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Tartarugas e peixes vivos são vendidos dentro de chaveiros na China

Os filhotes de animais aquáticos, transformados em amuletos da sorte, morrem dias ou até mesmo horas depois de serem presos

Por Amanda Oliveira 20 Maio 2018, 11h14

Qual seria sua reação se estivesse caminhando em uma feira de comércio ambulante e se deparasse com a venda de chaveiros com bichinhos vivos dentro? Acredite ou não, esta é uma realidade muito forte em alguns lugares da China.

Vendidos como souverniers, filhotes de tartarugas, salamandras e peixes são presos dentro de embalagens impermeáveis com água tingida por cores florescentes. Os sacos são amarrados com uma cordinha e os chaveiros são vendidos para dar “boa sorte” àqueles que comprarem o objeto.

O que mais surpreende nessa história (se é que isso é possível) é que a prática não é considerada ilegal e já acontece no país há muito tempo. Inclusive, algumas pessoas afirmam que chaveiros com peixes vivos eram vendidos por ambulantes nas saídas dos estádios durante os Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim.

Segundo uma reportagem do South China Morning Post de 2016, o primeiro projeto de lei de proteção aos animais na região da China foi iniciado em 2009, mas nenhum progresso foi feito até então. Em 2011, as imagens dos chaveiros fizeram com que vários ativistas e defensores dos direitos animais protestassem contra a prática, inclusive com petições online para que o governo chinês tornasse a venda ilegal. Nada aconteceu e as vendas seguiram normalmente.

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De acordo com os vendedores, a água da embalagem contém nutrientes que alimentam o animal durante três meses. Em entrevista ao The Star, o professor Sam Walton, da Universiti Malásia Terengganu, desmentiu a informação. “Pode até haver oxigênio e alimento suficiente no saco plástico, mas as fezes da digestão animal são tóxicas e isso irá matá-los“, explica. Além disso, o espaço na embalagem é tão apertado que, embora consiga se mexer um pouco, o animal não consegue se virar.

Segundo o professor, essa ainda não é a pior parte. Walton explica que animais aquáticos são muito sensíveis a variações de temperatura. Então, estar preso em um saco plástico é como estar em uma estufa. “O choque térmico e o choque físico de ser balançado o tempo todo provavelmente irão matar o bichinho antes de qualquer outra coisa“, afirma. Por isso, os animais podem morrer dias ou até mesmo horas depois de serem aprisionados.

Chaveiros com animais vivos sendo vendidos em Xiamen, na China. The Star/Reprodução
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Tirar a liberdade dos animais, torturá-los dessa forma e transformá-los em acessório para venda ultrapassa todos os níveis de crueldade. Se o costume é antigo, provavelmente as autoridades locais têm conhecimento da prática. Nada, porém, parece ser feito para encerrá-la. Enquanto o governo chinês não toma providências para acabar com a atividade, vários grupos de ativistas vêm comprando os chaveiros para soltar os bichinhos em seguida e devolvê-los para a natureza. Contudo, não sabe-se ao certo os danos que já o afetaram pelo manuseio e aprisionamento.

Seres humanos…

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