Professores vão trabalhar de saia em protesto contra imposições de gênero
Aderindo ao movimento "Roupas Não Têm Gênero", professores saem em defesa de aluno que sofria bullying na escola por causa das roupas que usava
Na Espanha, o movimento Clothes Have No Gender (“Roupas Não Têm Gênero”), iniciado em 2020, ganhou um novo gás recentemente, após protesto de professores da escola Virgen de Sacedon, localizada na cidade de Valladolid. Manuel Ortega, de 37 anos, e Borja Velázquez, de 36, ambos homens cis e heterossexuais, decidiram ir trabalhar de saia para lutar contra os estereótipos de gênero e prestarem apoio a um aluno que vinha sofrendo bullying por causa de suas vestimentas.
O estudante em questão, que preferiu não ser identificado, estava sendo atacado pelos colegas, com comentários homofóbicos, por gostar de usar moletons de animes. Os educadores, então, decidiram apostar na minissaia para ensinar sobre respeito e diversidade. Não demorou muito para o protesto ser aderido pelo resto do corpo docente, formado por homens e mulheres. “Uma escola que educa no respeito, na diversidade, na coeducação e na tolerância. Vista-se como quiser!”, encorajou Borja Velázquez no Twitter.
Un cole que educa en el respeto, la diversidad, la coeducaión y la tolerancia. ¡Vístete como quieras! Nos sumamos a la inicitiva #LaRopaNoTieneGénero @CEIPVdeSacedon @educacyl @cfievalladolid @FTriangulo @fecylgtb pic.twitter.com/GgnoejXe2N
Continua após a publicidade— Borja Velázquez (@borjamusico) April 29, 2021
No final de 2020, outro professor espanhol teve a mesma ideia depois que um estudante foi expulso da sala de aula por usar saia. Mikel Gómez, de 15 anos, postou um vídeo no TikTok narrando o ocorrido. O morador de Bilbao contou que, além da expulsão, o encaminharam para uma psicóloga, porque consideraram o fato de ele ir para a escola usando saia problemático. O professor José Piñas, então, começou a ir trabalhar de saia para protestar contra a atitude da instituição. “Há 20 anos, sofri perseguições e insultos por minha orientação sexual no colégio, onde agora sou professora, enquanto muitos professores olhavam para o outro lado. Quero me unir à causa do aluno Mikel, que foi expulso e encaminhado a um psicólogo por ir para a aula de saia”, escreveu Piñas no Twitter.
Hace 20años sufrí persecución e insultos xmi orientación sexual en el instituto en el q ahora soy profesor, muchs profes, miraron para otro lado. Quiero unirme a la causa del alumno, Mikel, q ha sido expulsado y enviado al psicólogo por ir a clase con falda. #LaRopaNoTieneGenero pic.twitter.com/5PEN9vityY
Continua após a publicidade— Jose Piñas (@joxepinas) November 9, 2020
Como explicamos anteriormente, não existem leis que especifiquem sobre os tais códigos de vestimenta, normalmente usados para justificar tais atos de intolerância, preconceito e machismo. O Dress Code é uma questão contratual estabelecida pela instituição em questão, mas não pode ser pautado nem compactuar com crimes como o racismo, a homofobia e as violências contra a mulher.