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Saiba o que é capacitismo e por que é tão urgente combatê-lo

Em uma sociedade que ainda discrimina ferozmente pessoas com deficiência, a luta anticapacitista precisa de mais aliados

Por Gabriela Junqueira 24 ago 2021, 17h00
de um lado, o hidratante, o perfume e a máscara facial hello stars, dispostos lado a lado. De outro, as frases: Cada estrela é única, como você. Conheça a nova linha Hello Stars. Todos os elementos estão em um fundo azul escuro com estrelas que brilham
CAPRICHO/Divulgação

No último Dia Nacional do Surdo, a apresentadora e atriz Regina Casé publicou um vídeo ao lado da sua filha, Benedita, falando sobre capacitismo. A postagem teve bastante repercussão e gerou um debate importante sobre o assunto. O Google Trends até registrou um aumento de pesquisas relacionado ao termo, que deve se repetir agora, durante as Paralimpíadas de Tóquio. Mas, afinal, o que ele significa?

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Capacitismo, palavra originada de ableism (termo em inglês usado para se referir à marginalização), é a discriminação de pessoas com deficiência, seja ela físico-motora, auditiva, visual, intelectual, de aprendizagem, de espectro autista ou colostomia. Esse preconceito costuma vir acompanhado do pressuposto de que algo precisa ser corrigido, mudado. Em uma sociedade capacitista, existe a ideia de que os corpos sem deficiência valem mais e são considerados “normais”, diferentemente dos outros que possuem “anormalidades”. 

Esse tipo de preconceito não aparece apenas em ações explícitas. Quando alguém se dirige a um acompanhante de uma pessoa com deficiência, por exemplo, e não à própria pessoa, deduzindo que ela não é capaz de responder por si só, está sendo capacitista. Frases como “tem tanta gente vivendo situações piores” ou “é por isso que temos que ser gratos pela nossa saúde” também são capacististas e reproduzem preconceitos disfarçados de #gratidão.

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O discurso de superação atribuído a uma pessoa com deficiência quando ela realiza uma atividade ou uma conquista é outro exemplo que escancara o capacitismo estrutural da nossa sociedade, porque mostra quantos direitos são negados e políticas de acesso ainda são necessárias para que essas pessoas tenham vidas justas. “Matérias de superação não mudam nada. É uma mentira que nos contam que pessoas com deficiência estão aqui para superá-las. Mas ninguém supera deficiências, a gente se adapta a um mundo que não é feito para nós. Se a pessoa conseguiu chegar lá, é mérito da pessoa, não da deficiência. É muito chato quando você conquista uma coisa e vira simplesmente uma notícia de superação. Ser exemplo de superação nunca mudou nada neste país, só reforça uma ideia de que pessoas com deficiência são tão incapazes que qualquer coisa que a gente faz vira exemplo de triunfo. E nem tudo é superação, sabe? Algumas coisas são apenas sobrevivência“, explica a criadora de conteúdo Mariana Torquato, de 28 anos, pioneira no YouTube falando sobre deficiência no Brasil, em entrevista à CAPRICHO.

A deficiência não é uma doença, é uma condição e, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, de 2011, mais de um bilhão de pessoas vivem com algum tipo de deficiência no mundo. No Brasil, mais de 45 milhões têm algum tipo de deficiência, conforme levantou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sendo a deficiência visual a mais comum, representado 7% do total. É importante salientar que discriminar pessoas com deficiência é crime prescrito no Art. 88 da Lei Brasileira de Inclusão, com penas que variam de um a três anos de reclusão e multa.

Como então ser um aliado da luta anticapacitista? Para começar, não rotulando pessoas com deficiências, não reforçando a ideia de que essas pessoas precisam mudar, reconhecendo e respeitando os direitos daqueles com deficiência e não se calando diante de situações capacitistas. “As pessoas acreditam que a acessibilidade não é um direito, mas uma boa ação. Enquanto a gente tiver esse pensamento, as empresas e os comércios vão continuar achando ‘n’ motivos para não respeitar esse direito. Não é tão difícil construir uma rampa ou alugar um lugar que seja acessível. A prefeitura também precisa começar a contratar pessoas que sejam especialistas em acessibilidade, porque acabam dando alvará para lugares que não são acessíveis. É a invisibilidade que mantém o sistema capacitista que vemos por aí“, alerta Mari Torquato.

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