregados de representatividade.
Thelma foi campeã de um reality show que, no ano anterior, tinha elegido Paula Sperling, apesar de suas diversas falas racistas, como medalha de ouro. E, no jogo da Record, Jojo superou Biel, um homem preconceituoso, machista, que tem histórico de agressão contra à mulher e que, ainda assim, era um dos favoritos ao público, e foi a primeira preta a vencer a competição.
E, elas sabem dos seus protagonismos dentro desses confinamentos e como isso impacta positivamente a vida de diversas pessoas. “Eu entrei [no Big Brother Brasil] com o propósito de passar essa mensagem de superação em cada detalhe. Quando eu me coloco de trança e assumo meu cabelo crespo, participo de uma prova onde eu fico horas agarrada em uma plataforma escrita ‘Meus Cachos’, eu posso mostrar que o nosso cabelo é bonito”, disse Thelminha para a CAPRICHO durante uma coletiva de imprensa.
E, Jojo definiu, em uma entrevista para Fábio Porchat, que a própria imagem dela, de mulher preta e gorda, por si só já é um “afrontamento” para a sociedade. “As pessoas dizem que abominam o preconceito, abominam o racismo, abominam isso e aquilo. Mas, quando aparece uma Jojo, o que acontece? As máscaras caem”, disse.
No Twitter, a comoção dos internautas por essas conquistas ficou entre os assuntos mais comentados da rede social. Separamos algumas reações, confira:
2020 foi um ano difícil, mas cheio de representatividade e luta contra o racismo tivemos campeãs Pretas, e Jojo vai ser mais uma Preta a ganhar um reality pra fechar os Realities de 2020 com Chave de Ouro #AFazenda12 #JojoNaFinal #JojoFinalista #JojoCampeã #Milionária https://t.co/fwcrbm1Yo7
— Gabriel Todynho 💥 #JojoCampeã (@gomesfazendeiro) December 15, 2020
Jojo Todynho, uma mulher preta, gorda e periférica, desafiando todos os padrões fez história na TV brasileira e nunca esteve errada na sua tese! Representatividade importa. 💛
— Nath 🌸 (@_NathachaR) December 18, 2020
THELMA ASSIS-2020
JOJO TODYNHO-2020
O PODER E A REPRESENTATIVIDADE MEU POVO,É SOBRE ISSO… #FinalAFazenda pic.twitter.com/elCu4D9Kb1— 𝗘𝗠𝗘𝗥𝗦𝗢𝗡 𝗥𝗢𝗗𝗥𝗜𝗚𝗢 (@simsouemer) December 18, 2020
QUE COISA LINDA!
Thelma Regina e Jojo Todynho foram as vencedoras dos dois maiores reality shows do Brasil em 2020. #FinalAFazenda #JojoCampeã pic.twitter.com/irsq4GaPwp
— Séries Brasil (@SeriesBrasil) December 18, 2020
O ano começou com a Thelma ganhando e vai finalizou com a Jojo ganhando, pelo menos isso 2020 nós concedeu! #FinalAFazenda pic.twitter.com/P5lBe3OLdZ
— ɑlissσn ♡ | 𝕸𝖔𝖉𝖔 𝕿𝖚𝖗𝖇𝖔 (@alissonitter) December 18, 2020
As 2 novas milionárias do ano são duas mulheres pretas porra
JOJO TODYNHO E THELMA REGINA 🖤 #FinalAFazenda pic.twitter.com/UJV8FZDf9l— jeff 👨🏾🌾 (@JeffComenta) December 18, 2020
Que cada vez mais, na televisão, a gente possa assistir a mulheres pretas em posição de poder. Obrigada Thelma e Jojo. As suas vitórias dão mais esperanças para o nosso país!