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Quem é Thiago Brennand, brasileiro procurado por cometer de crimes sexuais

Até agora, 11 vítimas já se pronunciaram; empresário cumpre prisão preventiva em hotel de luxo, é a favor do porte de armas e investigado por outros crimes

Por Isabella Otto 18 out 2022, 09h40
Foto de Thiago Brennand. Ele é um homem de 42 anos, com barba rala, usa uma boina de olha para a câmera
Foto de Thiago Brennand postada nas redes sociais Redes Sociais/Arquivo Pessoal/Reprodução

A Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) prendeu na última quinta-feira (13) o empresário Thiago Antonio Brennand Tavares da Silva Fernandes Vieira, de 42 anos, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. O brasileiro, natural de Recife, estava foragido desde o dia 4 de setembro, quando a Polícia Federal confirmou que ele havia passado pela Imigração. Brennand pagou fiança e responde em liberdade.

Em agosto, o agora réu foi denunciado por agressão pela atriz e empresária Helena Gomes. O crime ocorreu na noite do dia 3, na Bodytech do Shopping Iguatemi, em São Paulo. Câmeras de segurança flagraram o ocorrido e testemunhas confirmaram a agressão. O caso foi divulgado pelo Fantástico, da TV Globo, e a primeira prisão preventiva do empresário foi decretada no Brasil no dia 27 de setembro, pela juíza Erika Soares de Azevedo Mascarenhas. No início deste mês, após soltura em Abu Dhabi, outro pedido de prisão preventiva foi emitido pela Justiça brasileira.

Hoje, Brennand é procurado no Brasil. Ou seja, se voltar ao país, será preso. Lá fora, a situação dele é como detido, respondendo a um processo de extradição em liberdade, porque pagou fiança.

A longa lista de denúncias

A Justiça informou que o empresário tinha até 18 de outubro para retornar ao Brasil. Como descumpriu a decisão, e estava foragido em outro país, a prisão preventiva foi realizada pela Interpol, que agora analisa os trâmites legais para a extradição do brasieiro, que está sendo investigado também por crimes sexuais, de lesão corporal, cárcere privado, corrupção de menores, ameaça e divulgação de conteúdos íntimos não autorizados.

Stefanie Cohen, de 30 anos, estudante de Medicina, revelou ao Fantástico que acredita ter sido dopada e estuprada pelo empresário, durante um encontro. “No fim de jantar, ele pediu duas caipirinhas de caju, e eu me lembro de ter ficado muito tonta”, revelou ao programa.

A estudante acredita ter sido vítima do “Boa Noite, Cinderela”. Stefanie conta que Brennand começou a “ajudá-la” e a levou para um hotel que ela não conhecia. Lá, ela disse ter enfrentado a pior noite de sua vida. “Ele me estuprou. Ele forçou a relação anal. Sempre sem preservativo, sem nenhum tipo de preocupação com o que aquilo poderia fazer comigo. A parte que eu mais me lembro foi eu pedindo ‘não’ muitas vezes. Eu falava: ‘não, por favor, não. Eu nunca fiz isso. Por favor, não faz isso comigo’; e ele ficava: ‘você é a minha namorada’; e forçando, forçando. Ele tirou minhas forças, minha dignidade. Tudo naquele momento”, declarou.

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Print da tela do celular. Tem uma conversa de WhatsApp aberta e um home tenta convencer uma mulher a depor a seu favor na delegacia
Mensagem que Stefanie recebeu de Brennand Fantástico/TV Globo/Reprodução

A estudante disse ainda que o empresário fez um comentário pejorativo e xenofóbico sobre o seu corpo quando ela acordou na manhã seguinte. “Ele falou: ‘Eu achei que eu estava saindo com a Miss São Paulo, mas está mais para Miss Paraíba’, como se fosse algo degradante”, disse a vítima.

Ele é um completo monstro. Não tem como um ser humano não achar que ele é um monstro. Nós não tivemos relacionamento nenhum. Ele me estuprou, e eu consegui escapar”, falou Stephanie para o jornalista Valmir Salaro, quando revelou que havia recebido uma mensagem do empresário pouco tempo antes dele deixar o Brasil, tentando coagí-la a depor a seu favor. O profissional da Globo também revelou ter sido contactado por Thiago após ter reportado as denúncias: “Ele foi muito agressivo, me xingou e me ofendeu, e, de uma certa forma, fez ameaças nessa gravação atacando todo mundo e desqualificando as vítimas. Depois, em três mensagens que ele mandou no celular, ele faz algumas ameaças”, disse Salaro durante participação no programa Encontro.

As notícias a respeito de Thiago Brennand tem gerado uma onda de denúncias contra o empresário. Recentemente, uma mulher, que preferiu não ser identificada, disse que foi vítima de cárcere privado, agressão e estupro. Na época, ela era namorada do empresário e os dois viviam juntos no interior de São Paulo.

A moça contou que a relação começou boa, mas que Thiago se tornou abusivo, tendo-a prendido em casa, a torturado e obrigado a namorada a tatuar as iniciais do nome dele em seu corpo. “Você agora é propriedade minha”, teria dito na sequência.

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A vítima ainda contou que seu irmão chegou a denunciá-lo, mas que fora ameaçado, tendo retirado a queixa na sequência por medo. Brennand ainda teria enviado para amigos no WhatsApp imagens pessoais do casal sem o consentimento da até então namorada.

Até 16 de setembro, o SP1, da TV Globo, disse que o empresário era investigado por praticar crimes sexuais contra 11 mulheres. Recentemente, o jornalista Ricardo Antunes disse que o nome do empresário pode estar ligado ao Caso Serrambi, em que duas mulheres foram mortas misteriosamente. A polícia ainda não se pronunciou sobre o furo.

Um funcionário de um hospital de São Paulo, que denunciou o empresário por agressão, também desistiu dias depois. Thiago teria chamado o funcionário de “bosta” e “palhaço”, e dado um soco nele.

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O cavaleiro olímpico Álvaro Affonso de Miranda Neto também já entrou na Justiça contra o empresário, que o ameaçava constantemente. Desta vez, o desfecho foi diferente. Álvaro ganhou a ação e hoje Brennand está proibido de se aproximar e fazer contato com o atleta e sua família.

Quem também se manifestou nessa onda de denúncias foi Jason Vieira, um primo de Thiago, que revelou ao Fantástico que o empresário mandou entregar uma coroa de flores na casa dele, com a mensagem: “Jason do câncer, cancinho [sic], descanse em paz”. Ao programa dominical, Jason explicou que estava tratando um câncer quando recebeu a encomenda e um áudio, que foi divulgado em rede nacional: “Já tá todo mundo sabendo da metástase, ô cancinho. Que pena, hein? Parece ferrugem no teu corpo, né?”, falou Brennand.

O histórico de (mais) violência

Thiago Brennand vem de uma família nobre de Recife, mas não tem direito à herança. Na verdade, os pais do empresário conseguiram uma medida protetiva contra o próprio filho, e antecipiram a parte legal da herança dele há 15 anos, evitando assim qualquer tentativa de contato. Nenhum dos 38 primos fala com o integrante da família.

Em 2020, Brennand foi investigado por agressão após ser denunciado pelo próprio filho. Na época, o garoto tinha 14 anos e fugiu de Recife para São Paulo, onde mora a mãe, após, segundo ele, quatro anos de abusos.

Para a polícia, o adolescente disse que o pai batia nele com baqueta de bateria, fio de carregador de celular, cabides, pedaços de madeira, corda, etc. Alguns dias depois, contudo, o menino voltou à delegacia e desmentiu sua fala, dizendo que a denúncia havia sido um ato de rebeldia. Teria Brennand coagito um menor de idade? É isso que a Justiça também deseja descobrir.

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Uma publicação compartilhada por Thiago Brennand FV (@thiagobrennandfv)

Além de todo esse histórico, o brasileiro é conhecido por defender o porte de armas de fogo, e inclusive já fez declarações e postagens nas redes sociais exibindo o arsenal que tem em casa. Ele orgulhosamente costumava dizer que era o maior colecionador de armas táticas da América Latina.

O recifense também vivia dando declarações xenofóbicas a respeito do Brasil e disse que só retornou ao país por causa da pandemia de coronavírus. “Quando eu era criança, já tinha nojo do local”, disse certa vez, em uma postagem online. Ele também já declarou abertamente apoio a Jair Bolsonaro e fez declarações em prol da derrubada do STF (Supremo Tribunal Federal).

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Por ora, o empresário está sumido das redes sociais. Poucos dias antes de ser preso, na última quinta (14), ele publicou um vídeo defendendo-se das acusações, dizendo que estava sendo “politicamente perseguido”, por isso decidiu viajar, e que não se considerava um foragido. O vídeo foi excluído, mas você confere alguns trechos dele a seguir:

As últimas notícias a respeito do caso é que o empresário, após pagamento de fiança, está cumprindo prisão preventiva em um hotel de luxo em Abu Dhabi, com diárias de até R$ 22 mil.

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