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‘Você sabe rebolar?’, escuta jogadora de futebol ao vencer premiação

Na 1ª vez que o Bola de Ouro premiou uma mulher, a jovem teve que escutar um comentário que, obviamente, foi feito por ela do sexo feminino.

Por Amanda Oliveira Atualizado em 16 Maio 2019, 17h24 - Publicado em 6 dez 2018, 13h30

Pela primeira vez na história do prêmio Bola de Ouro, a premiação abriu espaço para uma categoria feminina. Entretanto, o que deveria ter ficado marcado como uma conquista importante não apenas para a vencedora, mas também para a famosa premiação futebolística da revista France Football, ficou lembrado como mais um episódio em que o machismo no futebol se mostrou forte. Ainda.

Ada Hegerberg, primeira mulher a receber um Bola de Ouro. Reprodução/Instagram

Ada Hegerberg é uma jogadora de futebol norueguesa de 23 anos. Apesar da pouca idade, a atleta, que joga pelo time francês Lyon, fez 15 gols em 9 jogos da Champions League na última temporada do campeonato. Já no Campeonato Francês, foram 31 gols em 20 jogos. Não parece pouco, hein? E realmente não é. A média de gols de Ada fez com que ela se tornasse a maior artilheira do torneio!

Com base nesses números, é claro que não foi nenhuma surpresa a jogadora norueguesa ter recebido o prêmio. A surpresa foi, na verdade, ela ter recebido um pedido para rebolar quando subiu ao palco para buscar o troféu. O comentário desnecessário foi feito pelo DJ francês Martin Solveig, que estava ao lado de Ada no palco. “Você sabe dançar twerk?”, ele perguntou, em meio a risadas. Imediatamente, a jogadora se mostrou constrangida e disse “não”, já saindo do palco.

Para quem não sabe, o “twerk” é um movimento que, aqui no Brasil, seria algo parecido com o “quadradinho” do funk. Ou seja, ele pediu para que ela rebolasse. Confira o momento:

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O caso repercutiu e o DJ usou as redes sociais para afirmar que o comentário foi uma brincadeira e que já havia pedido desculpas, tanto a ela quanto a quem tenha se ofendido. Em entrevista ao The Guardian, Ada Hegerberg disse que achou a situação triste, mas não considerou assédio e afirmou que estava muito feliz pelo prêmio para se importar com qualquer outra coisa.

Ainda assim, o comentário gerou revolta de pessoas na internet e outros atletas. Nos Stories do Instagram, o tenista Andy Murray disse que durante toda sua experiência no esporte, ele sempre viu o nível de machismo de uma forma surreal. “Esse é outro exemplo do machismo ridículo que existe no esporte. Por que mulheres ainda precisam suportar essa asneira? O que eles perguntaram para Mbappé e Modric? Eu imagino que tenha sido algo relacionado a futebol“, desabafou.

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A jogadora pode não ter se importado muito, mas este tipo de atitude não ajuda em nada quando nosso objetivo é acabar com o preconceito no esporte. Afinal, quando você tem uma mulher no palco com um histórico futebolístico tão bom quanto os homens que também foram premiados, mas escolhe fazer um comentário relacionado a uma “dança sensual” que não tem nada a ver com o esporte que ela pratica, tem alguma coisa errada aí. MUITO errada, por sinal.

Apesar de tudo, a conquista da Ada é histórica, representativa e muito merecida! Parabéns a ela e que venham mais prêmios. <3

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