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Você não gosta de praia, sol e biquíni ou não gosta do seu corpo?

Mesmo sabendo que não deve, quantas vezes você já deixou de se divertir por medo, insegurança ou falta de autoestima?

Por Isabella Otto Atualizado em 22 mar 2018, 13h41 - Publicado em 22 dez 2017, 17h08

Não gosto de praia. Prefiro ficar no meu quarto lendo um livro ou jogando videogame“. Isso era o que eu mais amava dizer quando tinha uns 15 anos. Foi nessa época, no auge da adolescência, que as primeiras viagens da turma começaram a rolar. Guarujá era o destino principal. E eu, por mais que ficasse tentada, afinal “todo mundo ia”, pensava duas, três, quatro vezes antes de pedir, ajoelhar e depois implorar para meus pais me deixarem ir. Hoje, eu percebo que essa, definitivamente, não era a parte mais difícil. Na época, eu até achava que esse era meu principal obstáculo e que, se eu convencesse meus pais, não teria mais com o que me preocupar. Mentira. Eu tinha algo muito mais importante e forte para enfrentar: a minha autoestima.

À esquerda, na época em que eu não entrava no mar (mesmo sentindo vontade), porque não queria estragar a chapinha. À direita, esse era o meu look de praia. O biquíni até estava por baixo, mas dificilmente aparecia. Arquivo Pessoal/Reprodução

Viajar com a galera para a praia significava que eu, em algum momento, precisaria colocar biquíni. Minha grande preocupação era não ser tão atraente para os meninos quanto as minhas amigas. Eu sempre fui meio magrela, com algumas dobrinhas na barriga e sem cintura. Meu corpo é reto e, falando francamente, a Kim Kardashian deve ter roubado todas as vezes meu lugar na fila do bumbum. Eu também tenho bastante pelos e, apesar de ter feito alguns tratamentos que os deixaram mais fininhos, como fotodepilação, aos 15 anos, eu sofria demais com foliculite. Sabe aquelas bolinhas de alergia à lâmina ou cera? Então, tinha várias e em diversos lugares: na virilha, na coxa, no bumbum… Se hoje eu entendo que isso é uma característica do meu corpo e que de maneira nenhuma isso me torna menos bonita, antigamente eu tinha total certeza de que todo mundo só iria reparar na minha foliculite. E nas minhas dobrinhas nas laterais das costas. E na falta de dobrinhas no bumbum. Sem falar do meu cabelo, né? Não usá-lo liso não era uma opção. A questão é que meu cabelo é cacheado. Ou seja, como eu ia entrar no mar e mostrar meu cabelo natural para o mundo? Definitivamente, eu nem cogitava algo do tipo.

Fico bastante chateada (pra não falar irritada) quando dizem que tudo isso é besteira, porque não é. São questões que realmente incomodam algumas garotas, ainda mais durante a adolescência. São questões reais, verdadeiras, que te fazem chorar, se comparar a outras meninas e, eventualmente, até querer não ter nascido. Isso tudo não é besteira. Isso tudo é consequência de um histórico social ditado pelos padrões de beleza. Você não é tão magra quanto essa modelo da revista! Você não é tão bonita quando essa atriz! Você não tem os seios tão grandes quanto a sua melhor amiga! Já reparou como tudo é baseado na comparação? E é justamente ela que ainda cria tantas competições sem sentido entre as mulheres.

Tudo isso pode não ficar tão claro para você hoje, mas com o tempo você vai entender que se comparar menos é o começo para se amar mais. Se eu continuo não gostando de praia? Jamais! Não pode sair um solzinho para eu correr colocar meu biquíni e ficar de boa no quintal de casa. Ou na piscina da amiga. Não ligo para um pelinho ou outro. Ou para vários pelinhos. Não ligo para bolinhas de alergia. Não ligo se minha amiga tem a barriga chapada e eu não. Não ligo para o meu cabelo de maresia. Não ligo para o modelo do meu biquíni. Não ligo se prefiro não usar biquíni. Não ligo para estrias, celulites, suor ou areia. Simplesmente, não ligo. Não ligo em mim, não ligo nos outros.

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Todas nós temos um corpo de praia! iStock/Good_Studio/Reprodução

Também aprendi que é possível ser uma garota geek, viciada em livros e videogames, e amar praia. Uma coisa não exclui a outra. Também aprendi que você pode não gostar da areia penetrando em cada pedacinho da pele, da água salgada irritando os olhos, do sol deixando a pele queimada. É um direito seu. Mas o que eu aprendi de mais valioso depois de todo esse tempo (não, eu ainda não cheguei à terceira idade. Tenho apenas 25 aninhos) é que a gente não deve nunca perder oportunidades e deixar de se divertir por medo do que os outros podem pensar ou por vergonha de ser quem realmente é.

A principal lição que quero deixar com este último texto reflexivo do ano é: por que você diz não gostar de praia/piscina, sol e biquíni? Você realmente não gosta desse combo do Verão ou você não gosta do que vê no espelho – e, consequentemente, do que vai expor para os outros? Porque, se lá no fundinho, você sentir que a segunda opção é a que faz mais sentido, quero que leia esta desabafo novamente, quantas vezes precisar, e perceba algumas coisinhas: (1) você não está sozinha, (2) você não precisa se encaixar em nenhum padrão que não seja o de ser livre, leve e solta, e (3) você não deve nunca deixar de ser feliz – pois não há ~dieta do Verão~ que substitua os benefícios do sorriso no rosto e da paz de espírito.

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Vá pra praia, garota! Ou fique em casa. Só não deixe de viver, ok?

Promoção CAPRICHO Volta às Aulas 2018
Divulgação/CAPRICHO

 

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