Muitas mulheres não se sentem confortáveis para conversar sobre o assunto nem com os próprios médicos. Estamos falando dela, a vagina. Dá para acreditar que até hoje meninas são ensinadas desde cedo a não conhecer ou explorar o próprio órgão sexual? Mas não se preocupe que chegou a hora de entender tudo sobre ele.
E já começamos pela primeira confusão que é feita: o que muita gente chama de vagina, na verdade, é a vulva. A vagina é a parte de dentro, o canal que liga a parte externa ao colo do útero. Trata-se de um “tubo muscular” que tem a capacidade de se alongar. A vulva é a parte externa, que compreende os pequenos lábios, parte externa do clitóris, grandes lábios e monte pubiano, mais conhecido como “Monte de Vênus”.
Assim como nós, mulheres, cada vulva e vagina são únicas. “Há vários tamanhos e formatos de pequenos lábios, clitóris, capuz do clitóris etc. Na infância, normalmente o clitóris e pequenos lábios ficam encobertos pelos grandes lábios. Com o desenvolvimento da adolescência, a vulva muda de característica com maiores variações. É normal, por exemplo, ter os pequenos lábios se exteriorizando pela vulva”, conta a ginecologista Denise Theodosio.
E, você, sabe quais são as cinco partes que fazem parte da vulva? São elas:
- Clitóris: órgão sexual feminino relacionado ao prazer sexual da mulher;
- Hímen: membrana localizada na entrada da vagina;
- Parede vaginal: a vagina é formada por duas paredes, que apresentam três camadas: a mucosa, a muscular e a adventícia;
- Glândulas de Bartholin: situadas dos dois lados das paredes vaginais, são responsáveis por secretar um líquido claro, viscoso e lubrificante, importante no momento da relação sexual;
- Colo do útero ou cérvix: localizado no fundo da vagina, representa a porção inferior do útero e onde encontra-se a sua abertura.
Há muitas questões que podemos citar sobre a vagina, desde os cuidados básicos até a questão da sexualidade.
Olha só algumas curiosidades sobre ela:
1| A vagina é autolimpante
“Quando a gente fala de limpeza íntima, há muita confusão. A vagina é autolimpante, não tem necessidade de fazer nenhum tipo de lavagem. O fluido de lubrificação e o muco já se encarregam de fazer essa limpeza. Aliás, fazer ducha vaginal tira as bactérias boas, que são protetoras, e facilita infecções por outras bactérias que dão mau cheiro (vaginose) ou fungos, como a candidíase”, explica a doutora Denise.
As partes externas, sim, têm que ser limpas. De acordo com a ginecologista, a orientação é lavar a vulva durante o banho com sabonete que tenha pH adequado, de preferência um sabonete íntimo, para não causar irritações na região. A vulva deve ser lavada delicadamente para a retirada das células mortas e secreções. Mas atenção: lavagem em excesso também pode ser prejudicial por tirar a proteção natural e favorecer infecções.
2| A vagina é naturalmente úmida
“A vagina é um ambiente naturalmente úmido. Ter umidade na calcinha é normal, ela é causada pela descamação de células mortas, líquido de lubrificação vaginal e muco endocervical (aquele que aparece quando estamos ovulando)”, fala a ginecologista.
A secreção pode aparecer ainda antes da menarca – a primeira menstruação. E as características da umidade também mudam conforme a fase do ciclo menstrual. Por isso, não é preciso se preocupar com isso.
De acordo com a médica, o que não deve ocorrer são coceiras insistentes, mau cheiro, secreções muito diferentes do habitual e feridas na vagina. Nesses casos, é muito importante procurar um ginecologista.
A dica é ficar sempre atenta aos sinais que o seu corpo dá!
3| A vagina precisa respirar
Como a vagina é quente e úmida, torna-se um local propício para infecções por fungos, a famosa candidíase.
Para evitar esse incômodo, dormir sem calcinha é uma boa pedida. “Isso ajuda a ventilar e deixar as floras vaginal e vulvar mais saudáveis. Outras coisas que também podem ajudar é usar calcinha de algodão, não ficar muito tempo com biquíni molhado e evitar usar roupas justas por muito tempo”, diz.
4| Os pelos são naturais do corpo humano
Depilação é uma questão estética e de preferência pessoal. “Tradicionalmente, as brasileiras depilam a parte íntima e se incomodam com os pelos. Mas é bom lembrar que eles são naturais do corpo humano. Alguns médicos acreditam que ajudam a manter a flora vaginal saudável, e outros não veem diferença entre depilar ou não”, ressalta a médica.
Vale lembrar que deixar os pelos não é sinal de má higiene, viu?
5| Existe atividade física para a vagina!
Sim! Eles são indicados para facilitar o parto normal e para tratamento e prevenção de questões como incontinência urinária, útero ou bexiga caídos e dor pélvica crônica. Os exercícios também são usados visando à melhora da sexualidade. Os mais famosos são o pompoarismo e os exercícios de Kegel.
Mas é importante seguir sempre a orientação de uma fisioterapeuta pélvica para começar a praticá-los.
6| Algumas mulheres não possuem hímen
Como já sabemos, nós não somos todas iguais – e nem o nosso hímen (às vezes, ele nem existe!). Por conta da ação hormonal no corpo da mulher, o hímen pode ficar mais elástico e mais fino, e se moldar a qualquer “coisa” que entre no canal vaginal.
Já que todos os himens são diferentes, não é certo afirmar que alguém já teve relações sexuais com penetração fazendo um exame físico ou apenas olhando a vulva. O hímen pode “se romper” em algumas partes – na prática de esportes, no uso de coletor menstrual, em uma relação sexual com penetração ou até mesmo durante o parto vaginal. Ele não possui terminações nervosas, por isso seu estiramento ou rompimento não causam dor.
Cada vagina é de um jeito, tem aparência, formato, cor e cheiro diferentes!
E aí? Gostou de conhecer um pouquinho mais sobre o seu órgão sexual?
Chegou a hora, então, de testar os seus conhecimentos sobre a vagina!