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Jaffar Bambirra carrega a paixão pela música em todos os seus papéis

O ator está sendo elogiado por seu papel em A Vida Pela Frente, série nacional dirigida por Leandra Leal

Por Arthur Ferreira 13 ago 2023, 10h00

Jaffar Bambirra é um dos protagonistas de A Vida Pela Frente, nova produção original da Globoplay que conta a história de um grupo de amigos que estão no último ano da escola em 1999 e precisam lidar com uma notícia terrível: a morte de uma amiga. Em conversa com a CAPRICHO, o ator revelou vários detalhes de como foi participar da série e também falou sobre seu contato com a música – que também está muito presente em todos os seus trabalhos.

Desde muito novo Jaffar já sonhava em ser músico: aos 11 anos ela já escrevia as próprias músicas, com 13 ele aprendeu a tocar violão e aí não parou mais! Mas foi só aos 15 anos que ele começou no teatro para melhorar a presença de palco. “Comecei levando bem de boa e não tinha essa ambição de ser ator. E aí no meio do curso eu fui me apaixonando de um jeito que hoje em dia eu levo os dois [teatro e música] com a mesma paixão”.

Com 25 anos, Bambirra estreou na TV em 2017 na novela Pega Pega, onde ainda chegou a cantar em cena duas composições suas. Em seguida, ainda na Globo, trabalhou em O Sétimo Guardião e mais recentemente em Quanto mais vida melhor, onde emplacou na trilha sonora a canção Quando fui seu par de sua autoria.

Foi em 2021 que o artista lançou O Menino Que Nunca Amou, seu primeiro e até então único álbum de estúdio. Durante a conversa com a nossa reportagem sobre sua carreira, ele revelou que suas referências musicais vão de Paulinho Moska e Djavan até Bob Dylan.  

O carioca também esteve recentemente na Netflix com o filme Ricos de amor 2 e agora interpreta um dos protagonistas da série A Vida Pela Frente, tem feito um enorme sucesso não só pelo público como também pela crítica. Ele inclusive assina a composição de “Quem é Você?”, música original da série dirigida por Leandra Leal.

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O apaixonante Cadé em A Vida Pela Frente

Na produção, Jaffar vive Cadé, um jovem músico que vende drogas na escola e aproveita a vida ao máximo ao lado de seu grupo de amigos. Apesar de se identificar com a paixão do personagem pela música e a relação com a avó, ele nos revelou que não foi tão rebelde na adolescência como o Cadé é. 

“Esse lugar da inconsequência é muito distante de mim, principalmente na adolescência. Eu fui um adolescente muito careta para falar a verdade, eu nem bebia. Não julgava, mas não bebia. Eu não gostava que a galera ficasse  mal, eu falava ‘pô, não tá na nossa hora’”.

Para o artista o papel foi um grande presente em sua vida. Ele relembrou um pouco como foi sua reação ao descobrir que foi escalado para viver o adolescente: “Um momento muito especial foi quando a Leandra Leal me ligou e falou que era um projeto muito importante para eles, o projeto da vida deles. Eu pensei ‘cara, eu vou entrar para fazer o protagonista do projeto da vida de alguém, eu tenho que pegar esse projeto e transformar no projeto da minha vida também’”.

Apesar do carisma do personagem ser contagiante, a série carrega uma trama muito densa, afinal estamos falando sobre um tema muito delicado, né? O luto na passagem da adolescência para a vida adulta pode ser devastador. Para o ator foi necessário entrar em contato com alguns traumas – não necessariamente dele – para se preparar para o papel.

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“Eu tive também pessoas que eu perdi assim, então se reconectar com esse sentimento foi até bom para mim no sentido de me rever. Hoje em dia, não só por causa da série, mas eu faço terapia. Eu não fazia e é algo que todo mundo precisa um pouco, sabe?” 

Ele ainda revelou que a trágica cena de Cadé encontrando Beta na praia foi mais difícil de gravar pelo esforço físico: “Essa cena foi muito de noite e eu não fiz com a Flora Camolese. Ela é muito leve, eu fiz com uma dublê que era mais forte. E aí quando eu ia pegar ela molhada era muito pesado e eu caía para trás na água. A gente refez aquilo várias vezes”.

Já a cena favorita de Bambirra foi a icônica cena do beijo entre seu personagem e JP, vivido Lourenço Dantas. “Foi uma cena que eu lembro da gente fazendo a preparação e já sabendo que ela ia ser muito boa. Ela é grande, ela tem o caminho todo até chegar naquele momento e eu acho muito bonito como essa cena é construída”.

Recentemente a série recebeu uma nota 10 na coluna de Patrícia Kogut, jornalista que cobre televisão, e a atuação do trio de protagonistas formado por Jaffar, Flora e Nina Tomsic  foi enaltecida.

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“Todas as críticas que elogiaram um, também elogiaram os outros dois. E isso é muito gratificante porque é exatamente o que a gente queria. Desde o início a gente sabia que para essa série funcionar, precisava do trio funcionar”.

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Vem ler a entrevista completa:

CAPRICHO: Como começou a sua vida artística?

Jaffar Bambirra: Eu queria ser músico desde muito novo, aos 11 anos. Eu entrei na parte do teatro para melhorar a minha presença de palco e aí com uns 15 anos eu comecei a estudar teatro. Só que eu entrei em um curso técnico profissionalizante, então comecei levando bem de boa assim e não tinha essa ambição de ser ator. E aí no meio do curso eu fui me apaixonando, vendo que a coisa era mais séria e que eu não podia levar de qualquer jeito. E fui me apaixonando de um jeito que hoje em dia eu levo os dois [teatro e música] com a mesma paixão.

Quais são suas maiores referências como artista? 

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Na música eu acho que minha grande referência durante muito tempo foi o Paulinho Moska. Sempre foi também, mas hoje está mais forte, o Djavan. Já foi muito o Bob Dylan também. Como ator, eu acho muito difícil. Quando eu comecei a estudar teatro, tinha um ator que me pegou muito forte no cinema, que era o Christoph Waltz. Foi a primeira vez que eu, estudando o teatro, vi um personagem e falei “nossa, isso é muito de verdade”. Eu acreditei muito, sabe? Hoje cada vez mais eu tenho visto as produções brasileiras e acompanhado mais atores brasileiros e cada vez mais admirando. Acho que são muitas referências diferentes.

Recentemente nós vimos que você fez um cover de “A Tua Voz” da Gloria Groove. O que você tem escutado mais, nessa nova geração de artistas?

Eu acho que o show da Gloria Groove hoje, para mim, é o melhor show que tem no Brasil. Eu gosto muito de ouvir a Ludmilla. Eu gosto de ouvir um pagode, adoro. Eu tive uma fase que eu escutei muito Rubel. Eu gosto muito de Tim Bernardes também. Então eu vou variando entre vários estilos. 

Como a composição surgiu para você?

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Lá pelos meus 11 anos eu já compunha. E aí com o tempo eu queria poder compor mais, e eu fui aprender a tocar violão. E aí o violão começou a me ajudar. Lá por uns 13 anos eu comecei a escrever mesmo e desde então eu fui seguindo assim. 

Em 2021, você lançou O Menino Que Nunca Amou, seu primeiro álbum de estúdio. Agora, como estão os projetos musicais, pretende lançar algo por agora?

Para esse ano, eu tenho dois projetos: um EP de covers de algumas coisas e já estou começando a reunir minhas músicas para conseguir lançar mais um álbum, não sei para esse ano ainda ou no ínicio do ano que vem. mas é um projeto que eu estou botando para frente.

Em A Vida pela Frente, você interpreta o Cadé, como o papel surgiu para você?

O Cadé surgiu quando eu estava terminando de filmar a novela Quanto Mais Vida Melhor e começaram os testes para A Vida Pela Frente e foi um processo, né? Foram alguns testes até elas escolherem quem seria esse grupo de protagonistas. Um momento muito especial foi quando a Leandra Leal me ligou e falou que era um projeto muito importante para eles, o projeto da vida deles. Eu pensei “cara, eu vou entrar para fazer o protagonista do projeto da vida de alguém, eu tenho que pegar esse projeto e transformar no projeto da minha vida também”. Então foram seis meses muito intensos e maravilhosos. O Cadé foi um presente na minha vida.

A série tem uma história um pouco densa, um assunto muito pesado e importante. Eu queria saber como foi interpretar a Cadé nesse contexto?

Eu era o mais velho do elenco jovem, então para mim a adolescência era ainda mais distante. Foi o primeiro lugar que eu tive que encontrar em mim porque eu já não tinha tantas lembranças vivas do meu ensino médio. Eu não sou uma pessoa que teve muitos traumas de adolescência, mas precisei reviver junto com meus amigos os traumas e me conectar com os traumas do personagem e o luto por uma amiga que morreu. Eu tive também pessoas que eu perdi assim, então se reconectar com esse sentimento foi até bom para mim no sentido de me rever. Hoje em dia, não só por causa da série, eu faço terapia. Eu não fazia e é algo que todo mundo precisa um pouco, sabe? 

Você se identifica com o Cadé?

Talvez em algumas coisas. Eu peguei um pouco dele, sabe? Só que eu nunca fui uma pessoa muito inconsequente, pelo contrário. Eu sou uma pessoa que pensa muito antes de agir. Mas a paixão pela música talvez seja um lugar que eu me identifico muito com ele. A relação com a avó também, eu fui criado muito pela minha mãe e pela minha avó. Mas é isso, esse lugar da inconsequência é muito distante de mim, principalmente na adolescência. Eu fui um adolescente muito careta para falar a verdade, eu nem bebia. Não julgava, mas não bebia. Eu não gostava que a galera ficasse  mal, eu falava “pô, não tá na nossa hora”.

Uma das coisas mais legais em A Vida Pela Frente é a estética, já que a série se passa em 1999. Como foi interpretar um jovem em um período que você não viveu? Você já havia imaginado como seria?

O primeiro ponto que eu acho muito incrível desse período que a gente estava gravando era que a Clara, nossa diretora de arte, deixava tudo muito completo. Se você abria a mochila, tinha um mundo na mochila. Se você abrisse uma gaveta, tinha um mundo naquela gaveta. Isso fazia a gente entrar muito naquele universo. Tinham algumas coisas muito legais que eu queria ter vivido, como a dinâmica do telefone. Isso de você ter que marcar as coisas pelo telefone porque não tem WhatsApp. Ou isso de você ir para um lugar de você e saber que as pessoas vão estar lá. Eu acho que foi muito importante ter tido essa troca com a equipe que foi adolescente nos anos 90. 

A Vida Pela Frente é uma série que fala sobre adolescência em um contexto nacional. Como você vê a importância do público, que muitas vezes só consome produções do exterior, ter acesso à essa série em uma plataforma nacional tão grande?

Eu acho muito importante que a gente fale sobre adolescência de uma maneira crua e sem julgar o adolescente. Os sentimentos dos adolescentes às vezes parecem bobos, mas eles são gigantes. É a primeira vez de tudo e a primeira vez é sempre muito intensa. Então a adolescência é muito intensa e é importante que a gente olhe para ela dessa forma crua. Eu acho muito bonito como a série trata os personagens como humanos, todo mundo ali tem falhas. Todo mundo é apaixonante ao mesmo tempo que podem estar completamente errados. A série consegue trazer isso muito bem.

E isso é um recorte. A gente pode falar de vários outros recortes, né? Essa série retrata uma adolescência da classe média alta da zona sul do Rio de Janeiro. É claro que vai comunicar com todo mundo, mas é importante que a gente tenha um pouquinho de cada universo, que tenha também a galera que cresceu jovem na favela numa escola pública. É importante que tenha essas visões e que a gente possa olhar para os adolescentes. Primeiro porque tem um públicoadolescente que se ver representado ali, e segundo porque pode ser interessante. Eu acho que A Vida Pela Frente é uma série que pode pegar tanto jovens, quanto adultos. É importante que os pais também assistam.

Qual foi sua cena favorita?

A que eu mais gostei de gravar foi a cena do Cadé com o JP no quarto estudando para o ENEM. Foi uma cena que eu lembro da gente fazendo a preparação e já sabendo que ela ia ser muito boa. Ela é grande, ela tem o caminho todo até chegar naquele momento e eu acho muito bonito como essa cena é construída. Apesar dela ser um pouco agressiva por parte do Cadé, eu acho ela muito boa. E a cena que eu mais gosto de assistir foi a cena do beijo na boate. Quando eu recebi o roteiro e comecei a ler essa cena eu tive que parar para respirar. Eu acho essa cena linda, me arrepio toda vez que vejo.

Qual cena foi mais difícil de gravar?

A cena mais cansativa de gravar com certeza foi a que o Cadé pega o corpo da Beta na água. Essa cena foi muito de noite e eu não fiz com a Flora Camolese. Ela é muito leve, eu fiz com uma dublê que era mais forte. E aí quando eu ia pegar ela molhada era muito pesado e eu caía para trás na água. A gente refez aquilo várias vezes. Quando acabou, eu não conseguia sentir minha perna direita. Eu fui tomar um banho e fiquei sentado um tempão, eu estava exausto, muito cansado.

Como é para você estar vendo essa repercussão tão boa na crítica? Recentemente a Patrícia Kogut deu nota 10 para a série e destacou a atuação do trio protagonista.

Isso tem sido muito legal. Eu e as meninas conversamos sobre isso, principalmente por isso da crítica não conseguir desassociar a gente. Todas as críticas que elogiaram um, também elogiaram os outros dois. E isso é muito gratificante porque é exatamente o que a gente queria. Desde o início a gente sabia que para essa série funcionar, precisava do trio funcionar. Primeiramente o trio, depois o sexteto e depois o grupo todo. O trio era muito importante porque ele que leva muito essa história, então a gente trabalhou muito para que esse trio tivesse essa conexão. E no final das contas é o que mais estão falando. E isso de levar esses louros juntos é muito muito gratificante, muito feliz. É muito bom que a gente esteja recebendo isso juntos, porque significa que deu certo o que a gente queria.

Como foi o processo de composição de ‘Quem é você?’?

Tinha essa música no roteiro que o Cadé cantava para a Liz. E aí a gente estava conversando com o Plínio, que é o nosso no nosso diretor musical, e começamos a compor. Eu cheguei no estúdio dele e fizemos grande parte da música, mas faltava o refrão. Eu acordei em um dia com o refrão na cabeça. Botei no violão. Mandei para ele. Ele falou “caraca, perfeito”. E aí ficou daquele jeito. Com muita inspiração no Cazuza e no rock. 

E para além da série, em quais outros projetos nós vamos poder te acompanhar?

Tem duas séries que vão sair entre esse semestre e o próximo ano. Vou começar a filmar um projeto agora, mas eu não sei quando vai ser lançado ainda. E também vai ter um provável novo álbum vindo no ano que vem.

A primeira temporada de A Vida Pela Frente está completa disponível no Globoplay 

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