magine essa situação: você conhece uma pessoa, vocês começam a sair, os gostos dão match, conhecem a família um do outro, parecem se dedicar mutuamente para a relação funcionar, há declaração de sentimentos, planejam viagens e, de repente, a pessoa te liga e some da sua vida, sem muita explicação ou justificativa. Isso já aconteceu com vocês? Pois esse tipo de comportamento é chamado pela psicóloga
Professora da
O fenômeno pode parecer muito com o do ghosting, ou seja, quando há uma relação e construção de um laço, mas interrompidos pelo sumiço da outra pessoa, que não manda mais mensagem e às vezes até impede o contato com você. A grande diferença é que, enquanto o ghosting é mais presente no âmbito das redes e o sumiço se refere, em especial, a parar de trocar mensagens ou de interação virtual, o vínculo fantasma acontece em uma relação que se estabelece fisicamente.
O sumiço da outra pessoa surge de forma abrupta e em um momento inesperado porque, geralmente, a relação costuma aparentar madura, segura e evoluindo. Em entrevista ao Estadão, Tatiana explicou que, no vínculo fantasma, há características de compromisso na relação, por exemplo, que são quebrados pelo sumiço do outro.
“O nome vem do fato de que aquilo ali parece alguma coisa real e, de repente, se desfaz, como se fosse uma assombração, uma ilusão. O fantasma é alguém que parece estar ali, mas quando você pega essa pessoa para ter uma vida concreta, uma vida física, uma vida de presença, se vai do nada, como se fosse um fantasma“, afirma.
Outra diferença entre o ghosting e o vínculo fantasma é que, segundo a psicóloga, os danos psicológicos a vítima do vínculo fantasma são mais acentuados e graves, podendo levá-la a desenvolver problemas de confiança, a ficar deprimida e, em alguns casos, se tornar um fantasma para as outras pessoas.
No livro, Tatiana deixa explícito como o vínculo fantasma não é um fenômeno isolado, mas sim muito relacionado com a ‘epidemia de imaturidade’ que, segundo ela, atua intensamente na sociedade. No texto de apresentação do livro, ela designa a essa epidemia como a “redução das relações a meras vivências pueris, em que as pessoas fogem das responsabilidades no momento em que elas se tornam concretas e, consequentemente, acabam deixando um rastro de decepção, culpa e frustrações por onde passam”.
Pode até ser uma sociedade mais imatura para lidar com relações, mas cada tentativa precisa ser comemorada. Ao Estadão, ela contou como, após a publicação do livro, diversos ‘fantasmas’ a procuraram por terem se identificado com a definição proposta e não quererem mais agir dessa forma com as outras pessoas.
E você, já teve um vínculo fantasma? 👀
*Preços consultados em 10 de junho de 2024. Sujeitos a alterações. As compras feitas através destes links podem render algum tipo de remuneração para a Editora Abril.