Por que sofrer um ‘ghosting’ pode ser mais dolorido do que fim de namoro
Sim, "terminar" com ficante, às vezes, dói mesmo. E tem toda uma explicação emocional e até biológica para isso
Existe “terminar” com ficante? Mas aí o status vai de solteira para solteira? A situação, que é confusa mesmo, gera vários memes na internet – mas também muito sofrimento na vida real. Parar de conversar, sair e ficar com alguém que você está se envolvendo e curtindo, mesmo que sem compromisso, gera uma quebra de expectativas e pode deixar no ar muitos planos para o futuro. E quando essa relação acaba porque o outro simplesmente sumiu, a sensação é ainda pior.
Se isso está acontecendo com você, a primeira coisa que precisa saber é que você não está fazendo “papel de trouxa” por estar sofrendo por algo que não tinha sido oficializado. Na verdade, esse sofrimento pode até ser explicado, viu?
A psicóloga Maria Teresa Becker, especialista em relacionamentos, explica que nesses casos não acontece apenas uma queda de expectativas no âmbito emocional, mas tem toda uma questão física e química envolvida. “No começo, quando a paixão e o desejo estão ardentes, a dopamina fica lá em cima. Quando acontece essa decepção, ela cai bruscamente, trazendo um sofrimento muito maior”, diz a especialista à CAPRICHO.
A dopamina é um neurotransmissor responsável por levar informações do cérebro para as várias partes do corpo. Ela é conhecida como um dos hormônios da felicidade, já que traz uma sensação muito boa de prazer e satisfação. O aumento dela, que acontece na fase da paixão, chega a ser parecido com o vício em drogas, como a cocaína. Louco, né? Mas, é por isso que, quando essa troca apaixonada acaba, sentimos uma espécie de dependência e abstinência.
Isso explica também por que “terminar com um ficante” pode gerar mais sentimentos negativos do que o fim de um longo relacionamento. “Quando as duas pessoas não estão com seus valores alinhados parece que o relacionamento de anos fica patinando no mesmo lugar. Aí quando acaba, traz até uma sensação de alívio”, explica a psicóloga.
Além disso, existem casos que as duas pessoas elaboram juntas o fim desse relacionamento sério. Já quando o ficante dá um ghosting, a outra pessoa fica sem entender e fica muito mais difícil de elaborar o fim deste ciclo. (Vale ressaltar aqui que cada relação tem suas particularidades e não estamos falando aqui de relacionamentos sérios que foram tóxicos e deixaram um monte de traumas, certo?)
Mas, em geral, faz sentido, né? Então, para de se culpar por sentir tanto e busque distrações e ficar cercada de gente legal – isso vai ajudar a superar o que não deu certo.
O que é a prática do ‘ghosting’
Imagine o seguinte cenário: você tem uma relação alguém, vocês constroem um laço e, de repente, a outra pessoa some, não manda mais mensagens ou chega até a impedir qualquer tentativa de contato com você. Difícil, né? Mas tem sido mais comum do que imaginamos.
Essa atitude de sumir e se retirar da vida de alguém sem dar nenhuma explicação tem nome: ghosting. O termo em inglês tem uma relação direta com a palavra “ghost”, que é fantasma em inglês. Junto com o prefixo “ing”, ela se torna uma ação que, no português, podemos traduzir por “dar um perdido”, “dar um chá de sumiço”, por exemplo.
E faz sentido essa tradução, né? Porque a pessoa realmente some da sua vida, do seu dia a dia, se tornando praticamente um… fantasma. E apesar dessa postura ser obviamente um vacilo – afinal, né? que custa conversar? -, é mais frequente e normalizado e pode causar decepções, traumas e por aí vai.