Você sabia que o mês de julho é considerado “o mês das Pretas” e que, hoje, dia 25 de julho, é celebrado um dos dias mais importantes para as mulheres negras não só no Brasil, mas em todo o mundo?
O Dia Internacional da Mulher Negra Latina e Caribenha é um marco de celebração do primeiro encontro das mulheres afro-latino americanas e caribenhas, que aconteceu em 1992 e foi um marco para a luta feminista. Lembrá-lo serve para dar visibilidade à luta contra a opressão de gênero e raça – e garantir um futuro melhor para meninas e mulheres.
Segundo dados do Atlas da Violência 2021, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), só em 2019, as mulheres negras representaram 66% do total de mulheres mortas no país, com uma taxa de mortalidade por 100 mil habitantes de 4,1, enquanto a taxa entre mulheres não negras foi de 2,5. Ou seja, ainda hoje, as meninas e mulheres negras sofrem muito mais violência do que as mulheres brancas no país. E isso é muito grave.
Uma informação interessante é que, aqui no Brasil, nós também comemoramos neste mesmo dia o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Essa data é mega importante, pois é um símbolo da luta contra o racismo e a desigualdade que atinge principalmente as mulheres que fazem parte dessa população.
Mas, para celebrar, hoje vamos te contar quem foi Tereza de Benguela, uma líder de quilombo, que já no século XVIII, lutava pelos seus, e não à toa, recebeu esta homenagem para que jamais fosse esquecida.
Tereza tem sua origem de nascimento desconhecida, mas sabe-se que sua vida foi aqui no Brasil. Ela era casada com José Piolho, o chefe do Quilombo do Quariterê, o maior da região do Mato Grosso (atualmente, esse é o lugar da fronteira com a Bolívia). Lá, viviam aproximadamente 100 pessoas, negras e indígenas.
Piolho acabou assassinado ao lutar pela sobrevivência das pessoas da região e deixou a liderança nas mãos de sua mulher, Tereza, para que a luta pela liberdade continuasse acontecendo. Nessa fase de sua vida, ela tornou-se a “Rainha Negra do Pantanal” e fez história, pois o Quariterê se tornou uma grande comunidade e resistiu por 20 anos.
Tereza deixou seu legado e fez jus ao título de “rainha”. Com seu espírito de liderança, conseguiu fazer com que os residentes do local sobrevivessem do cuidado com a terra. Na época, cultivavam alimentos como milho, feijão, mandioca e banana. Ela, líder do grupo, também saía em missões para vender ou trocar os alimentos por objetos de valor que pudessem ajudá-los.
Em 1770, os livros de história contam que o Quilombo desapareceu no governo de Luís Pinto de Souza Coutinho. Não sabemos ao certo a data e o motivo do falecimento dessa guerreira. Mas há quem acredite que, para fugir da escravidão, ela cometeu suicídio; mas também há a versão de que ela foi realmente assassinada.
Durante muitos anos, a história dessa heroína negra não foi descoberta e estudada, mas com a força que o movimento negro vem ganhando nos últimos anos – ainda bem -, sua trajetória foi reconhecida e merece ser contada, mostrando a devida importância que tem.
Em 2014, a Lei 12.987 registrou o dia 25 de Julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, como uma maneira de homenagear essa mulher forte, que faz parte da história nacional e merece o devido reconhecimento.
Uma história que precisa ser lembrada e contada <3