Giulia Be relembra processo de composição de FBI e experiência como atriz
Em conversa com a CAPRICHO, a cantora recordou o Grammy Latino, falou de composição e contou como foi estrelar a produção Depois do Universo, da Netflix
Nesta quinta-feira (5/5), Giulia Be lançou seu mais novo single, intitulado FBI. A música traz aquela vibe Sherlock Holmes que todo mundo já sentiu quando estava stalkeando alguém na internet e conta com um clipe de investigação por uma festa cheia de efeitos, dirigido por Giovanni Bianco.
Para saber mais sobre o processo criativo da faixa e de futuros projetos, a CAPRICHO conversou com Giulia em uma entrevista exclusiva em que ela começou contando um pouco sobre como se sentiu com sua participação no Grammy Latino, em que foi indicada como Artista Revelação: “Este foi um dos dias mais felizes da minha vida, com certeza. Foi uma surpresa completa, total e absoluta”, relembrou.
Já sobre o novo single, Giu revelou que começou a escrever a canção ao lado de seu irmão como uma brincadeira: “Foi aquela história do famoso ‘Quem nunca, né?‘ Quem nunca foi FBI? Eu acho muito engraçado esse termo, FBI da internet, de estarmos tão agentes buscando a informação e conectando pontos. Essa música foi a minha maneira de me colocar dentro desse termo, contar a minha história e de tantos outros”, explicou.
Além disso, a cantora contou um pouquinho da experiência de trabalhar como atriz na produção Depois do Universo, que protagoniza ao lado de Henry Zaga: “Foi o maior desafio da minha vida até hoje. Com certeza eu faria de novo, de olhos fechados, sem pensar duas vezes. Para mim foi uma experiência incrível”, declarou Giulia.
Confira a entrevista completa com a Giulia Be:
CH: Vamos começar falando de algo que aconteceu há algum tempo, mas é para relembrar, que é sua participação no Grammy Latino!
G: Pode relembrar sempre! Este foi um dos dias mais felizes da minha vida, com certeza. Foi uma surpresa completa, total e absoluta. Estava pra entrar no banho, sem noção nenhuma do que estava para acontecer na minha vida e recebi uma ligação de um fã meu, o Lipe. Eu não estava conseguindo ouvir direito, aí eu falei: ‘Calma, Lipe, já te ligo.’ e desliguei. Eu estava processando, pensando no que estava acontecendo, aí minha mãe entrou na minha casa, falando: ‘Giulia, você está sentada? Você foi indicada para um Grammy!’ Eu fiquei muito: ‘O QUÊ?’, ainda mais nessa categoria de Best New Artist. Eu assisto Grammys desde sempre e sempre foi uma categoria muito especial para mim, por você conseguir acompanhar a jornada de um artista do começo, de receber esse apoio da Academia nesse momento da minha carreira, saber que estão animados para o que vem por aí, foi muito, muito incrível. E com certeza foi algo que abriu muitas portas para mim.
CH: Agora você está investindo na sua carreira internacional, fazendo músicas em espanhol também. Como está sendo essa recepção?
G: Por enquanto, eu lancei 2 PALABRAS, que já teve uma recepção incrível. Para o clipe, eu trabalhei com o Harold Jiménez, que é maravilhoso, a gente conseguiu contar uma história juntos e o resultado está refletido no clipe. Desde então, eu tenho ficado em Miami conhecendo muita gente e aprendendo muita coisa nova, mergulhando nesse novo idioma, nesse novo mundo aqui e escrevendo muita coisa boa. Estou muito animada para essas próximas músicas que estão por vir.
Em breve, vou gravar o clipe de Matching Tattoo, que é uma música que até postei um spoiler no meu Instagram. Estava saindo do estúdio, como se nada e falei: ‘Ah, estou sempre fazendo minhas músicas mesmo, vou fazer mais essa.’ Aí, postei um pedacinho no Instagram e já tem mais de 1 milhão de visualizações no Reels. Todo dia ficam pedindo pra eu lançar essa música, então estou muito animada! Vem em breve Matching Tattoo e esse EP com várias outras músicas que eu sinto que cada uma mostra um lado diferente da minha personalidade. Estou em um momento que eu quero, através da música, mostrar quem eu sou e que as pessoas recebam um pouquinho de Giulia em um novo contexto.
CH: Você comentou sobre estar aprendendo mais sobre o idioma, é diferente escrever músicas em outras línguas?
G: Eu sempre escrevi em inglês e português, a minha vida inteira. Eu falava que o piano era meu psicólogo, qualquer BO que estava passando na minha vida, eu sentava lá e começava a escrever. Inglês e português sempre foram, pra mim, mais naturais, o espanhol veio depois. Eu morei em Miami quando tinha 15 anos e todas as minhas amigas, por mais que fossem americanas, também mudavam do nada para falar espanhol. Eu falei: ‘Gente, ou eu aprendo essa língua ou não vou ter amiga.’ E eu aprendi na marra, mas estou sempre aprendendo porque escrever é diferente, isso de você falar um idioma e se colocar no lugar de querer escrever. Ainda mais escrever uma coisa boa, que as pessoas queiram ouvir.
Então, acho que quando estou no estúdio podendo trabalhar com compositores daqui… Matching Tattoo, por exemplo, eu escrevi com a Cris Chil, que escreveu Inolvidable comigo, também escreveu telapatía com a Kali Uchis, uma compositora maravilhosa. Essas palavras que são mais coloquiais, que não são palavras que a gente aprende na escola, esses termos e expressões são o que me deixam mais animada, quando eu descubro um termo novo, uma expressão nova.
Eu penso que posso escrever isso, desse jeito ou colocar isso dessa maneira. E é diferente. Acho que cada idioma pede uma maneira de cantar diferente, uma maneira de escrever diferente. O espanhol tem uma coisa romântica que é muito forte. Você fala qualquer coisa em espanhol, pode estar pedindo um copo de água, que já fica uma coisa meio romântica.
CH: Falando de FBI, seu novo single, que traz essa vibe Sherlock Holmes que todo mundo já sentiu quando está stalkeando alguém. Você pode falar um pouco do processo de criação da música?
G: Essa música eu escrevi com o meu irmão. A gente escreve muita música juntos, então foi uma dessa leva. Começou como uma brincadeira, eu estava escutando muito Tim Maia na época, muito Lincoln Olivetti e Robson Jorge, que são dois produtores que eu adoro, uma coisa meio disco. Vendo também como os artistas daqui estão pegando muita coisa do passado e trazendo de uma maneira fresca para a música atual, então eu queria trazer isso para FBI também.
Foi aquela história do famoso ‘Quem nunca, né?’ Quem nunca foi FBI? Eu acho muito engraçado esse termo, FBI da internet, de estarmos tão agentes buscando a informação e conectando pontos. Essa música foi a minha maneira de me colocar dentro desse termo, contar a minha história e de tantos outros. Eu abri uma caixinha de perguntas no meu Instagram e as pessoas mandavam cada história, cada frase. Eu percebi que realmente é universal esse FBI, só que trouxa. Muita gente já foi FBI só que trouxa. (risos) E foi encontrar uma maneira leve, pra mim, foi eu ressignificando meu próprio jeito de lidar com aquilo, podendo dançar e dar risada sobre algo que poderia ter me machucado. E conseguindo trazer essa perspectiva para as pessoas também, de ‘Eu nunca fui louca, bebê! Na verdade, tá tudo certo e estamos aqui dançando e é isso’. Eu sempre gosto de, através das minhas letras, trazer esses pontos de vista diferentes, de contar histórias que as pessoas consigam se identificar e FBI com certeza é uma história que eu quero que as pessoas se identifiquem e que dancem e se permitam rir de si mesmos.
CH: Puxando um pouco isso que você disse de: ‘Ah, não sou louca’, que você fala na música também, como foi trabalhar essa questão na letra?
G: Eu acho que a frase: ‘Eu nunca fui louca’ ou o final do refrão, além de rimar com ‘trouxa’ na música (risos) foi uma frase que foi fundamental. Tantas vezes a gente escuta: ‘Ah, minha ex é louca’ ou ‘Ah, fulana de tal é louca’ ou ‘Você tá louca’ e usam essa palavra para invalidar a pessoa que está lá fazendo a busca dela e trazendo informações realmente válidas, né? Foi muito importante para mim colocar que nunca fui louca e depois de ir narrando essa história inteira, de afirmar isso com tanta certeza e falar que ‘ele é falso, bobo, insensível, FBI, mas eu nunca fui louca’.
É uma afirmação depois de tudo isso falar que minha intuição não falhou, né? Eu acho que também tem outras partes da música que eu me identifico e gosto de estar trazendo, por exemplo, quando eu falo: ‘E fica difícil não culpar outra mulher‘ porque às vezes, em uma situação como essa, eu não queria que as pessoas achassem que essa música é sobre a outra, ou de eu estar botando pra baixo a outra. Pelo contrário, sabe? Pode ser que “fica difícil não culpar outra mulher” porque é o que a gente já está ensinado, acostumado, de ter que competir uma contra a outra, mas logo em seguida, eu já venho: ‘Mas até que ela é gata, parece comigo, acho que nós duas já pegamos seu amigo‘, de conseguir trazer a outra para perto de mim porque ela não tem nada a ver com isso. Esse não é o ponto da história. Acho que eu e meu irmão íamos encontrando ali na letra uma maneira leve e natural, realmente contando uma história e falando tudo o que eu penso sem papas na língua. É muito legal poder trazer isso através dessas perguntas e explicar o que estava se passando por trás de cada frase porque veio naturalmente, foi algo que eu realmente quis falar, mas é algo super importante de ser falado.
CH: Giu, falando de composição, você lembra de alguma situação inusitada de quando estava em algum lugar e veio uma inspiração do nada, de parar e falar que precisa muito escrever uma música naquele momento?
G: O tempo inteiro! Minha vida é resumida em situações como essa. Às vezes estou em uma reunião e falo que vou no banheiro rapidinho só porque tenho que gravar uma nota de voz com uma melodia para não esquecer ou anotar uma ideia de uma letra. Está sempre acontecendo isso comigo, a inspiração vai vindo.
Ontem a minha melhor amiga que mora aqui em Miami veio pra cá para me contar todos os BOs, dizendo: ‘Não, porque esse cara…’ Aí ficou um silêncio, uns dois minutos e eu comecei a cantar. Não vou falar a letra, né? Porque tadinha! Não vou revelar (risos). Daí eu já comecei uma música daquilo que ela estava me contando, então acho que isso sempre está acontecendo comigo. Às vezes eu pego inspiração para terminar de escrever uma letra. Eu comecei a escrever e aí analiso esse sentimento, essa coisa, o que mais posso falar, então ligo pra alguém e pergunto o que está acontecendo. E a pessoa, sem perceber, vai desabafando e solta uma frase, uma palavra que eu precisava para conectar tudo. Isso acontece comigo o tempo inteiro! Eu faço isso com meus fãs, abro lyric challenge, caixinha de pergunta e falo para mandarem os BOs da vida que vou tentar resolver através das minhas músicas.
CH: E mudando o assunto, em breve, você estará nas telas da Netflix, no filme Depois do Universo. Como foi trabalhar nesse projeto como atriz?
G: Foi o maior desafio da minha vida até hoje. Com certeza eu faria de novo, de olhos fechados, sem pensar duas vezes. Para mim foi uma experiência incrível, é uma profissão, um ofício que eu já admirava tanto, de você se colocar para viver outro ser humano e contar uma história. Você tem que passar por todos aqueles sentimentos, se você quer expressar de uma maneira que seja autêntica, que seja verdadeira. Foi muito incrível para mim, eu aprendi muita coisa. Todo dia no set, eu era uma aluna aprendendo com pessoas diferentes ali do meu lado que estavam confiando em mim.
Eu dei tudo de mim para essa personagem. Não me arrependo. Eu faria de novo porque era um desafio muito grande que eu sabia que queria dar conta. Eu amo me desafiar, eu amo me colocar fora da minha zona de conforto e mais do que qualquer outra coisa, eu amo fazer parte de histórias e coisas que eu acho importantes. A partir do momento que eu li o roteiro para esse filme, eu chorava horrores. Eu sabia que era uma história de amor, uma história de esperança, conectada através da música. Orava para Deus, falava que se for para ser, que essa personagem fosse minha. Fiz alguns testes diferentes antes de pegar a personagem, eles fizeram teste com mais de 100 meninas e eu sabia que seria muito difícil mas tinha alguma coisa dentro de mim que sentia que a Nina já fazia parte da minha história, que eu queria encarar aquele desafio e, para mim, foi demais.
Fiz preparação, não só para o piano, voltei a ter uma conexão com meu instrumento de uma maneira incrível de poder estudar Chopin, estudar Bach, eu pude escrever a trilha sonora do filme também, o que foi um presente. O nome da música é Depois do Universo, que é o nome do filme, do ponto de vista da personagem. Desde o começo, eu já sabia que tinha que contar essa história com muita verdade, eu fiz laboratórios, conversei com mulheres que foram pacientes de diálise e mulheres com Lúpus, entendendo como elas passavam pelos desafios diferentes com a doença, como eu poderia trazer a leveza para a personagem mas ao mesmo tempo ter certeza de que eu estava dando a devida importância para certos desafios e acho que com a ajuda de todas essas pessoas maravilhosas, eu consegui construir algo que fiquei muito orgulhosa de ter feito, estou superanimada para as pessoas assistirem, minha primeira vez como atriz e espero que não seja a última. Eu amei, amei muito, essa experiência e foi lindo participar de algo tão importante.
E aí, também se empolgou com os próximos projetos da Giu?