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Você realmente sabe o que é mansplaining ou está pagando micão na web?

Depois da participação de Kéfera no programa 'Encontro', o termo passou a ser mais debatido, mas, infelizmente, nem sempre com propriedade.

Por Amanda Oliveira Atualizado em 19 dez 2018, 12h11 - Publicado em 18 dez 2018, 17h37

Nos últimos dias, o termo “mansplaining” entrou em grande discussão nas redes sociais logo após a participação de Kéfera Buchmann no programa Encontro, da TV Globo, apresentado por Fátima Bernardes, na última quinta-feira, 11. A polêmica se iniciou quando Fátima abriu espaço para o público se manifestar sobre feminismo e um rapaz que estava na plateia começou a falar que o movimento feminista era muito diferente na prática. Kéfera, então, rebateu o discurso, afirmando que ele estava fazendo mansplaining.

Globo/Reprodução

A atriz acabou sendo alvo de críticas e piadinhas. O termo mansplaining foi inclusive transformado em meme. Mas será que essas pessoas realmente sabem o que a expressão significa? A maior parte da oposição feita à atriz defende que ela meio que segregou o moço. Afinal, só por que ele é homem não pode opinar sobre feminismo?

Por definição, o termo mansplaining significa “comentar ou explicar algo a uma mulher de maneira condescendente, excessivamente confiante e, muitas vezes, imprecisa ou simplista”. Ou seja, é o ato de um homem explicar para uma mulher algo que ela já saiba, utilizando normalmente um tom de voz de superioridade, de quem acha que é mais inteligente simplesmente por ser do sexo masculino.

É claro que usar um termo difícil e em inglês em rede nacional pode não ter sido a melhor escolha. Talvez, o terma seja didático mas não tão acessível. Contudo, quando você resolve atacar ou zoar alguma coisa, o mínimo que se deve fazer é pesquisar antes, se informar sobre o assunto. Você pode gostar ou não da Kéfera, mas não dá para deslegitimar o discurso dela confundindo o real significado por trás do termo. Olha só um exemplo disso:

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A pessoa por trás desse meme e/ou que compartilha a imagem é um claro exemplo de que não entendeu nada mesmo. Reprodução/Facebook

Essa questão de “você não pode falar sobre o feminismo porque é homem” é, muitas vezes, confundida com local de fala e protagonismo dentro de um determinado movimento. Foi assim que começou uma discussão entre o Luba e a própria Kéfera, quando o YouTuber fez um vídeo reagindo à polêmica do programa e discordando da atitude da atriz, afirmando que ela apenas “atacou” o homem porque não tinha argumentos – como se o mansplaining já não fosse um bastante sólido.

“Dizer ‘você é um homem, logo você não pode falar sobre isso comigo’ é um argumento falso, é uma falácia chamada argumentum ad hominem, que é quando você tenta atacar a pessoa que está argumentando em vez de atacar o argumento que ela está usando”, diz Luba em um vídeo postado em seu canal. Na verdade, há um equívoco aqui que é cometido por várias pessoas. Não é que o homem não pode falar sobre feminismo porque é homem. Ele só precisa antes reconhecer qual é o seu lugar de fala nesse movimento, do qual ele não é protagonista. O Luba pode opinar sobre feminismo, mas como um homem homossexual branco. Ele jamais pode querer opinar da mesma maneira que a Kéfera, que é uma mulher hétero branca. Da mesma forma que a Kéfera não pode opinar do mesmo jeito que a Xongani, uma ativista negra. Lugar de fala todo mundo tem. Protagonismo, não.

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Reprodução/Youtube

Vamos conversar um pouco mais sobre a Ana Paula Xongani. Em um vídeo publicado no canal da SalonLine Brasil, a empresária e criadora de conteúdo explica sobre lugar de fala para a também criadora de conteúdo Karol Pinheiro. “O lugar de fala é outra discussão que acho que ficou mal entendida socialmente dizendo, porque você pode e deve falar do racismo, mas como uma mulher branca, não como uma mulher negra. A gente está confundindo um pouco protagonismo com lugar de fala“, Ana Paula esclarece.

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É claro que a fala dela está relacionada ao racismo, mas não é difícil adaptar isso ao feminismo. Basta concluir que o protagonismo do movimento negro está com os negros, da mesma forma que o protagonismo do feminismo pertence às mulheres. “O seu lugar de fala quanto mulher branca é perceber como interfere na minha existência quanto mulher negra“, ela explica. Não fica difícil traçar um paralelo com o caso Kéfera X Luba, Danilo Gentili e homens que a atacaram.

Homens, por favor, podem debater sobre feminismo, entrem na roda, puxem uma cadeira, mas não queiram subir ao palco e palestrar sobre o movimento para uma plateia de mulheres. Quem tem medo do mansplaining ou acha que isso simplesmente não existe está mal informado ou é homem que quer dar uma de superior mas no fundo é inseguro e, mais uma vez, desinformado.

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