Higher Than Heaven, o quinto álbum de estúdio de Ellie Goulding, acaba de ser lançado nesta sexta-feira (7) e está cheio de hits dançantes, com inspiração dos anos 1980, e letras que falam sobre assuntos relevantes, como amor-próprio e machismo na indústria da música. Em entrevista à CAPRICHO, a cantora britânica reflete a respeito desses significados por trás das faixas e ainda conta que sua próxima turnê deve vir ao Brasil em breve. Confira!
Os temas abordados e sentimentos transmitidos pelo álbum Higher Than Heaven
CH: Você disse que queria fazer músicas pop divertidas, e não um disco tão pessoal desta vez. O que você espera que as pessoas sintam enquanto ouvem o álbum?
Ellie: Eu gostaria que as pessoas se sentissem felizes, a fim de dançar, sentissem que elas estão escapando da realidade um pouco. Eu não sei… Empoderadas. Eu amo a ideia de dar poder às pessoas e fazê-las sentir… Especialmente mulheres, eu amo a ideia de mulheres cantando as músicas desse álbum e ter aquele sentimento de segurança. E se sentir como… Tudo é amor, e tudo é alegria e paixão e sensualidade. Todas as coisas que eu acho que nós precisamos nos lembrar depois da pandemia.
CH: Better Man é uma música que fala sobre como a indústria da música é dominada por homens. Como a sua experiência como uma artista feminina que está nessa indústria há tanto tempo inspirou a música?
Ellie: É isso. Eu meio que já vi de tudo porque tenho feito isso há muito tempo. E, quando eu comecei, a indústria era absolutamente dominada por homens, dos estúdios às gravadoras. Eu acho que tem sido provavelmente uma jornada mais desafiadora do que eu pensei na época, porque muito dela foi ter que aceitar isso como normal, aceitar uma sala cheia de homens como algo normal. Porque era apenas… O normal. Então, eu não questionei isso. Quer dizer, inconscientemente, sabia que algo não estava certo sobre aquilo. E, com o passar do tempo, eu ganhei confiança e até uma certa autoridade com o que estava fazendo, e aí você começa a questionar as coisas. E foi provavelmente por volta da época do #MeToo que eu realmente entendi o que tinha acontecido comigo e outras artistas femininas. Nós éramos muito vulneráveis, e “sugestões” foram feitas, e tiveram gestos esquisitos e comentários estranhos. E não apenas isso, mas a sensação de que não estava segura.
E, então, sendo forçadas a nos sentir sortudas de estar ali porque somos mulheres. E eu acho que muitas mulheres sentem isso, nós temos síndrome de impostora, pensando que nós provavelmente não merecemos estar aqui, então deveríamos apenas ficar caladas e agradecer que estamos aqui. E eu notei a maior parte disso nessa campanha. E eu pensava que seria um período de mudanças, com coisas mudando rapidamente, mas parece que não o suficiente. Porque há algumas semanas, eu fui substituída em um programa de TV por um cantor homem. E isso não aconteceu comigo antes, pelo menos não que eu saiba, mas foi a primeira vez que admitiram para mim. Eu não fui priorizada, porque um cantor homem foi priorizado ao invés de mim.
Então, tem sido um desafio contínuo. Eu gostaria que não tivesse que ser assim. Eu já me vi em line ups de festivais que são completamente dominados por homens. Isso ainda está acontecendo. E a gente pensa que nesse momento já seria diferente, mas eu me sinto positiva, sinto que preciso ser otimista com o futuro. Tem tantas artistas femininas e não-binários surgindo agora, que isso tudo vai mudar, tem que mudar. E eu acho que se tivéssemos a oportunidade de brilhar, isso mudaria as coisas, mas nem sempre nos dão essa oportunidade, então temos que continuar tentando.
CH: Qual conselho você daria para mulheres jovens que te admiram e que sonham em ter uma carreira como artistas?
Ellie: Siga os seus instintos, porque você provavelmente está certa. Se você é uma artista feminina jovem, se você não se sentir confortável nos estúdios com apenas homens, leve alguém com você. Confie em si mesma. Acredite que você lá porque esse é o seu lugar, porque você merece estar lá. E não sinta que a sua opinião vem em segundo lugar porque você é mulher. Eu acho que você tem que ser assertiva. Tenha sempre a mente aberta, seja gentil, essa é a forma de ter uma carreira longa na indústria da música. Tem uma diferença entre ser assertiva e ser forte e ser intencionalmente difícil. Esse é um jeito de ter convicção, autoridade, mas ainda ser gentil e aberta.
Se eu fosse dar um conselho a mim mesma, seria para me ouvir. Por que você vai confiar na opinião de outra pessoa e não na sua própria? Isso é bobo. Você é uma artista, você sabe o que está fazendo. E se você não souber e errar, você vai aprender a partir disso. Não é nada ruim.
CH: Cure For Love fala sobre ser independente e não precisar de alguém para ser feliz. Qual é a mensagem por trás dessa música?
Ellie: Foi estipulado para nós, mulheres, que temos que nos apaixonar e ter alguém para nos salvar. E eu aprendi que isso não é verdade. E isso tem sido uma revelação nos últimos anos. Cure For Love foi também durante a época de Covid. E eu acho que foi libertador a ideia de que eu não estive hipnotizada pelo ‘amor falso’ que constantemente aparece nas redes sociais ou que nós vemos em filmes… Eu acho que é um hino sobre ser independente.
CH: Você também disse que a ideia desse álbum era transportar as pessoas para outro planeta. Como seria esse mundo ideal para você?
Ellie: Obviamente, o meu mundo ideal seria cheio de amor, gentileza, compaixão, pessoas com liberdade para dançar e serem independentes. Amor-próprio também é outra coisa importante que é subestimada. E também um mundo onde as pessoas têm compaixão e são gentis com o meio ambiente e com o planeta. Eu acho que é um círculo, e a nossa conexão com a natureza é muito forte e nós perdemos isso um pouco, e eu acredito que que isso se conecta como nós somos como seres humanos. Então, eu adoraria viver em um mundo em que somos gentis com nós mesmos, com o planeta e é isso.
A turnê e a relação com os fãs brasileiros
CH: Agora que o seu álbum será lançado, podemos esperar uma turnê vindo para o Brasil em breve?
Ellie: Sim! Eu não sei quando, mas será em breve. Eu amo os meus fãs brasileiros, eles são os mais fofos, gentis, leais, eles têm a melhor energia, eu acho que vocês devem ouvir muito isso. Eles são especiais. Então, eu não gostaria de perder isso, e é onde eu me sinto mais viva e tenho a melhor conexão, então eu adoraria voltar assim que possível, só não sei quando, mas espero que logo.
CH: Você e o Alok têm uma música juntos. Tem algum outro artista brasileiro você conhece e gostaria de colaborar um dia?
Ellie: Bom, eu acabei de descobrir sobre o Jão. Mas, eu mal conheço artistas britânicos, eu sou muito ruim com isso. Mas se você conseguir pensar em alguém…
CH: Talvez a Anitta. Ela combina com a sua música, seria uma ótima colaboração.
Ellie: Eu amo a Anitta, gosto muito dela. Ela é ótima!
CH: Qual recado você gostaria de mandar para os seus fãs brasileiros?
Ellie: Para os meus fãs brasileiros, eu amo muito vocês. Eu sinto que tenho uma base de fãs tão forte, sólida e apaixonada aí. E eu sinto saudade de vocês o tempo todo, e, por sorte, vocês me mandam mensagens todos os dias, então eu sempre sei que vocês estão aqui. E eu mal posso esperar para ver vocês pessoalmente, e eu estou muito ansiosa para isso, espero que seja no início do ano que vem, mas veremos. Enviando muito amor para vocês e espero que gostem do novo álbum, Higher Than Heaven.
Você já ouviu o novo disco da Ellie Goulding? Qual é a sua música favorita até agora?