O Novo Ensino Médio chega nas escolas ano que vem. Com isso, o Enem também passará por reformas, só que em 2024! O Conselho Nacional de Educação (CNE) se reuniu com os representantes do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) para debater as mudanças na prava, que ainda deverão incluir as considerações do Grupo de Trabalho (GT) do Ministério da Educação (MEC). A votação da proposta ocorrerá no plenário do CNE em janeiro de 2022.
Afinal, por quê mudar?
Como já falamos, o Ensino Médio vai se transformar! Os alunos terão que ficar no mínimo 5h nas escolas, carga que será dividida entre uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os chamados Itinerários Formativos.
Na BNCC, as disciplinas individuais serão diluídas e divididas entre 4 áreas de conhecimento, como Linguagens e suas Tecnologias, por exemplo. Já nos Itinerários, os alunos se aprofundam no desenvolvimento dessas competências e habilidades e/ou fazem uma especialização técnica/profissional.
A lei foi aprovada em 2017, mas as escolas tinham até 2022 para aderir às mudanças. No ano que vem, as turmas do 1º ano já seguirão o padrão. Daí, em 2023, começa para valer para as do 2º ano e assim, em 2024, todos os três anos já estarão seguindo as regras.
Como isso mexe com o atual Enem?
Atualmente, o Enem é dividido em duas etapas. No primeiro domingo, são aplicadas a redação e 90 questões divididas em Linguagens e Ciências Humanas. No segundo domingo, são 90 questões divididas em Ciências da Natureza e Matemática.
“Hoje temos, além da redação, quatro provas obrigatórias e longas. Os alunos reclamam de cansaço. Se o Ensino Médio terá uma parte comum e uma parte diversificada/flexível, a orientação do conselho é que o Enem siga a mesma direção: tenha uma primeira etapa comum a todos os candidatos, e uma segunda mais diversificada”, explicou Maria Helena Guimarães de Castro, relatora do parecer do CNE.
Com a mudança, a 1ª etapa do Enem ainda contará com uma redação e uma prova comum para todos, mas com questões mais interpretativas e multidisciplinares. Já a 2ª será direcionada de acordo com a área de conhecimento que o aluno escolher.
Essa segunda etapa levantou alguns questionamentos. Vamos entender por quê e quais são eles:
- Segundo as discussões da Comissão de Educação do CNE, seria interessante que a segunda prova fosse conteudista, de acordo com o que o aluno quiser seguir na universidade. Então se o aluno escolher cursos como filosofia, história e relacionados, sua prova teria que contar com conteúdos de humanidades, linguagens e artes, por exemplo.
Acontece que o Consed alegou que esse modelo amplia as desigualdades entre os candidatos. Isso porque essa parte mais específica será trabalhada nos itinerários formativos e nem todos os alunos terão as mesmas oportunidades. Afinal, algumas escolas podem ter um leque de 20 itinerários, outras de 5. Vale pontuar que além das escolas não serem obrigadas a oferecer determinado número, nem todas têm estrutura para oferecer diversas opções de itinerários.
A solução encontrada pelos dois órgãos (CNE E Consed) foi que a 2ª etapa fosse focada nas habilidades desenvolvidas pelo aluno ao longo Ensino Médio, de acordo com as áreas de conhecimento.
- A prova de língua estrangeira também foi debatida.
Mais uma vez, o Consed alerta que apesar de ser prevista pela BNCC, não é possível comparar o nível de aprendizagem de outro idioma entre alunos de redes públicas e particulares. Principalmente em um cenário pós-pandêmico
“Nós, do Consed, queremos que o inglês seja integrado de maneira interdisciplinar no primeiro dia, e não como uma prova separada, focada só nisso” – Vitor Angelo
- Quais serão os critérios de avaliação para o aluno ingressar nas faculdades?
O modo de correção continua sendo o pela Teoria de Resposta ao Item (TRI), que avalia o desempenho do candidato ao decorrer da prova. Mas a maneira que as notas serão usadas irá caber ao MEC (Ministério da Educação) em relação ao Sisu e também às instituições, que idealmente, devem divulgar como será o processo seletivo. Isso pode variar de instituição para instituição.
- Agora a principal preocupação: Como implementar tantas alterações? Como fazer funcionar?
Com questões discursivas, poderá ser necessário adaptar o formato de correção que já exige uma tecnologia de algoritmos e diversos corretores para redação, ainda mais quando o Enem se tornar 100% digital. Além do mais, o acervo de perguntas, o Banco Nacional de Itens (BNI), já está defasado para o modelo atual, imagina com uma reformulação para 4 provas diferentes? Tenso né?
Bom, segundo o presidente do Consed “Vão ser mudanças graduais. Podemos não conseguir ter perguntas discursivas logo em 2024, e sim algum tempo depois”. Ou seja, essa parte ainda não está totalmente definida.
Só esperamos que os alunos tenham estrutura e apoio para lidar com as alterações. Aos estudantes, desejamos força!