CAPRICHO foi convidada para visitar o set de filmagens da nova série adolescente nacional da Disney+ em parceria com a Boutique Filmes, Passinho: O Ritmo dos Sonhos. Sob a direção de Jéssica Queiroz e Marton Olympio, a produção conta a história de uma jovem apaixonada por dança que sonha em participar do Duelo do Passinho, uma importante competição interescolar no Rio de Janeiro.
“Vamos ter enorme números de dança que se intercalam com a rotina dos personagens. Eles estão ali vivendo na escola e der repente, temos 300 atores dançando. Eu nunca vi números tão grandes de dança, principalmente de passinho”, contou o produtor Tiago Mello em conversa com a CH.
A trama segue Mercedes (Giulie Oliveira), que luta para encontrar seu lugar no mundo do passinho, enfrentando a resistência de um grupo já conhecido na região, o Bonde dos Brabos, liderado por Lucão (Fumassa Alves). Determinada a realizar seu sonho, Mercedes forma seu próprio grupo com a ajuda de Dida (Digão Ribeiro), um inspetor da escola e figura lendária do passinho.
Eu espero que as crianças que estiverem assistindo se identifiquem. Eu quero que todo mundo veja que na TV também tem pessoas como a gente e se sintam abraçados
Giulie Oliveira sobre seu papel em Passinho: O Ritmo dos Sonhos
Quem nos recebeu no set foi o produtor Tiago Mello, que também já trabalhou na aclamada série 3%, e ele propôs uma reflexão sobre a importância de ter um projeto nacional como Passinho: O Ritmo dos Sonhos ganhando uma enorme visibilidade em uma plataforma de streaming como a Disney+.
“É bem interessante ver o que a gente conseguiu fazer com esse projeto. Além de termos um elenco formado somente por pessoas negras, a equipe também é 70% formada por pessoas negras. Todos os líderes de equipe, seja pelos dois diretores, ou na direção de arte, coreógrafo e figurinista, são pessoas com lugar de fala. É um projeto muito importante para o Brasil”, compartilhou Mello.
A série conta com atores muito talentosos em uma das únicas produções nacionais com um elenco 100% formado por pessoas negras, e promete ser uma representação autêntica da cultura do funk carioca e do movimento do passinho. O elenco inclui nomes como Tatiana Tiburcio, André Ramiro, João Victor Menezes, João Gabriel D’Aleluia, e a capa da edição digital da CAPRICHO de setembro de 2023, Duda Pimenta.
A história se passa em sua maior parte dentro de uma escola, por isso as gravações foram em grande parte realizadas dentro de um grande centro estudantil localizado na cidade de Osasco, em São Paulo. As cenas externas, ao ar livre, foram gravadas no Rio de Janeiro e em outros pontos da cidade de São Paulo, e ocorreram no início do processo de filmagem. Quando chegamos, os atores se preparavam para a penúltima diária de gravação.
Passinho: um patrimônio cultural
O passinho surgiu por volta de 2008 e 2009 como uma forma de expressão artística para os jovens das comunidades e periferias do Rio de Janeiro. Rapidamente ganhou destaque e se tornou um fenômeno cultural a nível nacional. A dança é caracterizada por movimentos rápidos, enérgicos e sincronizados, frequentemente executados em roda, em competições conhecidas como batalhas de passinho.
Em 2010, o passinho foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro pela Secretaria de Estado de Cultura, destacando sua importância como manifestação artística e cultural que faz parte da identidade da cidade e de sua população. Esse reconhecimento oficial ajudou a legitimar o passinho como uma forma de arte legítima e a promover sua preservação e valorização.
É nesse contexto em que VN Rodrigues surge como o coreógrafo da produção. Além de atuar interpretando o personagem Breno, VN lidera os números de dança e tem uma intimidade grande com o Passinho. “Eu conheci o passinho na escola. Eu vi que o Gambá [artista considerado como Rei do Passinho], achei muito diferente e queria ser igual a ele”.
Participar desse projeto é incrível, porque a gente traz a cultura do passinho, que é uma cultura favelada periférica para o streaming em uma plataforma mundial. Ainda mais agora nessa era do TikTok, que mudou completamente o mundo a dança.
VN Rodrigues sobre a importância do projeto
A principal dificuldade de VN em coreografar tantas pessoas foi a agilidade do processo. Ao todo são sete números de dança, então VN teve “que tirar suas movimentações dentro do corpo para ensinar para os atores. Então todo dia eu tinha que descobrir referências novas para formar números diferentes”.
E se tem dança, também tem música, né? A série vai contar com alguma música já conhecidas da cena do funk, como Vou Desafiar Você e Ah Lelek Lek, retrabalhadas em versões originais para a trilha sonora. Isso além de trazer músicas clássicas, como as de Antonio Vivaldi, remixadas em uma versão funk – nós vimos um pedacinho do ensaio do elenco e garantimos que este número está incrível!
Em seguida, conhecemos o departamento de maquiagem e figurino. Um dos principais desafios da produção é esconder as tatuagens dos atores, que apesar de interpretaram adolescentes, já são maiores de idades. Essa não foi uma tarefa tão difícil, pois o time de maquiagem levava a demanda com muita organização. Na sala de maquiagens haviam várias fotos espalhadas, para identificar cada tatuagem de cada ator que deveria ser coberta.
Na sala de figurino, todas as roupas eram divididas por araras correspondentes aos personagens. Algumas curiosidades é que algumas roupas utilizadas na série são da marca do ator Fumassa Alvez, KEBRA, e a produção também prestou uma homenagem a uma das maiores figuras do passinho Gualter Damasceno Rocha, que foi assassinado em 2012. Nos uniformes utilizados pelos jovens na série a escola recebe o nome “Escola Municipal Gualter Damasceno Rocha”.
Dividido em sete episódios de aproximadamente 30 minutos cada, Passinho: O Ritmo dos Sonhos terminou suas gravações recentemente e ainda não tem previsão para estreia no Disney+.