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Por que só o seu banho curto não vai salvar o meio ambiente

Isso não significa que você não deva fazer sua parte, viu? Mas é preciso construir um plano a longo prazo para todos

Por Juliana Morales 6 jun 2023, 17h22
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esde bem pequenininhos, quando aprendemos sobre questões do meio ambiente e mudanças climáticas, incorporamos a nossa responsabilidade de ajudar o planeta. Tomar banho rápido, reciclar o lixo, plantar árvores. Todas essas atitudes são, sim, necessárias – mas, muitas vezes, a nossa galera acaba sofrendo uma pressão muito grande para “salvar” o mundo e resolver todos os problemas criados até hoje (vocês sabem bem, né, leitores de CAPRICHO?).

A verdade é que esse debate deve ser mais amplo e realista. Cristal Muniz, ativista, influenciadora e que faz parte de um movimento chamado “lixo zero”, defende a ideia de uma sustentabilidade para nós e para o planeta. “Precisamos achar um equilíbrio, para fazer coisas que são legais para o planeta, que vão gerar menos lixo e gastar menos água, por exemplo, mas que seja uma rotina que conseguimos sustentar, sem nos sobrecarregar”, explica durante um papo com a gente.

Como buscar esse equilíbrio?

Essa reflexão surgiu da sua própria experiência. Cristal, que é formada em designe gráfico, decidiu parar de produzir lixo em 2014, após ler o blog Trash is for Tossers (Lixo é para idiotas, na tradução livre), da ativista ambiental americana Lauren Singer. Ela estava morando sozinha e, apesar de nunca ter sido consumista e sempre ter se preocupado com reciclagem, ela percebeu o tanto de lixo desnecessário que era produzido só para fazer coisas básicas, como comer ou limpar a casa.

Inspirada no movimento lixo zero, passou a substituir os descartáveis por produtos reutilizáveis, carregando sempre com ela copos e guardanapos de pano. Adquiriu uma composteira, que transforma o lixo orgânico, como sobras de comida, em fertilizante e adubo natural. E também começou a fazer compras por granel (levar no mercado ou na feira seus próprios saquinhos ou recipientes e pegar a quantidade de comida que deseja para evitar desperdícios).

Tudo que foi testando e aprendendo sobre o tema passou a compartilhar no seu blog Uma vida sem lixo – título faz uma referência divertida com o blog Um Ano Sem Zara, que a produtora de conteúdo Joanna Moura ficou um ano sem comprar roupas.

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O site, que rendeu prêmios e muitos seguidores, continua sendo atualizado regularmente, com várias receitinhas de produtos de limpeza ou cosméticos e outras pautas contra o desperdício e já virou livro, viu?* Mas com o passar do tempo, ela entrou em outras fases da vida, começou a cursar outra faculdade – agora em Nutrição –, sua rotina mudou e ela não tinha tanta disponibilidade como antes.

Não sou uma farsa nem estou mentindo na internet, mas sou humana e, nesse momento, não estou conseguindo segurar todos os pratinhos e tive que deixar algumas coisas de lado.”

Além disso, a pandemia mexeu com a vida e saúde mental de todo mundo. Cristal conta que se antes a sua prioridade era não produzir lixo, em tempos difíceis como foi a crise sanitária da covid-19, seu foco passou exclusivamente ficar bem. “Eu precisei fazer escolhas que geravam muito lixo, como pedir comida, já que não conseguia cozinhar e essa era única maneira de me manter forte”, relembra.

“Cheguei num ponto que me sentia muito culpada por produzir lixo, o que me fazia me sentir como uma farsa. Mas, por outro lado, comecei a entender a complexidade sobre a questão ambiental e isso me fez até questionar algumas atitudes minha”, conta.”Existe um lixo invisível, que faz parte da cadeia produtiva dos produtos, e que está fora do nosso controle”, explica.

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Muitas vezes, você olha para a lixeira e não vê nenhum produto descartado, mas ele pode estar sendo substituído por um eletrônico, por exemplo, que envolve mineração e tem um impacto enorme no meio ambiente, entendeu?

Isso não significa que você não deva fazer sua parte, viu? Ela é muito importante, inclusive. Mas também é preciso ter em mente que a responsabilidade não é só sua, ou da geração mais nova. Cabe também ao poder publico, ao setor privado, ao agronegócio trabalhar nesse sentido. E nós podemos até cobrá-los sobre isso.

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Vem ver algumas ações simples e possíveis que você pode incorporar no seu dia a dia, pensando em uma sustentabilidade para a sua rotina e para o planeta.

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Comece pelo básico e gere diálogo

Para Cristal, reduzir os descartáveis é um ótimo primeiro passo. Já que é “um tipo de lixo muito inútil”, que normalmente não vai ser reciclado, e tem muitas soluções viáveis (e fáceis) para substituí-los. No caso das pessoas que menstruam, por exemplo, trocar o absorvente descartável por um coletor menstrual, calcinha absorvente ou um absorvente de pano – vale testar as diferentes opções e ver como se sente mais confortável.

Outro exemplo e que pode ser aplicado por todos é montar o que ela chamou de “kit lixo zero”, para levar na bolsa sempre que sair. Nele, é interessante ter um copo ou uma caneca, talheres e guardanapo de pano. “Isso é muito legal, não só porque reduz o lixo, mas também pode ser uma forma de incentivar as pessoas ao redor de pensarem nisso, gerando conversa e ganhando aliados”, diz.

“Muitas vezes, o produto mais consciente que você pode consumir é não consumir nada.”

Olhe para a sua rotina na hora de buscar soluções

É importante ter em mente que o consumo está muito ligado à rotina individual de cada pessoa. O fato de ser jovem ou não, de ter filhos, de morar sozinho, com os pais ou em república, usar maquiagem ou não: todas essas variáveis influenciam muito no tipo e quantidade do lixo produzido.

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A dica da Cristal nesse sentido é perceber qual o tipo de resíduo mais te gera incômodo e buscar uma solução para ele. “Lá no comecinho, a grande quantidade de lixo orgânico que eu produzia na cozinha me incomodava muito. Então, comprei uma composteira para lidar com ele”, conta.

Só não recicle “culpa”, tá?

Querer ajudar o planeta e fazer parte da mudança é uma vontade nobre, mas é preciso entender seus limites, até para isso não causar uma eco-ansiedade. Cristal reforça a importância de compreender que a vida é feita de fases e que em algumas você vai ter disponibilidade para fazer mais pelo planeta do que em outras. E está tudo bem.

“Se você está fazendo a sua parte, mesmo que ela seja não perfeita como você idealizou, ela é o melhor que você pode naquele momento”, diz Cristal. “Afinal, é melhor que muitas pessoas façam 10% do que uma só faça 100%”, conclui.

*As vendas realizadas através dos links neste conteúdo podem render algum tipo de remuneração para a Editora Abril.

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Comportamento
Por que só o seu banho curto não vai salvar o meio ambiente
Isso não significa que você não deva fazer sua parte, viu? Mas é preciso construir um plano a longo prazo para todos

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