Casos de infecção por Sars-Cov-2 em que os sintomas permanecem por um longo período de tempo foram apelidados pelos especialistas de “Covid longa”. Talvez você já tenha ouvido algum relato de alguém que tenha desenvolvido a doença e ficou com o paladar ou olfato afetado por meses, mas a lista de complicações pode chegar a 50 sintomas e inclui dor de cabeça, falta de ar, sudorose noturna, fadiga, etc. Mas um estudo realizado no Reino Unido pode trazer uma esperança para quem ainda permanece com os sintomas a longo prazo. Segundo um levantamento, que observou o efeito da vacinação em pessoas com a tal “Covid longa”, realizado pelo LongCovidSOS com apoio das universidades de Exeter e Kent, 57% dos participantes registraram uma melhora no quadro de sintomas.
No Reino Unido, onde o estudo foi realizado, acredita-se que 1,1 milhão de pessoas tiveram pelo menos um dos efeitos dos quadros persistentes. Alguns cientistas estão se dedicando a pesquisar as consequências do vírus no sistema imunológico e a causa da “Covid longa”. Para Akiko Iwasaki, da Universidade Medicina de Yale, nos Estados Unidos, “nossa principal hipótese é de que a ‘Covid longa’ seja causada por uma infecção viral persistente e/ou doença autoimune“, disse a BBC News Brasil.
De acordo com o pesquisador, existem três hipóteses sendo discutidas. A primeira, e considerada a mais provável, é que se trata de uma infecção persistente, como se houvesse um depósito do vírus no corpo e que não conseguisse ser identificado, se escondendo. A segunda hipótese considera um mecanismo autoimune, em que o sistema de defesa estaria atingindo o corpo. Já a terceira e última possibilidade estuda a chance de que fantasmas virais causem um estímulo no sistema imunológico, resultando uma resposta que gera inflamações.
Não é a primeira vez que médicos e cientistas percebem uma melhora em pacientes após a vacinação. “Centenas de relatos de pacientes de Covid que cuidamos há quase um ano e estão relatando que, após a vacinação, estão percebendo uma melhora significativa, quiçá completa, de seus sintomas persistentes“, disse Daniel Griffin, médico e chefe de doenças infecciosas da ProHealth, para a CNN em abril.
Os pesquisadores não descartam que a melhora de alguns pacientes tenha sido resultado do combo vacina e tratamentos multidisciplinares, como fisioterapeuta, neurologista, pneumologista e gastroenterologista, por exemplo. O estudo, o maior sobre o tema, ainda precisa ser validado por outros cientistas e precisa ser comprovada a relação a recuperação dos pacientes com as vacinas, para assim descartar fatores psicológicos ou uma melhora natural dos sintomas.